Apesar de restrições, moradores de Massaranduba e Uruguai comemoram São João antecipado

Medidas regionalizadas de combate ao coronavírus nos bairros começaram nesta segunda (25)

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  • Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2020 às 20:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Nem as medidas regionalizadas que passaram a valer nos bairros de Massaranduba e Uruguai nesta segunda-feira (25) impediram a população dos locais a aproveitar a antecipação do feriado de São João - a data cairia em 24 de junho, mas foi puxada para a terça (26). A música junina e o povo aglomerado bebendo licor deixava claro o clima de festa.

“Aqui no bairro o movimento tá todo igual. Pelo feriado também as pessoas saíram mais de casa”, disse o ambulante Fábio Ferreira, 36 anos, que mora em Massaranduba.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a Massaranduba tem 44 confirmados da doença, com 11 curados. Por sua vez, o Uruguai tem 67 casos e 22 curados em seu território. A princípio, as restrições nos bairros vão até 31 de maio.

No Uruguai, o funcionário público André Caldas, 57, percebeu uma redução no movimento na rua que leva o nome do bairro, mas nega que a medidas restritivas tenham surtido efeito por toda a região. “Tem muita gente no bar bebendo. A fiscalização não foi nas ruas de trás, onde tá tudo aberto”, disse.

No local, o CORREIO avistou um baba na quadra, moradores jogando dominó e outros com chapéu de palha bebendo com os amigos. Nem todos usavam máscara. Em meio aos que desrespeitam o isolamento, algumas pessoas que passavam de carro gritavam “vai para casa” pelas ruas do bairro.  

Antes da antecipação dos feriados, o movimento era ainda maior pelo Uruguai, contou o morador Rodrigo Cerqueira, 37. “Por aqui, as pessoas não estão entendendo ou não querem entender que existe a doença. O fluxo de pessoas é absurdo, até acho que aumentou mais porque já existia um boato pelo bairro de que as coisas iam fechar e aí as pessoas começaram a sair mais”, disse.

O vai e vem nas ruas também preocupa os moradores de Massaranduba, que observam o descaso dos vizinhos com o isolamento social. O técnico em refrigeração Jobson Alves, 46, mora no bairro e acredita que era realmente necessário aplicar medidas mais duras no local. “Foi bom porque a galera fica na rua o tempo todo. O pessoal fica se expondo sem precisar. Eu fico preocupado porque tenho que ir trabalhar e posso me infectar pela falta de cuidado do outro”, disse enquanto desviava de crianças sem máscaras que brincavam na rua. Lojas do Uruguai fecharam no primeiro dia de medidas regionalizadas no bairro (Nara Gentil/CORREIO) Apesar das festas, o comércio dos locais fechou suas portas. De acordo com comerciantes da região, alguns ambulantes e lojas até abriram nesta segunda, mas foram fechadas após visita dos agentes da prefeitura.

O pintor Sidmar da Silva, 38, percebeu que o Massaranduba estava mais vazia nesta segunda. “Tava muito cheio, já teve uma melhorada. Antes era vida normal, mas hoje que o pessoal tá começando a ver a realidade da doença”, ponderou.

Comércio Quem vive do comércio, entretanto, se preocupa com a suspensão das atividades por sete dias. O vendedor ambulante Fábio Ferreira disse que vai continuar colocando o carrinho de lanches na porta de casa em Massaranduba para trabalhar. “Eu logo pensei que é complicado ficar sete dias sem trabalhar”, disse.

No Uruguai, os ambulantes também questionam a forma que a medida foi tomada, para eles faltou um aviso com mais antecedência para que todos pudessem se preparar. “Eu gostei da medida, o prefeito está de parabéns pela decisão. Mas a gente deveria ter sido avisado antes porque não sabíamos que tudo ia ser fechado nessa rapidez”, disse Josué Reis, 56.

Vendedor de artigos de higiene pessoal, como pasta de dentes, João Carvalho, 60, foi notificado para parar de trabalhar no Uruguai pelo período. Com isso, ele calcula perder mais de R$ 1 mil em vendas. “Como vou ficar com três filhos e uma esposa em casa? Eu preciso vender, como vai ficar para a gente? Vamos viver só de cesta básica?”, questiona apesar de reconhecer que a medida era necessária para reduzir os números da doença no bairro.

A loja de utilidades de Genivaldo Lima, 51, no Uruguai também fechou nesta segunda. Ele acredita que vai sofrer muito com a decisão e esperava um debate maior entre a prefeitura e os comerciantes locais. "A gente deveria receber desconto de impostos pelo tempo que vamos ficar fechados. A decisão foi boa pois entre a saúde e o dinheiro, a saúde sempre deve vir em primeiro lugar. Entretanto, a medida podia ter sido aplicada de uma forma melhor. Agora, no fim do mês, por exemplo, complica ainda mais por ser a época que o comerciante junta o dinheiro para pagar os funcionários", comentou.

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco