Baiano vai estudar com bolsa integral nos EUA; saiba como ele conseguiu

Gabriel Cunha, 19 anos, realizou sonho depois de dois anos tentando

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 13 de março de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Gabriel Cunha vai estudar na Tufys University, em Massachussets (Marina Silva/CORREIO) O sonho americano, tão comum em filmes, pode tomar contornos diferentes na vida real. No caso do estudante baiano Gabriel Cunha, de apenas 19 anos, a vontade de morar nos Estados Unidos vinha aliada a um objetivo bastante específico: fazer faculdade fora. Depois de duas tentativas, o resultado: Gabriel foi aprovado com bolsa completa e vai estudar na Tufys University, no estado de Massachussets.

A realização do sonho, no entanto, precisou contar com bastante esforço e determinação por parte do estudante, que quer se formar em relações internacionais e economia. É que na primeira tentativa, em 2018, o jovem não conseguiu conquistar a bolsa que possibilitaria concretizar a meta de estudar fora. Agora, já matriculado, Gabriel deve viajar em agosto para iniciar o curso, que termina em 2024.“Eu nunca tive nenhuma referência familiar de estudo fora do Brasil, foi algo que partiu de mim mesmo. Como o processo lá é bastante diferente do daqui, fui focar nas atividades extracurriculares que são algo que eles avaliam muito”, explica Gabriel.Além de avaliar o currículo de atividades dos alunos, as universidades americanas consideram a opinião dos professores, o histórico escolar, além de cobrar provas específicas que avaliam a proficiência em inglês, além de conhecimentos específicos cobrados pelas Universidades Americanas.

“Pude contar com muito apoio da minha família, que mesmo sem entender muito sobre o processo, sem conhecer os detalhes, confiou muito em mim e me permitiu que eu tirasse o ano de 2019 para me preparar melhor, apoiando também financeiramente, pagando as provas”, conta o jovem.

O processo de avaliações é bem caro, e precisa ser pago em dólares. As três provas exigidas tem valores que variam de US$ 80 a US$ 215 (de R$ 384 a R$ 1 mil, atualmente). “Meus pais conseguiram pagar com aperto, porque realmente é muito caro. Além disso tive apoio de uma mentoria em 2018 então não arquei com os custos das primeiras provas”, conta.

Gabriel conta que teve, também, o apoio da escola. Aluno do SESI Djalma Pessoa, ele conta que as atividades extras que pode fazer na escola também ajudaram muiito no processo."Estudei numa escola muito voltada para exatas, mas pude também desenvolver o interesse pelas relações internacionais", conta o rapaz.Um dos projetos que participou foi o Parlamento Jovem Brasileiro, projeto da Câmara dos Deputados onde jovens vão vivenciar a rotina de um deputado por uma semana em Brasília.

Ano sabático Depois de não ter passado na primeira tentativa, Gabriel tirou o ano de 2019 para se preparar e tentar de novo. Além de repetir as provas, ele aproveitou o período para engordar o currículo de atividades extracurriculares. O jovem então participou da criação de duas plataformas que tem relação direta com seu sonho: a Academicos (@oficialacademicos) que reúne oportunidades de atividades extracurriculares para jovens e a Super Mentor (@supermentor_) com material de estudo e dicas para estudantes que, como ele, querem estudar nos Estados Unidos. 

Além dos sites, Gabriel também se envolveu na criação de uma conferência online e internacional sobre engenharia política. A ideia nasceu em conjunto com colegas de todo o mundo que Gabriel conheceu em um curso de férias que fez em Yale, também nos Estados Unidos.“Estar lá foi fantástico, foi uma experiência nova que agora eu vou poder expandir por quatro anos. Fico ansioso para chegar logo o momento de concretizar esse sonho”, diz ele.Perseverança Se agora é apenas a ansiedade da espera, Gabriel precisou de foco para não desistir após a primeira tentativa. “Minha família foi fundamental, me deixando ficar esse ano em casa, sem começar os estudos aqui no Brasil, só me preparando. Eu decidi tentar novamente porque eu sabia o que eu precisava pra passar e que eu tinha o potencial para passar”, acredita ele. 

A perseverança deu certo, e é a dica do jovem para quem, como ele, sonha em estudar fora.“Se envolvam com profundidade em tudo que forem fazer, é uma oportunidade de conhecer um mundo novo, pessoas e culturas diferentes. Sempre estava explorando tudo, buscando formas de me aperfeiçoar e me imergir. Busque, explore, e não tenha medo e não desista”, aconselha. Para os professores, que ajudaram Gabriel na caminhada, a conquista é quase compartilhada. “A gente se realiza nos alunos, mesmo sendo eles a colher os frutos. No caso do Gabriel, ele sempre teve muito claro os objetivos, muita segurança do que queria. Acaba servindo de inspiração para outros jovens, mostrando que é possível uma conquista dessas”, acredita o professor de sociologia Leandro Passos, que orientou o estudante em alguns dos projetos extraclasse.

Olhando para o futuro, Gabriel ainda não sabe exatamente para onde os estudos americanos vão lhe levar. “Eu sempre achei que queria fazer engenharia e agora fui para outro caminho. Lá vai ser tudo tão diferente que posso mudar de vontades e ambições. Prefiro experimentar tudo, não tenho uma resposta fechada”, avisa.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier.