Baiana de 15 anos vence concurso internacional e faz vaquinha para estudar em Oxford

Luiza Conceição corre contra o tempo para levantar R$27 mil e conseguir fazer o curso de férias no Reino Unido

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 21 de outubro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Quem olha nos olhos de Luiza Conceição consegue enxergar muitos sonhos, isso sem a garota, baiana de 15 anos, falar uma palavra sequer. Conversando com ela, no entanto, percebe-se que, mais do que sonhadora, a garota é uma realizadora. O último de seus feitos foi ganhar um concurso internacional de redação, o que lhe deu direito a um curso de férias na Universidade de Oxford, Reino Unido. A próxima realização é conseguir levantar a grana para custear as despesas.

Há cerca de três anos, Luiza, que mora em Feira de Santana, colocou na cabeça que quer estudar fora. Um dos passos para realizar o seu objetivo de ajudar as pessoas através da promoção de direitos humanos aos mais vulneráveis, como ela mesmo explica. Ela sabe que isso não é uma missão fácil e por isso quer se capacitar ao máximo, acumular a maior quantidade de conhecimento e colocá-lo em prática. 

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O curso que Luiza venceu é o 'Immerse Essay Competition', que, anualmente, seleciona redações de estudantes do mundo todo com idades entre 13 e 18 anos. Os vencedores, e vencedoras, como é o caso de Luiza, escolhem um curso de férias em Oxford ou Cambridge, duas das mais tradicionais universidades inglesas. Luiza escolheu um curso de direito.

A redação vencedora de Luiza, redigida em inglês, falou sobre a pandemia e formas de escravidão moderna. Foram dois meses escrevendo e reescrevendo até chegar à versão final. Professor de inglês no colégio Helyos, onde ela estuda, Wendell Rois teve participação decisiva no resultado final, acompanhando a garota desde o início do processo."Eu escolhi o tema porque é algo que quero seguir no futuro. Quero explorar essa parte do Direito Internacional Público, com foco em direitos humanos, para trabalhas em organizações como a ONU. A pergunta do tema sobre escravidão me chamou muita atenção e me motivou a escrever sobre o tema", disse Luiza.Passada a euforia pela aprovação, ela iniciou a saga para levantar os fundos necessários para viajar. Ela ganhou uma bolsa que banca 50% do curso, que dura duas semanas e também contempla a hospedagem. Mas todos os outros custos não estão incluídos: passagens, alimentação, transporte e visto, por exemplo. 

Filha do zelador do colégio onde estuda, seu Luiz da Silva, e da dona de casa Andrea da Silva, ela não tem os quase R$ 30 mil necessários para cobrir tudo isso. Mas lembra lá do primeiro parágrafo? Luiza sonha e realiza, por isso arregaçou as mangas e começou uma campanha para mais uma realização.

A vaquinha Luiza em Oxford arrecadou mais de R$ 15 mil até a noite de segunda (18). Para guardar a vaga, ela precisa pagar 695 libras (R$ 5,1 mil, aproximadamente) até o dia 26 de novembro. 

"Meu sonho é melhorar a vida das pessoas através da promoção de direitos humanos aos mais vulneráveis. Quero estudar direito internacional e relações internacionais nas melhores universidades do mundo. Além da experiência de cursar Direito, o curso em Oxford abrirá portas para realizar este sonho", disse Luiza.

Quem quiser ajudar Luiza pode contribuir com qualquer valor no site Vakinha clicando neste link. Também é possível doar qualquer valor pelo pix [email protected].

Correria Luiza cursa o 1º ano do Ensino médio em um dos colégios mais renomados da Bahia graças à bolsa 100% que recebe. Ela conta que os pais dão prioridade total à sua educação e tenta retribuir orgulhando os dois da melhor maneira que pode. Bicampeã da Olimpíada Nacional de Ciência, ela acumula mais de 15 medalhas de olimpíadas (nacionais e locais).

Além disso, também sabe mostrar seu talento em quadra, jogando handebol. Tem prata e ouro no Jespe, competição estudantil, na modalidade.

Pensa que acabou? Nada disso. Ela já coloca em prática o sonho de melhorar a vida das pessoas e fundou a Amor Que Absorve (@amorqueabsorve, no Instagram) com as colegas Manuela Guedes e Maria Fernanda Freitas. A iniciativa, que elas querem formalizar como ONG, distribui kits de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade social em Feira.

Desde a fundação há pouco mais de três meses, o projeto já distribuiu mais de 10 mil absorventes e também já fez uma série de conversas sobre pobreza menstrual em seu Instagram.