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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2022 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Uma enorme cortina de fumaça em meio ao sol escaldante. Foi como a vendedora ambulante Joana Conceição, 56 anos, descreveu a cena vista por ela no Galpão 3 do Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) em chamas. Na madrugada de quinta para sexta-feira (15), um incêndio de grandes proporções atingiu o espaço, localizado no Comércio, em Salvador.>
Joana trabalha em frente ao Restaurante Popular, próximo ao local do incêndio. Ainda sem saber o que estava acontecendo, recebeu uma ligação de sua sobrinha pedindo para que não fosse trabalhar, por causa da fumaça que tomou conta do entorno. Contrariando o pedido, ela seguiu para o local e diz ter se surpreendido com a imagem que presenciou. >
“Eu fui sabendo o que estava acontecendo, mesmo assim, foi um susto muito grande chegar aqui e ver como tudo estava cheio de fumaça, muito difícil de respirar, e como tudo estava vermelho por dentro”, conta Joana.>
O fogo foi percebido por vigilantes, que acionaram a emergência. Devido à extensão do incêndio, dez viaturas do Corpo de Bombeiros precisaram atuar no combate às chamas. Além disso, três navios rebocadores usaram bomba para sugar a água do mar, na tentativa de controlar o fogo. A força da água foi tamanha que atingiu e danificou a estrutura de outros prédios do entorno. >
De acordo com o engenheiro João Carlos Palma, da Defesa Civil de Salvador (Codesal), o galpão continha uma grande carga de celulose, produto altamente inflamável. “As chamas estão fechadas numa área, assim, não se espalham para outros galpões. Foram usadas retroescavadeiras e outros maquinários para a retirada das cargas (celulose) que ficaram intactas”, disse. >
Com o incêndio, parte do teto desabou e a estrutura do Galpão 3 inchou, ameaçando ruir toda a construção. Por causa do fogo, o trânsito nas duas pistas que passam em frente ao local também precisou ser interditado em parte da Avenida da França. Não houve registro de feridos.>
Processo para obter alvará ainda está em análise O Corpo de Bombeiro classificou o incêndio como controlado após nove horas de trabalho. O comandante-geral da corporação, Adson Marchesini, informou que o Galpão 3 não tem o alvará de vistoria dos bombeiros. Segundo ele, a companhia deu entrada com o projeto para garantir o Auto de Vistoria, mas o processo ainda está em tramitação. >
“A primeira informação que tenho é que eles estão em andamento com esse processo. Deram entrada para a aprovação do projeto, que é o primeiro passo para ter o alvará”, destacou. Ainda de acordo com ele, o documento atesta que a edificação tem sistema pronto de combate a incêndios e “está segura para evitar risco de perdas humanas”. >
Procurada, a Codesal informou que, com a instituição da lei de incêndio, a responsabilidade da aprovação do auto de vistoria deixou de ser responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) e passou a ser do Corpo de Bombeiros, que tem um setor específico para esse caso. >
O CORREIO entrou em contato com a Codeba para saber mais informações sobre o processo, mas não teve resposta até o fechamento desta reportagem, às 23h de sexta (15). A causa do incêndio ainda não foi definida, trabalho que será feito através de perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Sabe-se, porém, que devido à intensidade do fogo, o galpão deve ser demolido. Conforme a Codesal, mesmo controlado, as chamas podem retornar. *Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>