Audiência pública em Salvador discute torcida única em Ba-Vis

Medida está vigente no futebol baiano desde 2017

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  • Vitor Villar

Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 16:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Felipe Oliveira / EC Bahia

A torcida única em Ba-Vis, vigente no clássico estadual desde 2017, foi discutida na manhã desta quarta-feira (20) em audiência pública na Câmara Municipal de Salvador. O promotor de Justiça Olímpio Campinho, responsável pela recomendação por parte do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), estava no evento.

Campinho explicou que a determinação foi realizada para conter a violência nos estádios e está mantida para os próximos clássicos. Ele argumentou que em dias de Ba-Vi com as duas torcidas o policiamento na cidade fica comprometido por conta do controle das torcidas organizadas no entorno e dentro dos estádios.

O vereador Henrique Carballal (PV) propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre todas as partes visando o retorno das duas torcidas aos estádios. Para ele, a recomendação fere o direito de ir e vir dos torcedores: “É louvável a preocupação do MP quando busca minimizar os efeitos da violência, mas não podemos admitir que isso se dê com a supressão de direitos das pessoas”.

Colega de Carballal na Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos do Torcedor, o vereador Marcos Mendes (PSOL) defendeu a adoção de um processo pedagógico para conter a violência no clássico. Ele propôs um programa educativo em veículos de comunicação.

Tenente-coronel da Polícia Militar, Paulo Santos argumentou que a adoção da torcida única reduziu consideravelmente a violência nos estádios em dias de clássico. Segundo ele, o efeito positivo já pôde ser visto no Ba-Vi do último dia 3 de fevereiro, quando 44 mil torcedores foram à Fonte Nova.

Vice-presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Manfredo Lessa disse que a entidade vai continuar acatando a determinação do MP enquanto ela estiver em vigor: “a discussão tem que ser mais profunda, pois temos que discutir segurança pública”.

Também estiveram presentes representantes do Bahia, na figura do gerente jurídico Marcelo Stern, e do Vitória, com o seu coordenador de operações e segurança Bruno da Hora.

A audiência pública ouviu também sugestões de representantes das torcidas de Bahia e Vitória. Moacir Silva, torcedor rubro-negro, disse que “quem tem que ser punido é o agressor e não o torcedor em geral”. Luciano Venâncio, presidente da torcida organizada Bamor, disse ser impossível controlar todos os seus integrantes.

O primeiro Ba-Vi com torcida única foi em 27 de abril de 2017, no jogo de ida das semifinais da Copa do Nordeste. Depois, ocorreram mais cinco clássicos naquele ano, todos com presença apenas dos torcedores da equipe mandante.

No primeiro Ba-Vi de 2018, pelo Baianão, em 18 de fevereiro, a medida foi revogada e o Barradão recebeu torcedores do Vitória e do Bahia. Aquele jogo, porém, teve pancadaria entre atletas e fim antecipado por número insuficiente de jogadores do rubro-negro em campo. Depois disso, todos os outros quatro Ba-Vis da temporada foram com torcida única.