Baianos nos 70 anos da TV

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  • Nelson Cadena

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A TV brasileira comemora, dia 17 próximo, 70 anos no ar. Na data, estreava a TV Tupi da Rede dos Diários e Emissoras Associadas, presidida por Assis Chateaubriand, seu principal acionista. Há quem ainda sustente a fantasiosa história de ter sido a pioneira da América Latina. Não foi. A TV mexicana a antecedeu em duas semanas. Nos bastidores do estúdio que exibiu as primeiras imagens reproduzidas em 200 monitores importados, um baiano comemorava o sucesso: Dermeval Costalima (irmão do acadêmico e publicitário Epaminondas Costalima e do antropólogo Vivaldo Costalima), responsável pela primeira grade de programação da emissora. 

Outro baiano, José de Almeida Castro, também escreveu com honra o seu nome na história da TV Brasileira. Se vivo fosse, faleceu recentemente, eu correria o risco de receber um telefonema dele apontando alguma incorreção neste artigo. Em 2000, descobriu meu contato, me passou um pito, disse: “não se meta a escrever sobre o que você não entende”. Referia-se a uma matéria de 20 laudas sobre os 50 anos da TV no Brasil, publicada em uma revista de São Paulo. Me apontou três incorreções e no dia seguinte despachou pelo Sedex uma caixa com 15 a 20 volumes, contendo artigos e discursos de Assis Chateaubriand, junto um bilhetinho elogiando o artigo e a recomendação: “Quando tiver alguma dúvida sobre o tema, me ligue”. 

“Se a aventura de Assis Chateaubriand permitiu que se antecipasse a criação da televisão no Brasil, foi, certamente, o sonho dos diretores, artistas e técnicos, que viabilizou a conquista realizada com muita paixão. Paixão que transpirava na doce e redonda figura de Dermeval Costalima, que explodia na inteligência e energia de Cassiano Gabus Mendes e que contagiava”, contou José Bonifácio Sobrinho, Boni, em artigo para seu blog sobre os pioneiros da TV. Dermeval foi diretor artístico da Tupi, junto com Cassiano lançou o teleteatro, dirigiu o drama “A vida por um fio”.  Hebe Camargo o considerava um de seus melhores amigos, ele e a sua esposa, a atriz Sarita Campos.  

Em 1959, Costalima foi indicado para a direção geral da TV Continental, pioneira no uso do videotape e do auricom, equipamento que utilizava filmes cujo som podia ser gravado simultaneamente às imagens. Convidou Hebe Camargo, que estreou no Rio de Janeiro os programas ‘Hebe comanda o espetáculo” e “O mundo é das mulheres”. Naqueles idos, Almeida Castro já era diretor geral da Tupi, alçado ao cargo em 1956, após um curso de aperfeiçoamento nos Estados Unidos. No ano seguinte, a rede associada adquiria a TV Mayrink Veiga e Almeida Castro acumulava a diretoria, ao tempo em que supervisionava a sua expansão, inclusive na Bahia, onde acompanhou de perto a instalação e estreia da TV Itapoan.  

Permaneceu mais de uma década na direção geral da Tupi, onde lançou dentre outros programas: a Discoteca do Chacrinha, o Céu é o Limite, O Grande Teatro Tupi; Teatrinho Trol; Esta é a sua Vida; Sítio do Pica Pau Amarelo; Grandes Reportagens de David Nasser, dentre outros. Em 1970, com Walter Clark, liderou o consórcio de emissoras que negociou os direitos de transmissão da Copa do Mundo com os mexicanos. Então, era diretor internacional da Rede Associada e o profissional de TV com maior trânsito e contatos no exterior. O que lhe valeu a  eleição, em 1971, como presidente da Associação Interamericana de Radiodifusão-AIR, com sede em Miami. No Brasil, presidiu a ABERT de 1972 a 1974. 

Ambos, Costalima e Almeida Castro, iniciaram as suas carreiras em Salvador: o primeiro na Rádio Commercial e no O Imparcial; o segundo em A Tarde, como auxiliar de linotipo. A sua trajetória profissional e o seu legado para a TV, contudo, se deu fora da Bahia, em especial no eixo Rio-São Paulo.