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Nilson Marinho
Publicado em 9 de maio de 2018 às 08:51
- Atualizado há 2 anos
Encerrou por volta das 8h o protesto de rodoviários que estava impedindo a entrada de ônibus na Estação Acesso Norte, na Rótula do Abacaxi, na manhã desta quarta-feira (9). Segundo informações do Sindicato dos Rodoviários, cerca de 60 trabalhadores participaram da ação que começou por volta das 6h. >
Os trabalhadores reivindicam 6% de reajuste no salário, 10% no tíquete-refeição, além de melhorias no terminal em relação à estrutura e também à segurança. "Os rodoviários e usuários têm reclamado de constantes assaltos e problemas na estrutura. Na entrada da estação tem um buraco e alguns ferros expostos, dando um prejuízo para os rodoviários, porque os pneus furam e quem paga a avaria é o trabalhador", explicou o assessor de comunicação do sindicato, Hugo Brito.>
Os motoristas e cobradores que trabalham no Acesso Norte cobram também a construção de um local para o estacionamento dos veículos. Muitos coletivos, de acordo com a categoria, por falta de um local adequado, são estacionados nas baias. "Não temos lugar para estacionar e os ônibus acabam ficando no meio do terminal. Também queremos a construção de uma lanchonete. A segurança também anda precária, não só aqui, mas em qualquer lugar", afirma o cobrador Roberto Ferreira, 45.>
Atrasos Diariamente no terminal passam 32 linhas, com 160 ônibus. O produtor musical Claudan Miranda, 43 anos, precisava chegar no trabalho, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), às 8h. Da estação Acesso Norte, pegaria um ônibus até a cidade vizinha, mas o engarrafamento, causado pelo protesto dos rodoviários, fez com que ele ficasse preso no engarrafamento já na proximidades do terminal. Cansado e atrasado, resolveu descer e andar até à estação. "Mas perdi a condução. Agora vou ter que esperar um amigo meu que vai me dar uma carona até lá. Chegarei com uma hora de atraso", conta. >
O pedreiro Alício Ferreira, 58, esperou na Estação Pirajá cerca de 40 minutos por um ônibus com destino à Estação Acesso Norte. "Daqui tenho que pegar um ônibus pro meu trabalho, na Barra. Sorte que o protesto já acabou e devo chegar com apenas 20 minutos de atraso", diz.>
Por conta do atraso dos ônibus, na plataforma C, uma fila de cerca de 30 metros se formou no ponto de embarque para o bairro de Tancredo Neves. Os usuários tiveram que esperar cerca de uma hora na fila. O atraso continuou mesmo depois da liberação dos coletivos que estavam desde as primeiras horas da manhã sem entrar e sair da estação. >
A estudante de Direito Keila Rodrigues, 40, precisava estar no estágio, localizado no bairro da Tancredo Neves, às 9h. Por conta do atraso do transporte e pela longa fila que se formou no ponto, acabou desistindo de embarcar. "Agora vou ter que esperar uma outra opção de ônibus, não adianta pegar e viajar com o ônibus lotado. A fila está gigantesca, já estou atrasada, não tem muito o que fazer", diz. >
Os usuários, além de reclamarem dos atrasos, exigiam que a integração fosse feita. A integracão só pode ser feita no prazo de uma hora depois da primeira viagem. É o caso do operador de máquinas Francisco Rodrigues, 54, que voltava de uma noite de trabalho. "Cheguei cansado e tive que esperar mais de 1h. Agora, não quero ter que pagar outra passagem. O conceito da integração é desembarcar e ter um outro ônibus te esperando. Não foi isso que aconteceu".>
Posicionamento Segundo o sindicato patronal, neste momento, o setor passa por uma crise o que impossibilita o reajuste nos salários dos rodoviários e o aumento do tiquete alimentação.>
"Tivemos cinco reuniões ao longo do mês, mas só tivemos impasses. Estamos tentando nos equilibrar economicamente", informou o assessor de Relações Sindicais do Sindicato das Empresas de Transporte Público de Salvador (Setps), Jorge Castro. >
Ainda de acordo com ele, uma próxima reunião com a categoria dos rodoviários está marcada para acontecer na sexta-feira (11).>
A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) esclareceu, por meio de nota, que há cerca de um ano e meio vem se reunindo com o Governo do Estado, no intuito de resolver o problema da área de estoque dos ônibus no Terminal Acesso Norte.>
Procurada, a CCR Metrô Bahia informou que a criação de estoque para coletivos no Terminal de Ônibus Acesso Norte não estava prevista inicialmente nas obrigações da concessionária."O projeto do Terminal, tal como implantado, foi aprovado à época pelas autoridades competentes. A implantação do espaço reivindicado pelos rodoviários (estoque de ônibus) depende de avaliação e definição pelas autoridades competentes", informou em nota.>
A CCR afirmou ainda quea estrutura do equipamento conta com banheiros e copa exclusivos para uso dos rodoviários em serviço, a fim de garantir a comodidade dos profissionai e que não há registros de assaltos a rodoviários nas dependências do terminal.>
"A segurança no local é feita por 18 Agentes de Atendimento e Segurança (AAS) que realizam rondas periódicas, além do reforço de 34 câmeras de monitoramento integradas à Sala de Supervisão Operacional (SSO) do terminal e ao Centro de Controle Operacional (CCO) da concessionária", acrescenta a nota.>
Confira a nota na íntegra A Semob lembra, ainda, que a Estação foi construída sem a previsão de área para estoque de veículos, o que dificulta a operação do serviço. Vale ressaltar que a administração do Terminal é de responsabilidade da CCR Metrô Bahia, por força de concessão com o Governo do Estado e, durante as inúmeras reuniões realizadas com o Município, a empresa se comprometeu adequar a área do estacionamento para o funcionamento do estoque regulador dos ônibus, o que ainda não aconteceu. >
Com isso, a Semob interditou duas plataformas na Estação para estoque provisório dos ônibus, o que tem comprometido a operação na Estação. A Semob informa que cabe ao Governo do Estado a adequação da área do estacionamento para o funcionamento do estoque, para que seja normalizada a operação no Terminal.>
Além disso, os rodoviários estão em campanha salarial, que tem como data base o mês de maio e o município vem acompanhando e monitorando as negociações entre as partes.>
*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier>