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Paulo Leandro
Publicado em 22 de junho de 2022 às 05:07
- Atualizado há 10 meses
Deveria o presidente baiano da CBF, Ednaldo Rodrigues Gomes, acautelar-se, no sentido de recomendar arbitragens pautadas na razoabilidade, para os duelos Bahia x Athletico do Paraná.
Não se pode pecar por ingenuidade, formando crença de o futebol decidir-se apenas pelo enfrentamento dos times em campo, lembrando ter as “costas quentes” o tinhoso adversário.
Ninguém quer vantagens ao Bahia, mas pede-se o cuidado de orientação segura aos homens do apito e do VAR a fim de evitar repetir a sistemática roubalheira na reta final da Série A de 2021, levando ao descenso, em garfadas escandalosas.
Conhecendo, como conheço de perto, a capacidade de trabalho de Ednaldo, desde quando organizava com excelência nossa copa do mundo, o Intermunicipal, provavelmente tenha sido desnecessário este alerta, mas é melhor errar por excesso.
Na nossa dissertação de mestrado, apresentada em 2003, com orientação de Elias Machado, ficou demonstrado o quanto o “futebol é política”, ao analisarmos episódios relacionados a dirigentes.
Não seria mais prudente ao presidente Guilherme Bellintani descer ao vestiário e dar a preleção hoje? Trata-se de jogo perigoso, em razão da força extra-campo do visitante.
Como escreveu minha amiga Mery Bahia (Bahia!), ao contribuir com este texto:
“Um ditado popular diz que política, futebol e religião não se discutem. Mas o Athletico Paranaense embolou o meio de campo, quando numa decisão inusitada e discutível, coisa que não aconteceu nem durante a ditadura militar, sua direção decretou e os atletas concordaram em entrar em campo com a camisa do time exibindo o nome do então candidato Bolsonaro. Estamos falando de um time de massa, uma das maiores torcidas do Paraná. O clube que carrega em sua camisa o peso da campanha de um político, carrega junto também o peso dos seus feitos e malfeitos ao longo de sua história. Então, é preciso discutir política e futebol, sim.
O Athletico Paranaense apoia as agressões aos indígenas, negros, mulheres e LGBTQIA+?
Apoia o descaso com a saúde e as mais de 680 mil mortes por covid-19?
Apoia também os ataques à cultura e às artes?
Apoia passar a boiada com os desmatamentos e incêndios na Amazônia e Pantanal?
Apoia a inflação, o desemprego e a fome?
Apoia chamar o indigenista Bruno e o jornalista Dom de aventureiros?”
Mônica Bichara, em sua habitual clarividência, “incluiria as narrativas de ódio a negros, gays, nordestinos, mulheres.... incentivando uma onda de violência no país; e a tragédia na economia, desencadeando uma escalada de preços altos em itens fundamentais como gás de cozinha, combustíveis... o resultado foi a fome, milhões de famintos de volta às ruas”.
Há quem discorde e é preciso agradecer a quem diverge, pois só há di-álogo (troca de razões a dois) com esta capacidade empática de assimilar o contraditório, como generosamente ensinam meus bons vizinhos da lista “Resenha Amazônia” ao contribuírem com questionamentos, destacando as ressalvas à expressão “genocida” na narrativa sobre a gestão da pandemia.
Não basta um bom desempenho do Esquadrão: a galera tem de marcar em cima o homem do apito e o VAR desde o cara ou coroa.
Ah, o título desta coluna foi roubartilhado de um álbum maravilhoso de Zé Ramalho.
Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.
Os textos publicados na seção de Opinião não refletem, necessariamente, a opinião do jornal