Aplicativo mapeia terreiros e grupos de religiões de matrizes africanas no Rio

A ferramenta busca fortalecer a cultura afro criando um ponto de convergência e informação

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  • Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2021 às 19:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A plataforma “Igbá – Heranças Ancestrais” foi lançada com o objetivo de criar uma rede entre os seguidores de religiões de matrizes africanas no estado do Rio de Janeiro. O projeto foi liderado pela ialorixá Mãe Márcia D’Oxum, do terreiro Egbé Ilê Iyá Omidayê Axé Obalayó (dedicado aos Orixás Oxum, a Mãe da água do mundo, e Xangô, o Rei que nos traz alegrias), localizado no município de São Gonçalo.

A ialoríxa teve o apoio da sua filha Arethuza de D’Oyá e conseguiu lançar o app com recursos da Lei Aldir Blanc, promovido pela Secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa.

A plataforma reúne cerca de 300 pessoas e 150 terreiros cadastrados, de acordo com a Veja. Lançado há pouco mais de 2 meses, a ferramenta ainda permite o cadastramento de eventos, grupos de afoxé, capoeira, blocos afro e pontos de baianas de acarajé.  

Segundo o dado mais recente do IBGE (2010), apenas 2% da população brasileira segue religiões de matrizes africanas, no entanto, para Mãe Márcia D’Oxum, essa fatia é bem maior. Foi pensando nisso que surgiu a ideia do Igbá.

“Acreditamos que esse número seja muito maior. Sabemos que muitas pessoas acabam às vezes se escondendo ainda por medo de sofrer o racismo e a intolerância. Por isso, o aplicativo é também uma forma delas mostrarem quem realmente são”, disse Arethuza D’Oyá. 

Além desse projeto, a ialorixá Mãe Márcia comanda o projeto social “Matrizes Que Fazem” e o evento “Presente de Iemanjá”, considerado patrimônio de natureza imaterial e religiosa em São Gonçalo. Sua luta é pela defesa de novas políticas públicas de proteção a essas comunidades e o apoio à cultura afro.

“Queremos dar visibilidade às comunidades tradicionais e combater a intolerância principalmente por meio do conhecimento. E esperamos que a iniciativa seja adotada, não só no Rio, como também em outros locais do país.”, afirmou Arethuza. 

Os planos para o novo aplicativo são muitos. Foi feita uma parceria com a Secretaria estadual de Turismo (Setur), para fazer com que os hotéis do Rio passem a incentivar os turistas a baixarem e usarem a plataforma. Para facilitar o acesso, os conteúdos estão disponíveis tanto em português como em inglês.

Futuramente, as idealizadoras irão transformar a plataforma também em um canal de denúncias para casos de intolerância religiosa. O projeto está sendo conduzido em parceria com a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro.

O aplicativo já está disponível para os celulares Android e iOS.