Apesar do desemprego, vulnerabilidade social reduz na Região Metropolitana de Salvador

Indicadores foram divulgados na tarde desta segunda-feira (05) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

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  • Alexandro Mota

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 15:14

- Atualizado há um ano

Em dez anos, a Região Metropolitana de Salvador (RMS) foi a que mais reduziu as taxas de mortalidade infantil no Brasil, teve crescimento de 202% no seu Produto Interno Bruto (PIB), embora, também no mesmo período, se tornou a 2ª Região Metropolitana (RM) com os piores indicadores de renda e emprego do país. No cenário nacional, a RMS precisa também melhorar a oferta no serviço de coleta de lixo. Os dados compreendem os anos de 2000 e 2010 e foram divulgados na tarde desta segunda-feira (05), em São Paulo, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O diagnóstico do Ipea para o período de 2000 a 2010 é otimista, apontando a redução da vulnerabilidade social em todas as 16 RMs analisadas no comparativo entre os dois anos. O relatório, divulgado nesta segunda-feira, é um desdobramento de uma versão sobre as cidades brasileiras, divulgado em setembro, que já havia apontado as melhorias, embora a Bahia ainda tenha 106 cidades classificadas com Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) muito alto e outras 228 com vulnerabilidade alta. A RMS saiu da faixa de alta vulnerabilidade social e agora ocupa uma posição de vulnerabilidade média(Gráfico: Reprodução)No período de dez anos, a RMS teve uma redução de 22,6% no Índice de Vulnerabilidade Social, saindo de 0,477 para 0,369 (quanto mais próximo de 1, maior a vulnerabilidade). Trocando em miúdos, a região, composta por 13 municípios, deixou a faixa de alta vulnerabilidade social e agora ocupa uma posição de vulnerabilidade média. Fazendo um comparativo dos índices de melhorias, Salvador ficou na 13ª posição - lembrando que o Ipea fez o diagnóstico apenas com 16 regiões metropolitanas brasileiras.

Para o Ipea, a vulnerabilidade social aponta a ausência ou insuficiência de recursos ou estruturas (fluxo de renda, condições adequadas de moradia, acesso a serviços de educação, dentre outros) que deveriam estar à disposição de todo cidadão. “As vulnerabilidades sociais decorrem de processos sociais amplos, contra as quais o indivíduo, por si só, não tem meios para agir; e cujos rumos, só o Estado, através de políticas públicas, tem condições de alterar”, informa, no relatório, o instituto, que é vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Os dados do Atlas da Vulnerabilidade Social, do qual o IVS faz parte, são gerados a partir dos microdados dos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). PerfilA taxa de crescimento da população da RMS, entre 2000 e 2010, foi de 1,37% ao ano, superior à média nacional (1,17%). O grau de urbanização da RMS em 2010 foi registrado em 98,10%. Nesse período o PIB cresceu em 202%, saindo de R$24,97 bilhões para 75,61 bilhões. O PIB per capita, que considera o número da população, saiu de R$8 mil para R$21,15 mil. O crescimento no PIB da Grande Salvador acompanha uma tendência nacional, a mediana da variação registrada no período é de 239%.Houve também redução na desigualdade social ao analisar cada Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH), que são recorte do território em bairros ou em parte de bairros. “Ao analisar o nível de desigualdade do IVS entre as UDHs da RM de Salvador, percebe-se que, em termos absolutos, a diferença entre o menor e o maior IVS, no ano de 2000, era de 0,693, caindo para 0,510, em 2010, em uma variação de 26,4%”, afirma trecho do relatório. Os valores mais altos de IVS são encontrados nas UDHs localizadas em municípios como Candeias, São Sebastião do Passé, Madre de Deus, Simões Filho e na capital.

Entre os indicadores de Capital Humano, a Região Metropolitana de Salvador se destaca com a maior redução de mortalidade de crianças de até um ano de idade, passando de 40 mortes por mil nascidos vivos em 2000, para  16 mortes por mil nascidos vivos em 2010. Houve redução nesse indicador em nove das 16 RMs analisada. Seguindo a tendência das demais regiões metropolitanas pesquisadas, os melhores indicadores de redução foram no IVS Capital Humano (32,3%) e Renda e Trabalho (26,43%).Emprego e RendaApesar da melhoria no tópico Renda e Trabalho, a RMS ainda é a 2ª Região Metropolitana com os piores indicadores (com 0,332). No ranking dos maiores IVS Renda e Trabalho, a RM Recife (0,385) está em primeiro lugar. A taxa de desocupação foi o que mais contribuiu para melhorias no indicador Renda e Trabalho nas RMs avaliadas, Curitiba, por exemplo, conseguiu reduzir de 13% para 4%.  Salvador e seu entorno fechou 2010 com a taxa de desocupação em 13%, a segunda maior, atrás apenas da RM Recife (13,49%).InfraestruturaA RMS piorou na posição que verifica o percentual da população que vive em domicílios urbanos com serviço de coleta de lixo. Apesar de ter reduzido em 53,3% esse indicador, quase todas as demais RMs fizeram reduções muito mais expressivas, fazendo com que a Grande Salvador saísse da 8ª para a 3ª pior posição das RMs estudadas em relação ao serviço de coleta de lixo. Salvador não acompanhou os índices de melhorias das demais RMs, que chegou a 89% de melhoria em dez anos na RM Goiânia.A dimensão infraestrutura urbana foi a que registrou os menores progressos em todas as 16 pesquisadas, embora não tenha havido casos de aumento da vulnerabilidade. A Grande Salvador tem o 4º pior indicador do IVS Infraestrutura, estando a frente apenas para a Grande São Luís, RM Manaus e RM Recife. A RMS foi ultrapassada pela RIDE Distrito Federal e Entorno, que em 2010 ocupava a posição mas apresentou melhorias.