Aumento da população idosa pede lar adaptado

Pequenas modificações podem ajudar a tornar as casas mais seguras e funcionais para moradores maiores de 60

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 11 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: shutterstock/reprodução

As projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, até 2042, a população idosa deve dobrar no Brasil, chegando a 57 milhões de pessoas, 24,5% da população total de 232,5 milhões de habitantes. Não bastasse dobrar, as estatísticas também pontuam um aumento na expectativa de vida, mostrando que as residências precisam se adaptar para uma realidade de moradores com necessidades bem específicas, onde a prevenção aos acidentes precisa ser priorizada.

De acordo com o chefe do serviço de ortopedia do Hospital Santa Izabel e professor universitário, Flávio Santana, as quedas são as principais causas de acidentes em pessoas com mais de 60 anos. “Os dados do Sistema Único de Saúde apontam que 5% a 10% delas resultam em lesões graves”, completa, ressaltando a necessidade das casas passarem por um processo de adaptação, especialmente porque os idosos, geralmente, tendem a não levantar muito os pés e de precisarem de um desenho de móveis que deem apoio.

A arrumação da casa também é fundamental no momento de ampliar o conforto, a qualidade de vida e a prevenção de quedas. Por isso mesmo, embora possam ser charmosos, os tapetes são um risco para esses moradores. Numa residência com idosos, as maçanetas não devem ser redondas, pois elas são difíceis de segurar. “É fundamental que as maçanetas sejam colocadas de modo a também servirem como pontos de apoio par quem precisa de apoio e firmeza”, diz o médico. O cuidado também vale para as torneiras da casa. 

Adaptação domiciliar

Sensores de presença que desobriguem da necessidade de usar o interruptor, pontos de iluminação práticos e diversos que facilitem enxergar o ambiente, lanternas acessíveis são algumas das dicas para que esse lar seja de fato seguro e cômodo para os maiores de 60 anos.

No que diz respeito ao mobiliário, é preciso pensar em móveis que não sejam muito baixos ou muito profundos, pois esse tipo de desenho dificulta que o idoso consiga se levantar com facilidade. “As camas, por exemplo, precisam ter uma altura que possibilite a esse morador colocar os pés no chão quando sentado. O abajur precisa ser fixo e o criado mudo precisa ser 10 cm mais alto que acama”, orienta o ortopedista, ressaltando que é preciso prever quaisquer situações onde a residência possa oferecer perigo para esses moradores.

Para a arquiteta Yasmine Rosa, do A1 Arquitetura Essencial, os revestimentos escolhidos para uma casa são grandes aliados na prevenção de quedas. “Escolher um piso com antiderrapante nas áreas molhadas e nas áreas externas reduz muito a probabilidade de acidentes, a utilização de fitas antiderrapantes em escadas e rampas também auxiliam nesta prevenção”, ensina, chamando a atenção sobre utro componente que é muito importante para os idosos, que são as barras de apoio, instaladas em banheiros, desníveis e degraus. “Elas podem tanto ser projetadas em uma residência nova como adaptadas em residências já construídas”, afirma.

O ortopedista lembra ainda que os degraus não podem ser muito altos, no máximo com 12 cm de altura e precisam ter um espaço que caiba todo o pé. “É um cuidado absolutamente necessário porque as fraturas, para além de comprometerem a mobilidade, são um risco para o desenvolvimento de tromboses e infecção”, complementa.

Casa nova

Em projetos novos onde se tem a oportunidade de pensar em todos os detalhes que auxiliem o idoso na sua rotina diária, é importante ressaltar que casas térreas sem desníveis são favoráveis às condições físicas dos mesmos. Quando existe a possibilidade de construir uma casa nova, é preciso cogitar a adaptação de portas e projetar os banheiros e dormitórios com os equipamentos de segurança e para o futuro uso de cadeira de rodas.

Yasmine salienta que dentre os cuidados com a segurança do idoso, é muito importante pensar no conforto e bem estar na hora de projetar os ambientes, pensar em cores alegres e neutras ao mesmo tempo, ventilação natural, contato com o ambiente externo. “Todos esses aspectos são muito importantes pois o risco de depressão em idosos é grande, na maioria das vezes eles passam a maior parte do tempo em suas casas e por isso é tão importante pensar em um local que seja agradável e que ele sinta vontade de estar”, finaliza a arquiteta.