Aquela canção: compositor baiano ‘canta’ como ganhar o dobro em um mês

Veja como Pedro Gomes conseguiu faturar uma grana maior do que ganhava antes da pandemia

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  • Priscila Natividade

Publicado em 12 de julho de 2020 às 09:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo pessoal

Já pensou em ter sua história cantada? O compositor e cantor baiano Pedro Gomes já. Do início do ano até o mês de abril sempre foi o momento mais aquecido em eventos ou shows em restaurantes, e também para dar aulas e nos trabalhos de direção de arte. A pandemia, no entanto, zerou a agenda. Até o dia em que ele pegou umas ferramentas de marketing, fez um site e decidiu vender música. Isso mesmo, composições.

O tom mudou quando, em pleno isolamento social, bateu a inspiração. “Pensei que fazer músicas de histórias das pessoas poderia ser um nicho bom. Nessa pandemia eu tive muitos momentos de ócio e isso me incomodava muito”, lembra.  Canções podem ser parceladas em até 12 vezes no cartão de crédito (Foto: Acervo Pessoal) Além de criativo, o ócio rendeu, em um mês, o dobro do faturamento médio mensal que Pedro tinha com eventos, shows e como professor. “Como autônomo,  os ganhos variam. Nos primeiros meses do ano, meu faturamento médio em um mês muito bom era em torno de R$ 3 mil”, disse.

Para ganhar dinheiro como compositor, ele  levou três noites fazendo o site e gravando vídeos e ainda  apostou no tráfego pago na internet.

Antes de criar as composições,  Pedro conversa pelo Whatsapp, pega a  história do cliente e  transforma ela em uma canção, que, inclusive, pode ser parcelada no cartão de crédito em até 12 vezes.

A primeira inspiração que deu a nota  para vender  músicas, veio ainda no final do ano passado, quando ele  lançou um desafio no seu Instagram ,  abriu a caixinha de perguntas e pediu que as pessoas mandassem temas variados que ele transformaria em música. Veio todo tipo de tema e, em apenas um dia, Pedro fez 44 canções de 15 segundos cada.“Todo mundo tem algo que pode vender, mas tem uma barreira grande pra se promover. Era o meu caso até as contas serem maiores que a receita. Aí me reencontrei com esta ideia”, diz.O projeto, lançado no último mês, alcançou as paradas de sucesso na data mais apaixonada do ano: o Dia dos Namorados. De lá para cá, a demanda não parou, como conta o próprio Pedro. “Foram 13 canções em um mês. Só na semana dos namorados escrevi oito. E mais cinco músicas até agora. Tirei em uma semana quase o dobro que tirava com eventos em uma semana de demanda aquecida. O retorno financeiro foi muito legal”, afirma.

Para ele, a pandemia veio para nos provar o óbvio: há muitos anos a concentração de informação e consumo é na internet. “Quem não tinha presença online, se forçou a ter. Não existe outra opção nesse momento e acredito muito que quando isso tudo passar, vai continuar sendo assim”, completa.

Trilha sonora Pedro começou a aprender violão quando tinha 6 anos e sempre gostou muito de escrever. A primeira música veio quando tinha 14 anos e aí ele não parou mais.“A maior satisfação foi conhecer histórias de relações sólidas, bonitas, cada uma com sua dificuldade, mas com pessoas parceiras umas das outras. A gente acaba vendo muito a banalização de sentimentos, as relações rasas, de forma que parecem ser  raras as histórias de amor verdadeiro. E não são”.Entre as histórias cantadas por ele na pandemia, na grande maioria, estão a de mulheres casadas, com filhos pequenos. Pedro conheceu ainda outras histórias interessantes: “um cliente me contratou na tentativa de reatar o namoro. Não existe outra coisa que não aquela máxima de ‘meter a mão na massa’. Foram muitas noites viradas desde a concepção até a entrega de toda a demanda”, conta.

“Se eu puder dividir em uma espécie de receita essa experiência, acredito que foi a soma da oportunidade  mais a apresentação do produto com site bem estruturado e vídeos bem explicativos, e a prova de que deu certo com os depoimentos de pessoas que conhecem meu trabalho”, completa.

Outra história que o marcou foi a de um casal que, assim que começou a namorar, teve de  enfrentar a mudança do rapaz, que foi morar em outra cidade. Hoje, eles estão há sete anos juntos, casaram e têm dois filhos, mas sempre residiram  em cidades diferentes, com visitas semanais ou quinzenais. “Tantas escalas que o amor pode fazer, tantas conexões entre dois corações pra se encontrarem. Se dobra feito aviãozinho de papel e vem voando pelo céu até onde a gente tá. Felicidade também muda de cidade”, canta o compositor.

Veja o exemplo de uma canção feita sob medida.

Atualmente, composição mais gravação  em formato voz e violão sai por R$ 597. No Dia dos Namorados, custava R$ 397. O resultado foi tão bom que deu até para agregar um valor extra depois da data comemorativa. Além de pagar as contas,  deu para investir em um notebook novo e transformar a despensa da casa em um estúdio.

“Mesmo na crise, é importante entender que as pessoas continuam comprando, consumindo coisas. Qualquer arte é fundamental para distrair, tirar do tédio, manter a saúde mental, renovar energias, inspirar. Com a música, não é diferente. O principal investimento foi um computador novo. Tinha um notebook desde 2012 que começou a dar problemas. Usei parte desse dinheiro  e resolvi essa demanda urgente. Além disso, reestruturei um cantinho que agora vai ser meu home studio de verdade”, destaca.

E,  se essa reportagem se tornasse uma canção dançante para faturar mais que o dobro em um mês, o refrão seria “migre suas demandas 100% para o online”, como completa o compositor : “o maior aprendizado é focar mais ainda na presença online. Desde o início da pandemia, gravo também uma série de aulas de violão e ukulele, que vou disponibilizar no YouTube em breve”. O lema é criação e volume de conteúdo. “Nesse momento, precisamos por isso em prática”, acrescenta. 

AS DICAS DE PEDRO

O novo palco é online:  Shows pelo Zoom para conferências/eventos de amigos ou família são algumas das opções, assim como criar vídeos  para alguém como uma serenata de amor online. 

Fortaleça as redes sociais. Utilize links patrocinados para se promover também. As lives são uma boa opção para divulgar seu trabalho, gerar links com financiamento coletivo ou fazer parcerias. 

Não pare. O ‘ócio’ inspirou Pedro. O setor de eventos deve ser um dos últimos a retomarem no pós-pandemia. Por isso, adapte a sua prestação de serviço ou produto a este cenário. 

Campanhas e desafios são uma boa estratégia para mobilizar nas redes sociais e também para direcionar os clientes para o site. Além disso, é mais uma maneira de se promover e ir conquistando seu espaço. 

Conteúdo e volume: diversifique, crie, busque alternativas e se movimente nas diversas plataformas digitais. A tendência da presença online vai permanecer, mesmo no pós-pandemia.