Baianos agora dividem a fé em Antônio com Dulce

Os fiéis do santo casamenteiro dividem a devoção com a freira baiana, protetora dos pobres

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 03:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alexandre Lyrio

O parto estava previsto para mais algumas semanas depois. Mas, no dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, Nídia Guimarães começou a sentir fortes contrações. Logo ela, devota fervorosa do santo casamenteiro. Neste domingo, 43 anos depois, aquele filho que viria ao mundo proporcionaria a dona Nídia, hoje com 75 anos, outra grande emoção: o juiz de direito Luciano Guimarães levou a mãe para conhecer o Vaticano e acompanhar a canonização da devota número 1 de Antônio: Irmã Dulce. 

O que seria deles sem a fé em Antônio? Certamente não estariam no Vaticano assistindo de perto a cerimônia. Muitos devotos do santo se tornaram, por tabela, fiéis a Santa Dulce dos pobres. É ele, aliás, que dá nome à sua principal obra, o Hospital Santo Antônio. “Temos essa fé em comum com Irmã Dulce. Agora, como ela virou santa, nossa fé também passa pra ela”, diz dona Nídia, segurando uma água benta com a imagem de Santo Antônio.  (Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO) O filho, com o santinho e a medalha de Antônio, deu a viagem de presente pelo aniversário da mãe, dia 5 de outubro. O juiz estava visivelmente emocionado. “Sempre admirei Irmã Dulce pela obra dela, mas também pelo fato de ser devota de Santo Antônio. Quando surgiu a notícia da canonização, não pensei duas vezes. Muito da devoção que temos em Antônio agora passa um pouco pra ela. Não se engane. Muito devoto de Santo Antônio tá virando devoto de Irmã Dulce por tabela”, confirma Luciano. 

As coincidências são muitas. Como juiz, Luciano já trabalhou em várias cidades em que Santo Antônio é padroeiro. “Já trabalhei em Queimadas, Jequié e hoje trabalho em Alagoinhas, todas cidades em que o dia do padroeiro é feriado municipal. Quer dizer, a fé em Santo Antônio que sempre uniu eu e minha mãe agora vai também para Dulce. Esse aqui é o auge da nossa fé católica”, comemorou Luciano. 

A camareira Zilda Ferreira Santos, 54 anos, que atualmente mora na suíça, levou sua fé em Antônio para a Europa e para a canonização. Qual cidade ela nasceu? Santo Antônio de Jesus. Agora, ela divide a fé em Antônio com a primeira santa baiana e brasileira. “Já tive muitas graças alcançadas. Levo a fé em Antônio onde quer que eu vá. Agora, a fé também é na baiana Dulce. Certamente, terei outras tantas graças alcançadas”, disse Zilda. 

Com a camisa e a bandeira do Bahia, Zilda disse que a imagem de Santo Antônio a acompanha pela Europa por 20 anos. Agora, tem uma santa baiana que, em vida, tinha a fé em Antônio em comum. “Irmã Dulce teve uma vida exemplar e dedicada aos pobres, assim como foi Santo Antônio. Ela merece tudo isso! E eu, como boa baiana e tricolor, vou dividir a minha fé entre Antônio e ela agora”. 

Após a confirmação da santidade de Irmã Dulce, o baiano Marco Aurélio Aguiar Barreto, 60 anos, falava em fé reforçada e dobrada. Sempre frequentou a paróquia da Igreja de Santo Antônio da Barra e entregava pães a moradores de rua na Piedade. Chegou a conhecer Irmã Dulce em 1981 e pediu a bênção àquela exemplar devota de Santo Antônio. “Tenho uma imagem grande de Santo Antônio e sempre fui admirador de Dulce. Quando soube que ela era devota de Antônio, a admiração aumentou. Agora que ela é santa, pronto! Minha fé tá reforçada e dobrada”. 

O projeto Pelos Olhos de Dulce, que traz hoje a cobertura especial da canonização (páginas  3 a 16 na versão impressa do jornal), tem oferecimento do CORREIO com patrocínio do HapVida.

* Alexandre Lyrio é repórter especial do CORREIO e está em Roma para fazer a cobertura da canonização de Irmã Dulce.