Bahia e Vitória têm conseguido divertir você de alguma forma?

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 9 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Em tempos de tanta intolerância e ódio, a gente questiona o lugar de muita coisa. Sempre lembro de uma frase do técnico vice-campeão mundial pela seleção italiana, na Copa de 1994, Arrigo Sacchi: “Il calcio è la cosa più importante delle cose non importante”. Traduzindo, o futebol é a coisa mais importante entre as coisas sem importância. Se você está lendo esta coluna, é porque o futebol já te tocou de alguma forma e espero que em algum momento isso tenha melhorado a sua vida.

Recentemente, o técnico alemão Jürgen Klopp, atualmente técnico do Liverpool, deu a seguinte declaração: “O mais importante no futebol é entreter. Nós não salvamos vidas, não criamos nada, não somos bons em cirurgias. Somos apenas bons no futebol”, disparou, antes de acrescentar: “Se não entretemos as pessoas, por que motivo jogamos?”. O time treinado por ele não conquistou nenhum título sob seu comando, mas existe uma satisfação e um orgulho constantes em vê-lo jogar. O torcedor vai ao estádio com a certeza de que existe uma proposta ali em fazê-lo feliz e não apenas em vencer. Funciona todo jogo? Claro que não. Mas o objetivo de entreter está claro.

Aqui na Europa, o Barcelona sempre demonstrou sua inclinação para essa teoria. Basta conversar com qualquer torcedor do clube catalão para saber que, pra eles, não basta vencer, é preciso vencer bem (e ter Messi no time não atrapalha em nada, né?). Já vi torcedores muito mais irritados numa vitória jogada de forma “feia” do que após uma derrota em que o time jogou “bonito”. Uso essas duas palavras entre aspas porque essa história de jogar feio ou bonito depende muito da visão de cada um, mas no Barcelona a definição entre uma coisa e outra é muito clara.

Óbvio que o contexto, a partida e até a filosofia e cultura do lugar e clube influenciam, mas eu sinto que isso é algo cada vez mais raro no futebol brasileiro: times que divirtam seus torcedores, que despertem algum tipo de orgulho, de entretenimento. Me contem, os jogos de Bahia e Vitória têm conseguido divertir vocês em algum momento de alguma forma? Ou a sensação antes do apito é de angústia, desespero durante e, no fim, é de tristeza ou alívio?

Às claras Conversei há alguns dias com o volante Allan, atualmente no Napoli, e ele se mostrou bastante incomodado com a falta de oportunidades na Seleção. O meio-campista revelado no Vasco vem de uma regularidade incrível nos últimos anos, “comendo a bola” na Itália para ser bem clara. É inteligente, arma, desarma e se movimenta bem dentro de campo. Para mim, é a grande injustiça do trabalho do técnico Tite à frente da Seleção Brasileira. 

Ainda que a comissão técnica não veja um encaixe perfeito do jogador no tipo de jogo pretendido por Tite, a oportunidade já deveria ter vindo (é uma opção bem mais interessante que Paulinho ou Renato Augusto). Afinal, para que servem esses amistosos contra equipes tão inexpressivas se não para testar mais de um modelo? Enfim, Allan me disse que nunca teve um contato da CBF. A imprensa por aqui já noticia que a Federação Italiana está de olho na situação.Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa.