Arrastão gospel agita multidão em São Caetano

Evento evangélico, promovido pela Igreja Internacional da Graça de Deus, acontece há quatro anos 

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  • Tailane Muniz

Publicado em 2 de julho de 2019 às 20:07

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Almiro Lopes/CORREIO

De longe, e à primeira vista, até lembrou um bloco de Carnaval. Salvo alguns detalhes, como as letras das músicas - louvores para todos os gostos -, e a referência do próprio nome, estampado em letras garrafais nas camisetas verde neon, o 4º Arrastão Gospel, realizado pela Igreja Internacional da Graça de Deus, em São Caetano, tinha tudo de micareta: trio elétrico, abadá, alegria e muita disposição. 

O evento aconteceu na tarde desta terça (2), feriado da Independência, mas nada tem a ver com a data festiva, garantem os organizadores. Tanto que, em outras duas edições, a festa foi celebrada em 1 de maio, sempre com concentração no Largo da Geral, entrada da Fazenda Grande, com destino ao final de linha de São Caetano. O intuito, segundo o idealizador do arrastão, pastor Paulo Henrique Miranda, é o mesmo: mostrar que “o evangelho não se faz só de orações”. “A história começa em Juazeiro, quando realizei outras quatro edições. Depois que vim para a igreja de São Caetano, decidi realizar aqui e foi só alegria. É uma festa que a comunidade abraça e que atrai, inclusive, pessoas que estão alheias no mundo, envolvidas com coisas erradas”, comentou Paulo, que é natural de Salvador.Quanto à escolha do nome, ele não nega o óbvio: "Porque arrasta as multidões, como Jesus fez. Aqui não será diferente, arrastamos, também". Segundo o pastor, a edição de 2018 arrastou 2 mil pessoas.

“Acredito que, até o final do circuito, pelo menos umas cinco mil pessoas participem, incluindo gente de outras religiões e até o que não têm nenhuma”, disse, ao comentar sobre as bandas Marcas de Cristo e Forrozão Preise, que, do alto de um trio elétrico, animaram a farra. Para curtir uniformizado, os foliões só precisaram pagar R$ 20, segundo o pastor, usados para pagar o trio e demais taxas extras.

Como em toda boa micareta, teve ritmo para todas as preferências: do axé ao forró, do sertanejo ao samba -  mas, claro, sempre em “glorificação a Deus”. E quando questionado se há casos de pessoas que já se converteram durante o arrastão, o pastor, de imediato, garante que “muita gente já disse sim a Deus” durante o percurso, que dura em média quatro horas.

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Alegria em Cristo  “Deus é alegria, antes de tudo. E é isso que a gente vem aqui trazer para as pessoas, principalmente as que estão de fora. Que nós também brincamos, boa alegramos e nos divertimos”, comentou ele, ao acrescentar que toda a organização da festa de camisa é feita pela Igreja, que também conta com o apoio da Polícia Militar e da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) - já que a via principal não tem o trânsito interrompido.

Em polvorosa, a multidão que acompanhou o arrastão não ficam em dívida com o folião pipoca do Carnaval tradicional. E tem quem explique o porquê. Fiel a Deus, fez questão de destacar, a cabeleireira Rosana Cristina, 39, participa da festa desde a primeira edição e garante: a fidelidade ao arrastão deve permanecer. "Eu acho muito importante que haja uma festa alegre como essa, feita pelo povo de Cristo. Infelizmente as pessoas têm uma tendência a achar que evangélico não se diverte, e nós dançamos, ouvimos músicas. A gente se alegra, sim, e muito", disse ela, acompanhada da amiga, a costureira Olívia de Jesus, 50.  Olívia, que, assim como Rosana, é frequentadora da Igreja Internacional da Graça de Deus, fez questão de levar neta e filha. "A gente faz questão de participar, sempre, e que bom que está crescendo tanto".

Acompanhada dos pais, a estudante Thalia Rocha, 20, disse que, além de diversão, o arrastão vem como uma oportunidade de mostrar aos jovens “a igreja de verdade”, que, para ela, tem a imagem “deturpada” e, por consequência, passa a ser evitada, especialmente pelos mais novos. “É incrível como tanta gente pensa que a gente sequer escuta música. A gente dança, sabia? A gente usa short, sim. A gente canta e a gente é feliz”, salientou ela, que não economizou no glitter no rosto e cabelos. 

Segundo a funcionária pública Lucélia Almeida, 51, que acompanha de perto os preparativos do evento, é terminando um arrastão e já pensando no próximo. “Um ano antes a gente já está se programando. O nosso intuito é sempre levar a mensagem, por meio da música e da alegria. Porque a palavra diz: ‘Tudo aquilo que tem fôlego, louve a Deus’, então, se temos alegria, estamos aqui em louvor ao senhor”, comentou, em referência ao salmo 150, versículo 6. 

À metade do trajeto, na entrada da localidade da Formiga, o pastor Paulo Henrique fez o que chama de "apelo". O instante, único em que o som é interrompido, é reservado às orações e sugere que as pessoas que se sentirem "tocadas" digam "sim a Jesus”. A reportagem não presenciou uma afirmativa de um não evangélico, mas pôde observar que é o momento em que, os que já disseram sim, reforçam a fé em Cristo.