Atos em defesa de Moro e da Lava Jato aconteceram em 88 cidades

Manifestantes foram às ruas nos 26 estados e no DF

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2019 às 21:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil

Os atos em defesa do ministro Sérgio Moro, da reforma da Previdência e da Operação Lava Jato aconteceram em 88 cidades de todo o país, neste domingo (30). Os 26 estados da União e o Distrito Federal tiveram manifestações. Em Salvador, cerca de 10 mil pessoas, segundo estimativa dos próprios organizadores, se reuniram na Barra, vestidos de verde e amarelo e segurando cartazes, faixas e bandeiras do Brasil.

Para os manifestantes baianos - que gritaram palavras de ordem em defesa também do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e contra o governador Rui Costa (PT) - Moro tem sido alvo de ataques após a divulgação de supostas conversas dele com procuradores da República, entre eles Deltan Dallagnol, coordenador da operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF). 

"São ataques infundados. Não existe absolutamente nada contra Moro", disse Ricardo Tavares, 58 anos, um dos manifestantes no ato de Salvador, que carregava um cartaz defendendo o pacote anticrime enviado pelo ministro ao Congresso. 

Já o aposentado José Renato Almeida, 74 anos, acredita que os "ataques" a Moro já eram esperados. "Existem muitos bandidos por trás, pois a Lava Jato já limpou parte da sujeira e não vai acabar tão cedo", afirmou. 

Na capital baiana, a manifestação se concentrou no Farol da Barra, com um mini-trio animando os participantes, e seguiu em direção ao Cristo. Pelo caminho, os  organizadores puxavam canções de apoio a Bolsonaro e críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso pela Lava Jato. 

Para a empresária Ana Luzia Lopes, 56, o momento atual do país exige a presença das pessoas na rua."O povo elegeu Bolsonaro, mas ele não consegue levar à frente sua pauta econômica e também de segurança pública. O Congresso precisa entender que o projeto escolhido para o Brasil foi o de Bolsonaro, não o do Congresso", critica . Ato em Brasília teve concentração na Esplanada dos Ministérios (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Outras capitais

Movimentos como o Nas Ruas, Vem Pra Rua e o Brasil Livre (MBL) foram os organizadores dos atos em várias cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, a manifestação levou milhares de pessoas a Copacabana. Bandeiras gigantes nas cores verde e amarelo cobriram várias ruas do bairro. Nos cartazes se lia frases como "Nova Previdência Já", "Para a Frente Brasil", "Apoiamos as instituições íntegras" e "Se parar a Lava Jato, o Brasil Morre".

Em Brasília, os manifestantes se reuniram na Esplanada dos Ministérios também com faixas e cartazes; além de discursos de apoio à Lava Jato. Os primeiros participantes começaram a se reunir em frente ao Museu da República, por volta das 10h. Sob sol forte e acompanhado por quatro carros de som, o grupo foi aumentando à medida que marchava em direção ao Congresso Nacional. 

Em São Paulo, a manifestação foi convocada pelos grupos MBL e Vem Pra Rua e aconteceu na avenida Paulista. Quatro carros de som ficaram concentrados em três quarteirões da avenida. Em um deles, faixas com a marca "Direita São Paulo" defendiam a flexibilização na legislação para a posse e o porte de armas de fogo.

Em Belém do Pará, os manifestantes pró-Moro se concentraram na avenida Nazaré, área central da capital paraense, desde às 8 horas. O protesto foi organizado pelos movimentos Direita Jovem Pará, Endireita Pará e Vem pra Rua. Os organizadores também divulgaram 10 mil participantes no evento.

Em Recife, o ato foi realizado na Avenida Boa Viagem, zona sul da capital pernambucana. Dois trios elétricos acompanharam os participantes – que cantaram o Hino Nacional - ao longo do percurso de 1,5 Km. Manifestação na Avenida Paulista teve direito a bonecos de Bolsonaro (Foto: Nelson Almeida/ AFP Moro replica fotos e comenta atos no Twitter

"Eu vejo, eu ouço. Lava Jato, projeto anticrime, previdência, reforma, mudança, futuro", afirmou, neste domingo (30), no Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em reação aos atos em seu apoio em diversas cidades do país. Ele também replicou fotos do movimento em seu perfil pessoal.

Na rede social, apoiadores e críticos do ministro se mobilizaram ao longo do dia. Entre os dez assuntos mais comentados na rede social (os chamados Trendind Topics), figuraram ao menos duas  hashtags ligadas aos atos: "Brasil nas ruas", em apoio às manifestações, e "ParadadoOrgulhoGado, com críticas.

Para o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada, os atos favoráveis ao ministro da Justiça não trazem um "fato novo" ao cenário político. Mas, a presença dos manifestantes nas ruas é relevante para ajudar Moro a se manter no governo, ponderou o especialista.

"Parece ser relevante esse apoio organizado em um momento em que essa agenda da Lava Jato ainda ocupa espaço no debate político", disse Cortez à Agência Estado.

Ele avalia, ainda, que os atos mostram que há uma parcela relevante da população disposta a defender nas ruas a agenda do governo de Jair Bolsonaro.

Ainda assim, segundo a análise de Cortez, o ato não torna mais fácil para o governo a construção de uma base parlamentar. E  as críticas ao Congresso a o STF, presentes nas manifestações, não mudam a velocidade da agenda de reformas entre os parlamentares. 

Também pelo Twitter, Jair Bolsonaro elogiou os atos e a "civilidade do povo brasileiro":

"Aos que foram às ruas hoje manifestar seus anseios, parabéns mais uma vez pela civilidade. A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil", tuitou o presidente.