Aprenda a ouvir 'não'; negativa pode impulsionar sua a carreira

Ouvir 'não' é difícil, mas os especialistas afirmam que elas podem ajudar a aprimorar e conquistar metas profissionais

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva

Ao longo da carreira, o ator Herbert Leão,30 anos, já ouviu e ainda ouve muitos “nãos”. “Foram muitos testes para publicidade, cinema, TV, teatro e, muitas vezes, a negativa ainda chegava acompanhada de frases como ‘você não é bom o suficiente’. Isso mexia com a minha autoestima e eu me perguntava onde estava o erro”, conta. 

Na verdade, mais que um constrangimento, os ‘nãos’ podem servir como mola propulsora para as carreiras, possibilitando melhorar aspectos que precisam ser incrementados. O Correio reuniu dicas de como transformar negativas em ferramentas de superação pessoal e profissional.

Com o tempo e  a experiência, Herbert, por exemplo, percebeu que investir em projetos pessoais pode ser algo bem mais gratificante. “Hoje, eu vou em busca do sim, porque aprendi que o ‘não’ eu já tenho do mercado. Busco conhecer mais sobre minha área, me engajar na pesquisa e reverter o quadro das negativas com profissionalização”, afirma.

 Molas propulsoras 

Com 20 anos de atuação no mercado de carreiras, o diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e sócio diretor da Opus Human, Wladimir Martins, também já ouviu muito ‘não’, mas o trabalho mostrou que as negativas não devem e não podem paralisar o profissional, especialmente se ele acredita nos prórios sonhos. “Embora seja muito difícil ouvir negativas e ser rejeitado, é preciso se perguntar o que gerou o ‘não’ e,  partir daquela experiência, melhorar o produto ou serviço a ser oferecido”, ensina, destacando que a perda de uma oportunidade não significa que não existam outras iguais ou melhores. A volta por cima reside em não ceder ao desânimo.

Para ilustrar a sua fala, Wladmir, que atua como coach de carreiras, lembra que Walt Disney e os Beatles, antes de alcançarem o sucesso mundial, foram tidos como incapazes e só alcançaram o topo por transformar as negativas em desafios para seguir com o sonho.

“A escritora Joanne ‘Jo’ Rowling, conhecida pela série de livros Harry Potter, antes de se tornar um fenômeno de vendas, amargou crise financeira e pessoal”, completa o coach, ressaltando que ela saiu da pobreza para a riqueza em apenas cinco anos, período em que se tornou uma personalidade influente e citada pelas revistas Times e Forbes.

 Persistência 

O microempreendedor Eurico Neto, 31, diz que, geralmente, já sai de casa com o ‘não’ na mochila. “Pelo meio do caminho vou transformando  em um talvez ou um sim”, afirma, rindo das adversidades que já enfrentou. 

Quem o vê hoje não imagina como as negativas terminaram impulsionando a carreira e a sobrevivência do jovem que saiu de Amélia Rodrigues e chegou em Salvador há pouco mais de seis anos em busca de trabalho e crescimento pessoal. No início, a forma de garantir o sustento era atuando numa empresa de callcenter, numa rotina exaustiva. “Depois de um ano, fui demitido e fui trabalhar com a realização de eventos para pagar os estudos e garantir a sobrevivência, mas após dois anos percebi que não conseguia me manter faturando uma diária de apenas R$ 30”, conta. 

Ele diz que percebeu que estava na hora de trabalhar por conta própria e começou a estabelecer a própria clientela. “Hoje, trabalho com a RiccoNeto Cerimonial. Apesar da crise, sigo firme e forte e tenho orgulho de tudo que conquistei”, garante.

A jornalista Aní Bárbara Assis, 39, diz que já recebeu alguns ‘nãos’ pela vida. “No primeiro momento,  é impactante, principalmente quando é algo que se deseja muito, como uma promoção ou até mesmo continuar trabalhando em um determinado setor, mas quando há um objetivo, uma meta, persistir é necessário”, ensina.

Persistência não faltou para Ana Karina Dortas, 43. Depois de perder o emprego, ela investiu o tempo em fazer brigadeiros gourmets. Em algum tempo, ela estava com uma marca especializada que cresceu e ampliou a área de atuação para pastas e embutidos. Atualmente, ela atua com o marido numa empresa familiar.

Com uma postura parecida,  o empresário Alberto Silva, 37, diz que a especialização é o caminho para reduzir as chances de ouvir um ‘não’, oferecendo ao mercado ou ao contratante o que ele precisa. “As empresas contratam cada vez mais profissionais multitarefas ou multitalentos. O segredo é estar cada vez mais preparado, com mais de uma especialização e disposição para desempenhar vários papéis”, afirma.  

 Autoavaliação 

Wladimir Martins afirma que a postura de fazer uma autoanálise é fundamental para determinar o que faltou ou o que ocasionou a negativa em questão. “No final das contas, o ‘não’ termina servindo como um retorno, um feed back sobre o seu desempenho e serve para modificar o que precisa ser melhorado”, completa. 

O especialista enfatiza que, neste momento de crise econômica, é fundamental buscar motivação interior e não deixar de buscar aprimorar o produto ou serviço. “Há uma tendência de se recolher diante de negativas, no entanto, é preciso dessa força interna para quebrar crenças limitadoras, evoluir e avançar”, garante. 

Para ele, não existe hora de parar de acreditar em si e no sonho, sobreudo, se a crença na proposta existe. “A persistência precisa estar presente sempre. Se a rejeição ou a negativa foi muito pesada, a sugestão é o recolhimento, a reflexão e a ação”, conclui.