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Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2022 às 05:00
O decreto do governo do estado retomando a obrigatoriedade das máscaras de proteção anticovid ocorre uma semana depois do governador Rui Costa (PT) descartar a medida na Bahia. Nesta segunda-feira (28) pela manhã, no entanto, ele afirmou que o uso do acessório voltaria a ser exigido em alguns locais e situações. A medida foi anunciada após registros de subvariantes da cepa Ômicron da covid-19 ter sido identificados em pelo menos 12 cidades baianas. >
A volta do uso das máscaras em locais fechados e sujeitos a aglomerações ajuda a frear a disseminação de subvariantes mais transmissíveis como a BQ.1, que segundo especialistas irá se tornar predominante no Brasil. Salvador e a Região Metropolitana possuem os cenários mais críticos de evolução da doença, conforme disse o governador pela manhã: “No interior, os números são baixos, mas pelo histórico de contaminação, esse foi o processo da covid-19. Os números crescem nas maiores cidades e depois se espalham nas cidades do interior”, disse em entrevista coletiva.>
Mesmo antes do decreto estadual, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) determinou o retorno das máscaras em suas dependências e em cartórios eleitorais do estado. As máscaras também voltaram a ser de uso obrigatório em aviões e aeroportos do país. São Paulo e Minas Gerais também anunciaram a obrigatoriedade no transporte público. >
A infectologista Áurea Paste defende que as máscaras sejam utilizadas em todos em locais de aglomeração e que pacientes de risco (como idosos e pessoas com comorbidades) façam o uso também em ambientes abertos. A especialista acredita que reuniões durante os jogos da Copa do Mundo devem gerar aumento no número de casos. “O uso de máscaras em locais aglomerados como ônibus, metrô, comemorações e hospitais, além da higienização das mãos, são formas de prevenção importantes”, diz. >
Nas últimas 72 horas, foram registrados 2.258 casos de covid-19 e oito óbitos na Bahia, de acordo com o boletim divulgado pela Sesab. Os boletins do órgão, inclusive, que tinham passado a ser divulgados uma vez por semana, por conta da redução de casos, agora voltarão a ser diários, de segunda à sexta-feira.>
O presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES-BA), Marcos Sampaio, criticou mais cedo a demora do governo do estado em decretar a obrigatoriedade das máscaras. “O governador deveria ter tomado essa atitude mais cedo porque as novas subvariantes já estão contaminando as pessoas na Bahia”, disse. O Conselho encaminhou um ofício ao governador em que fez orientações sobre o retorno das máscaras em locais fechados.>
Na mesma linha, o comitê científico do Consórcio Nordeste também recomendou o retorno da obrigatoriedade desde a sexta-feira (25). Apesar disso, nenhum dos nove estados tinha acatado a recomendação até ontem, quando a Bahia decretou a obrigatoriedade. >
Seis dos nove estados do Nordeste apresentam aumento nos registros de síndrome respiratória aguda grave, segundo o monitoramento do InfoGripe, da Fiocruz: Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Piauí.>
Em entrevista ao CORREIO, na edição de fim de semana, o médico e cientista Miguel Nicolelis disse que o uso de máscaras foi abdicado precocemente no país e defendeu o retorno. “As pessoas relaxaram sem a obrigatoriedade e sem as informações claras e adequadas à população. Cancelar o vírus por decreto não funciona”, reforçou.>
Ocupação de leitos Governo do estado e prefeitura de Salvador também tomaram medidas para reduzir o impacto da nova onda da covid. O governo anunciou que o número de leitos do Hospital Espanhol será ampliado até o final de semana. “Autorizei aumentar o número de leitos de UTI e clínico no Espanhol, e deveremos chegar ao número máximo possível ainda esta semana. A demanda está crescente e rápidp”, alertou Rui Costa.>
Já a prefeitura de Salvador anunciou a abertura de um novo ponto de testagem, em Brotas, e a reativação de pontos drive thru para a vacinação. Até o início da noite de segunda-feira (28), 78% dos leitos de UTI para adultos e 35% dos pediátricos estavam ocupados no estado, segundo a Sesab.>
Pessoas idosas, com sistema imunológico comprometido e esquema vacinal incompleto formam a maioria dos internados, segundo a infectologista Áurea Paste. >
Pelo menos nove subvariantes da Ômicron circulam na Bahia>
Os vírus são microrganismos que sofrem mutações o tempo todo à medida que se replicam e é neste processo que as variantes aparecem. No sábado (26), o Laboratório Central da Bahia (Lacen-BA) divulgou que foram sequenciadas 128 amostras de SARS-CoV-2 coletadas entre outubro e novembro. >
Todas correspondem a variante Ômicron e nove linhagens foram identificadas, sendo 32% da BQ.1. Também foram identificadas BA.1, BA.2, BA.4, BA.5, BE.1, BE.9, BF.33 e XBB.2. Os sintomas dessas variantes são parecidos: dor de cabeça, coriza, febre, dor de garganta e cansaço.>
O infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda explica que pessoas que tomaram as duas doses de reforço estão mais protegidas das formas graves e que o impacto das variantes nos sistemas de saúde vai depender da cobertura vacinal. >
“A nova subvariante (BQ.1) possui maior escape de resposta imune, o que gera mais infecções e aumento nos casos porque as pessoas que foram infectadas no passado não estão mais protegidas”, explica.>
Segundo o infectologista, é imprescindível que as vacinas bivalentes, que protegem contra as subvariantes, sejam disponibilizadas. >
Cidades em que as subvariantes foram identificadas: Salvador Candeias Conceição do Coité Dias D’Ávila Euclides da Cunha Ilhéus Lauro de Freitas Mairi Porto Seguro Ruy Barbosa São Sebastião do Passé Simões Filho>
Onde e quando as máscaras voltam a ser exigidas: Hospitais e demais unidades de saúde; Transporte público de todos os modais; Salões de beleza e centros de estética; Bares, restaurantes, lanchonetes e similares; Templos religiosos; Escolas e Universidades; Teatros; Cinemas; Museus; Parques de Exposição e espaços congêneres; Para quem tiver sintomas gripais; Para Imunossuprimidos; Para quem testar positivo ou tiver contato com infectados pela covid>
*Com orientação de Monique Lôbo.>