Associação de médicos diz que liberar Carnaval agora não é seguro

"Fazer o Carnaval em Salvador com a obrigação do uso de máscara é impossível", diz o presidente da ABM, César Amorim

Publicado em 26 de novembro de 2021 às 10:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Jefferson Peixoto/Secom

O presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), César Amorim, defendeu nessa sexta-feira (26) a decisão do governo da Bahia e da prefeitura de Salvador de adiar a decisão sobre a realização do Carnaval de 2022.  "Não podemos tomar uma decisão em cima do momento atual que estamos vivendo na pandemia. Temos que aprender que nestes dois últimos anos, as decisões mais corretas foram tomadas aos poucos. A gente toma uma decisão, vê o resultado, a partir daí vai tomar uma segunda decisão. Pensar nesse momento em liberar a maior festa popular do nosso Brasil, que é o Carnaval da Bahia, no momento que estamos vivendo, ainda não é prudente", ressaltou.

Para o presidente da ABM, associação que representa os médicos da Bahia, antes de tomar a decisão de liberar o Carnaval é preciso avaliar o resultado das últimas decisões, como liberar eventos com 3 mil pessoas. "Temos que ver a repercussão disso. Temos que ver ainda se vai  ter o reveillon. Estamos falando de Carnaval, mas tem o reveillon na frente, que é outra festa grande, embora muito menor que a proposta do Carnaval", exemplifica.

Outro aspecto que Amorim chama atenção é sobre a incoerência em ter um Carnaval quando ainda está em vigor a legislação que obriga o uso de máscaras pela população. "Fazer o Carnaval em Salvador com a obrigação do uso de máscara é impossível, eu acho. Então, temos que ver primeiro se vamos poder liberar o uso de máscara, como está sendo feito em outros estados, primeiro em ambientes externos, depois em ambientes interno", sugere. 

O presidente da ABM pondera ainda que o posicionamento de órgãos como a Fiocruz deve ser levado em consideração. "Quando a gente fala que a Fiocruz recomenda a vacinação de 90% da população antes de se pensar em discussão de Carnaval, sem duvida nenhuma é uma tomada de decisão criteriosa, importante, e a gente deve sim, ouvir entidades que estão mais atuantes nessa pandemia".

Amorim afirmou ainda que entende a importância econômica da festa e a pressão econômica que envolve o Carnaval de Salvador, mas que, apesar disso tudo, é preciso ter a prudência de não tomar ainda uma decisão de liberar. Ele reforçou ainda que não dá para comparar o Carnaval com outros eventos de menor porte. "Eu acho que não dá para comparar o Carnaval com a realização de um jogo em estádio porque o carnaval é a maior festa popular não digo nem do nosso estado, do nosso país. Então, o controle de uma população dentro de um estádio de futebol é muito mais fácil do que no Carnaval", exemplifica. Presidente da ABM, César Amorim defende que ainda não é seguro liberar o Carnaval (Foto: Divulgação) Na avaliação do presidente da ABM, antes de pensar no Carnaval, é preciso passar por algumas etapas, por alguns crescimentos de liberações. "Vamos liberando cada vez mais coisas e esperando depois da liberação o resultado disso. Se isso vai tá sendo pior ou não, se isso tá tendo aumento do número de casos, aumento do número de mortalidade, aumento do número de pacientes internados. Então, se a gente vê cada vez mais gente, vai liberando as coisas"

Ele defende que as maiores flexibilizaçãoes devem ocorrer de acordo com a realidade da pandemia no estado e sempre manter em observação o impacto das flexibilizações. "Depois, quem sabe, começar como em alguns estados, que estão liberando o uso de máscaras em ambientes externos, e isso pode futuramente evoluir para ambientes internos. Sem repercussão do número de casos, da piora do número de casos, na piora da da gravidade dos casos, do pacientes internados, então a gente pode pensar em coisas maiores, como futuramente a liberação do carnaval", avalia. 

Ele também chama atenção para o fato que não há para tomar uma decisão sobre Carnaval ainda, enquanto países europeus se vêem alarmados com a ameaça de uma quarta onda. "Temos que esperar e ver a repercussão disso também. Graças a Deus, o Brasil, nesses últimos meses, conseguiu aumentar bastante o número de vacinados. Isso, sem dúvida nenhuma, está trazendo influência na queda do número de pessoas infectadas, principalmente as que são hospitalizadas em estado grave".

O presidente da ABM reforça a campanha e diz que a única forma de conter o crescimento do coronavírus é a vacinação. "Isso tá provado, sem dúvida nenhuma, e é muito importante que a população compreenda a importância de tomar primeira, a segunda dose e a dose de reforço ou terceira dose, como queira chamar. Isso é muito importante e cada vez mais temos que fazer campanha em cima disso, porque é isso que vai tirar a gente dessa pandemia, é isso que está tirando a gente dessa pandemia". Ele acrescenta que os números mostram isso, o crescimento que houve no número de pessoas vacinadas no país e a queda dos casos, de pacientes internados e até paciente internados em estados graves. 

Baseado nisso, ele diz que, por mais cuidado que a gente possa ter, por mais compromisso em relação a medidas de seguranças, é preciso haver uma liberação gradativa dos eventos e esperar o resultado disso. "E como falou a Fiocruz, se a gente conseguir chegar a uma população vacinada de 90%, até 100% e ver que, com liberação cada vez mais das medidas de segurança não tá tendo aumento do número de casos, aí a gente pode pensar numa liberação de um evento como o carnaval de salvador, que sem duvida nenhuma é a maior festa popular do nosso país".