Após pedido de Bolsonaro, grupo invade hospital com pacientes de covid-19 no Rio

Testemunhas contam que vândalos danificaram equipamentos e gritavam pedindo para checar leitos; prefeitura diz que eram parentes de pessoa que morreu de covid

Publicado em 12 de junho de 2020 às 18:49

- Atualizado há um ano

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Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, zona norte do Rio por Foto: Prefeitura do Rio/Divulgação

Um dia após o presidente Jair Bolsonaro pedir, durante uma live, que apoiadores invadam hospitais para filmar supostos leitos vazios, um grupo formado por pelo menos cinco pessoas entrou no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, unidade de referência no tratamento da covid-19 no Rio, e provocou confusão em alas restritas a médicos e pacientes. As informações são do jornal O Globo.

A situação ocorreu na tarde desta sexta-feira (12) e, de acordo com relatos de profissionais, uma mulher, pertencente ao grupo, muito alterada, teria chutado portas, derrubado computadores e até tentado invadir leitos de pacientes internados.

Ainda de acordo com fontes do O Globo, as pessoas seriam parentes de uma pessoa que morreu por coronavírus na unidade pela manhã. Revoltados, eles gritavam, pelo 5º andar da unidade, que tinham direito de verificar os leitos, para ver se estavam mesmo ocupados, e por vezes, ainda segundo relatos de quem presenciou tudo, também gritavam: "Mentira! mentira!"

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Uma enfermeira, que cuidava de uma paciente idosa, precisou usar uma cadeira e forçar a porta para conseguir impedir que uma das pessoas invadisse o quarto. A confusão só teria terminado quando Guardas Municipais interviram e retiraram os manifestantes.

"Escutei gritos, achei que era algum paciente que estava com algum tipo de surto psiquiátrico. Foi quando uma mulher passou correndo no corredor e começou a chutar e gritar, chutando as portas dos pacientes que estavam na enfermaria", contou uma testemunha, sem se identificar.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio esclareceu que o que ocorreu foi um tumulto causado por cinco pessoas de uma mesma família que, desesperadas ao receberem a notícia da morte de uma parente internada no local – uma senhora de 56 anos, ocorrida nesta manhã – entraram alteradas na unidade, quebraram uma placa de sinalização e bateram uma porta, causando danos.

A pasta acrescentou ainda que vigilantes, guardas municipais de uma viatura que fica baseada no hospital e integrantes da equipe assistencial ajudaram a contornar a situação. Uma das pessoas da família, uma mulher, precisou ser medicada para se acalmar.

"Eu não sei como conseguiram entrar. Nós temos seguranças no prédio. Não sei se algum deles estava armado e conseguiu intimidá-los... por vezes um homem chegava e falava: 'Não encosta em mim!', como se intimidasse as pessoas", relatou um profissional."Foi desesperador. Todos gritavam para que eles não entrassem nos leitos. Estávamos numa situação em que só pensávamos que não tínhamos como escapar", comentou outra fonte ao O Globo.Em uma das imagens mostradas por quem testemunhou a confusão, é possível ver que uma das mulheres,que precisou ser contida por guardas, deixou até os chinelos para trás. A Guarda Municipal do Rio não comentou o caso.