Baiano de 16 anos soma 27 premiações em olimpíadas do conhecimento

Guilherme Antônio da Silva Santos cursa o 1º ano no Colégio Estadual Dom João Muniz, em Santana, no oeste baiano

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  • Luana Lisboa

Publicado em 18 de setembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo pessoal

No dicionário do estudante Guilherme Antônio da Silva Santos, 16 anos, não existe o verbo ‘perder’. No primeiro contato, o estudante do 1º ano do Colégio Estadual Dom João Muniz, no município de Santana, oeste baiano, era dono de 26 prêmios em Olimpíadas do Conhecimento. Três dias depois, já tinha colocado mais um ouro na estante, com o resultado da Olimpíada Brasileira de Robótica.

E não para pelo Brasil: uma medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Matemática da Ásia (AIMO) foi uma de suas vitórias mais recentes. São nove de ouro, três de prata, cinco de bronze, um troféu, sete menções honrosas e dois diplomas.

Para manter-se em dia com seus estudos, o aspirante a professor de Matemática tem aulas no período da manhã e estuda para provas e competições pelas tardes, de segunda à sábado. Tem sido assim desde o Ensino Fundamental, quando teve seu primeiro contato com a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), em 2017. Foi uma das poucas vezes que saiu sem prêmio.

“No ano seguinte, ganhei menção honrosa na mesma, foi meu pontapé inicial”. Em 2019, participou de novo da OBMEP e fez a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), a Olimpíada de Inglês e a Bricsmath (competição internacional on-line de Matemática).

Com o incentivo da professora de inglês, ficou em 1° do ranking de sua escola e no top 10 da Bahia. A partir daí, ficou fácil conseguir uma bolsa de estudos na escola Fisk de Santana.

“De início, lá em 2017, eu pensei que era qualquer prova, mas quando você começa a conhecer outras olimpíadas, cada uma com seus desafios, você simplesmente se apaixona e não quer parar de fazer. Então, em 2020, em meio à pandemia, entrei de cabeça nesse mundo, já que tinha muito tempo livre. Foi quando comecei a ganhar minhas premiações”, conta.

Com o inglês em prática, o estudante aproveitou, também, para criar o grupo "Math show olympics”, para estimular os conterrâneos a participarem das competições. Criado como uma restrita equipe de estudos para a OBMEP, tomou proporções inesperadas até para o seu fundador: hoje, reúne cerca de 710 alunos de todo o Brasil, sendo apenas quatro de Santana.“Costumo dizer que as olimpíadas científicas mudam vidas, como mudou a minha. Só fazendo para saber".Tanto é que quando perguntado sobre qual teria sido a sua preferida, ele logo enumerou uma lista: Onee (Olimpíada Nacional De Eficiência Energética), Obi (Olimpíada Brasileira de Informática), Ocq (Olimpíada Camaleão de Química), Olimpimat (Olimpíada do Podemos), Mobfog (Mostra Brasileira de Foguetes) e Omeba (Olimpíada De Matemática do Estado da Bahia).

Mas para ele, a mais marcante até então foi a Olimpíada Brasileira de Astronomia, da qual levou seu troféu partindo do zero. “Eu tinha que montar um foguete virtual no software ‘openrocket’ e eu, que nem sabia mexer no notebook direito, tive que aprender do zero e tive menos de uma semana para montar”. Mas quando montou o foguete, entrou no site e viu que as regras tinham mudado. “Aí lá vai eu novamente começar do zero... Mas deu certo, e acabei ganhador no meu nível”. Apenas um aluno do Brasil levava o prêmio na categoria Ensino Fundamental II.

A coordenadora pedagógica da unidade escolar do aluno-estrela, Ana Angélica de Almeida Carvalho acredita na importância do incentivo de Guilherme para que os colegas também participem do universo das olimpíadas do conhecimento. “Através da participação nas olimpíadas que acontecem nas mais diversas áreas, os estudantes desenvolvem as suas habilidades, aprofundam os conteúdos. Por isso, estamos sempre estimulando-os a participarem para além da competição por medalhas”.

E é isso que o aluno quer continuar a fazer da vida, pelo menos até então. Aos 16 anos, embora ainda tenha muito tempo para decidir, Guilherme quer ser professor de Matemática. “Ou, quem sabe, responsável por orientar em olimpíadas, já que um dos meus focos é tentar fazer mais gente da minha cidade participar”.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo