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Publicado em 18 de julho de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Dois anos de fracasso na França bastaram para Neymar mudar sua convicção de que precisava sair do Barcelona para crescer como jogador e realizar sua meta de ser o melhor do mundo. O brasileiro também não está mais motivado pelo projeto ambicioso da equipe francesa, como afirmou na ocasião em que protagonizou a maior transferência da história do futebol, em 2017.
“Desde a minha chegada na Europa, o clube tornou-se um dos mais competitivos e mais ambiciosos. O maior desafio, que me motivou a me juntar aos meus novos companheiros de equipe, é ajudar o clube a conquistar os títulos que os torcedores sonham. A ambição do PSG me conquistou tanto quanto a paixão e energia que gera”, disse Neymar há dois anos, quando mudou de clube.
Os títulos não foram além do Campeonato Francês e da Copa da França, desinteressantes para a ambição de um clube que, impulsionado pela grana de um xeque do Catar, sonha vencer a Liga dos Campeões da Europa. E como visto, a chama de Neymar apagou rápido, tão logo ele viu que o PSG não é tão competitivo quanto achava que era.
Agora o craque quer retornar para o Barcelona, este sim, um gigante na Europa e em escala global. Aceita ganhar menos e voltar a ser coadjuvante (de luxo, mas coadjuvante) no time de Messi para reeditar o trio de ataque MSN, que fez história nos três anos de parceria. Viu que a mudança para a França, onde a liga nacional é apenas mediana, foi um passo para trás a curto e a médio prazo. O oposto do que projetava.
O problema de jogar em um time do porte do PSG é que Neymar se enxerga maior que o clube. E isso não tem como dar certo. Ele está certo em desejar retornar para o Barça, afinal, precisa jogar em um time de ponta. Porém, erra na forma que conduz a situação. Iniciou a pré-temporada uma semana depois do elenco e, a despeito de ter ou não a anuência do clube - cada lado apresenta uma versão -, os compromissos em seu instituto e com patrocinadores particulares não deveriam ser prioridade para um atleta de altíssimo rendimento, em reta final de recuperação de uma lesão e com necessidade de voltar ao auge na próxima temporada.
Não bastasse, durante o evento no instituto, o brasileiro declarou que o jogo mais marcante da carreira foi a goleada por 6x1 do Barcelona, seu clube na época e para onde pretende ir agora, sobre o PSG, o atual. O resultado eliminou o time francês da Liga dos Campeões na temporada 2016/2017 de maneira épica para um lado e traumática para o outro. Neymar bajulou quem ele deseja e foi deselegante com quem não quer mais. Sabia exatamente o que estava fazendo e a repercussão ruim que causaria na França.
Neymar tenta construir um ambiente para facilitar sua saída, mas está “amarrado” por um contrato que assinou voluntariamente até junho de 2022 e sem cláusula de multa rescisória. E como é ele quem está em posição de desvantagem, já que o PSG não deseja vender nem está desesperado por dinheiro, o brasileiro encontra-se em uma situação incômoda: precisa não só de um clube que queira contratá-lo, mas também disposto a pagar o valor acima de mercado que os franceses exigem, o que não é o caso do Barcelona. Pelo menos até agora.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.