Apertem os cintos, o Brasil ainda não sumiu

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  • Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (Airplane, EUA, 1980) nunca foi nenhuma comédia genial de Billy Wilder. Plot desvairado – avião à deriva – decola em rasante comédia na qual tudo acaba em tropel de gargalhadas. Saímos do cinema com a sensação de que a vida é grande piada. E é. [Pena que nos levemos demais a sério – e não somos nada, apenas pó, macacada!]

A situação calamitosa – (mas não insuperável, o Brasil viveu perrengues de igual porte, e sobrevivemos) – que o país atravessa é simulacro surrealista da situação vivida pelos personagens  dessa tresloucada comédia americana. Há, tal e qual no filme, necessidade imperiosa de entrarmos em pânico. Mas, ao contrário dessa trama cinematográfica maluca, o pathos que o outrora florão da América insiste em aspirar é o de tragédia – quiçá, sem sobreviventes. Diagnóstico:  pulsão de morte e vitimização profunda, diria Freud, coberto de razão.

Masoquistas somos todos – fato – e desejamos, com ardor, que o país se foda, como se a debacle da pátria ora desamada não nos levasse a todos para o inferno. Nas redes sociais, onde a lei da selva real é nada diante da lei da selva virtual, pânico na veia é mais inebriante que opiáceos de alto poder de fogo.

Dona Culpa é nossa segunda pele, logo nos é familiar desde os primeiros balbucios bíblicos, logo caímos em armadilha que nós mesmos urdimos. Quem elege esses apedeutas e escroques que estão aí no atual ‘tripoderato’? Quem elegerá os apedeutas e escroques que ocuparão o futuro ‘tripoderato’? Nós, caras-pálidas patuscos que somos!

Incendiamos a panela que vai nos cozinhar. Menos, camaradas de todos os matizes ideológicos ora em processo! Mergulhemos nas drogas legais e, se necessário, nas ilegais. Assistamos sem parar aos filmes da Netflix! Marijuanemos de novo. Relaxemos o cóccix!

Apocalipse não é carnaval da Bahia, como alguns incautos podem crer. Não sigamos todos para o mesmo lado da embarcação, afundaremos todos. Calma! Estamos desacostumados com as graaaandes tragédias. Acreditamos ser este país tropical abençoado por Deus, e Deus não tem nada a ver com o nosso fracasso como nação. O país fez escolha – ser macunaímico. Agora enfrentemos as responsabilidades!

A única coisa a valer a pena nessa panaceia política, social e humana na qual o país afunda é o substantivo abstrato DEMOCRACIA. A eleição de 7 de outubro é mais uma eleição depois de 24 anos da ditadura draconiana que afundou o país no caos e ceifou milhares de vidas – e que nazista algum vai trazer de volta. Chega de histeria! Às urnas em paz, folks! Que votemos no menos ruim!

Ou cada cidadão cumpre o dever cívico de não entrar em pânico, de não enfiar o dedo no olho do próximo, de não pisar no pescoço da mãe para conquistar cargo público, ou nos mataremos todos. O que nos falta é caráter!, ribombava  vovô Oswald de Andrade. Ca-rá-ter! Ou quem quiser cortar a própria jugular que o faça – eu não! Nem embora pra Passárgada eu vou. Ao contrário de São Manoel Bandeira lá eu sou inimigo do rei.