Bahia receberá 300 mil doses da vacina russa Sputnik V em julho

Governador diz que quatro ou cinco municípios baianos receberão as doses; Cidades contempladas serão definidas ainda nesta semana

Publicado em 15 de junho de 2021 às 20:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo/Divulgação

A Bahia receberá no mês de julho as 300 mil doses da vacina contra a covid-19 Sputnik V com importação autorizada pela Anvisa. Já as cidades baianas que vão receber as doses serão definidas nesta semana, de acordo com o governador da Bahia, Rui Costa. Ele fez os anúncios nas redes sociais.   "A previsão é que as doses da vacina #SputnikV cheguem ao Brasil no início de julho. Hoje pela manhã tivemos uma reunião com o Fundo Russo, para detalhar os 28 pontos exigidos pela Anvisa. Essa semana vamos definir os municípios onde vamos aplicar as vacinas", escreveu.   Em seguida, no Papo Correria, transmissão online semanal do governador, Rui detalhou o planejamento de uso das doses e falou sobre o encontro entre governadores e o Fundo Russo. Segundo ele, quatro ou cinco cidades do estado vão receber o imunizante russo.   “Aplicando as duas doses, teremos 150 mil pessoas imunizadas. Ainda nesta semana, nós vamos definir quatro ou cinco cidades onde vamos aplicar essas vacinas em toda a população adulta acima de 18 anos e que ainda não foi vacinada. Resolvemos concentrar essa vacina em alguns municípios para gerar um efeito demonstração. Após a vacinação, nós vamos fazer a coleta dos dados e apresentar para o Brasil e para o mundo inteiro os resultados, mostrando a eficácia dessa vacina que já vem sendo aplicada com sucesso em vários países”, disse Rui.    Em março, o consórcio de governadores do Nordeste formalizou a compra de 37 milhões de doses da Sputnik V. Desse total, a Bahia teria direito a 9,7 milhões de doses.  Autorização excepcional e temporária    O uso da Sputnik V foi aprovado no começo de junho - assim como o da Covaxin - com condicionantes. Entre as limitações impostas está o uso exclusivo em adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade e ainda não vacinados, determinou monitoramento dos resultados e restringiu o público-alvo a no máximo 1% da população, neste momento, de cada um dos seis estados do Nordeste que fizeram o pedido à Anvisa: Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí.   Por conta dessa decisão da Anvisa, a importação de doses da Bahia ficou restrita inicialmente a 300 mil doses.   Logo após a autorização da importação, o Governo do Estado, através do secretário de Saúde Fábio Vilas Boas informou que os municípios baianos que vão receber a Sputnik V devem ser de médio porte, conforme cenário epidemiológico local, para melhor monitoramento.   Vacina é feita com dois adenovírus diferentes   A Sputnik V, fabricada pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa (Rússia), foi o primeiro imunizante registrado contra a covid-19 no mundo. A vacina foi lançada pela Rússia em agosto de 2020, quando ainda havia testes em andamento. A eficácia comprovada até agora é de cerca de 91%, podendo chegar até 97%, segundo o site oficial do imunizante. Até o momento, não há registro de reações adversas graves com ligação comprovada com a aplicação da Sputnik V.  A vacina deve ser aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas, podendo ser ampliado para três meses. É preciso ter atenção redobrada na aplicação, já que o conteúdo da primeira dose é diferente do da segunda. Isso porque o imunizante utiliza a tecnologia de vetor viral não replicante, com dois adenovírus diferentes, nomeados de D-26 D-5.    Como explica o site da vacina, "vetores" são portadores que podem entregar material genético de um outro vírus para uma célula. Nesse caso, o material genético do adenovírus que causa a infecção é removido e o material com um código de proteína de outro vírus (o coronavírus) é inserido. Este novo elemento é seguro para o corpo, mas ajuda o sistema imunológico a responder e produzir anticorpos que protegem contra infecções.   Na primeira dose, o D-26 leva a proteína S para dentro das células humanas, o que causará uma resposta imune do organismo, que começa a criar defesa contra a proteína e, consequentemente, anticorpos contra o coronavírus. Na segunda dose, entra em cena o D-5, outro adenovírus que fará o mesmo papel, mas ao mesmo tempo tende a ser o diferencial mais assertivo do imunizante. Isso porque, segundo cientistas, por ter duas ‘fórmulas’ diferentes, essa vacina pode ajudar a produzir mais anticorpos contra o coronavírus e ser a responsável pela alta eficácia.