Balé Folclórico passa por mutirão de limpeza após 5 meses fechado

Diretoria contou ao CORREIO que companhia sofreu prejuízos gigantescos por causa da pandemia

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 18:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

A semana de comemoração ao aniversário de 32 anos do Balé Foclórico não foi da maneira que gestores, bailarinos e funcionários da instituição imaginavam. A companhia está parada há cinco meses: sem ensaios ou apresentações. E nesta quarta-feira (12) seus membros foram até a sede para fazer um mutirão de limpeza no local que passou todo esse tempo fechado.

Diretor-geral e um dos fundadores do Balé Folclórico, Vavá Botelho já lamentava os prejuízos quando a faxina estava ainda na metade. Ele conversou com o CORREIO enquanto a equipe de aproximadamente 20 pessoas fazia a faxina no local.

A umidade trazida pelas chuvas que caíram em Salvador deixou alguns rastros na sede, um teatro que fica na Rua Maciel de Baixo, no Pelourinho. Os três computadores usados pela administração pararam de funcionar. O piso das salas de aula está 'completamente perdido' enquanto os da salas administrativas 'é tabuado e com as goteiras levantou completamente'.

O mutirão de limpeza também descobriu preocupações com o figurino. As roupas brancas estão com marcas de umidade e um mofo que são difíceis, ou quase impossíveis, de limpar. Algumas peças não poderão ser reutilizadas."Ficamos esses cinco meses sem vir aqui então a situação é bem complicada para nós. Estamos nos virando da melhor forma possível", conta.Dói olhar para todo o prejuízo físico. Em outubro do ano passado o Balé Folclórico fez uma reforma geral em suas dependências. Desde o mobiliário até parte da estrutura física foi reformulada. O pagamento foi feito "a várias prestações porque não imaginávamos viver esse cenário", diz Vavá. Só que ele veio, interrompeu a chegada de dinheiro, mas não conseguiu fazer o mesmo com a chegada das contas.

"Estamos inclusive respondendo judicialmente em relação a algumas dívidas. Além disso temos problemas para pagar contas de água, energia e essas despesas básicas do dia-a-dia", conta. Chão da sala de ensaio precisará passar por reforma após sofrer danos causados pela umidade e o tempo parado (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Um empréstimo de R$113 mil reais foi tomado em nome do próprio diretor para conseguir pagar os salários dos meses de fevereiro, março e abril. Todos os funcionários da companhia passaram esse tempo sem receber desde então. Ao todo, são 42 profissionais envolvidos com o Balé Folclórico.

Para compensar o restante das dívidas, o Balé abriu uma vaquinha virtual com a meta de levantar R$250 mil. Uma ajudinha especial ajudou a elevar as contribuições de aproximadamente R$20 mil para quase R$192 mil: o apelo de Caetano Veloso em sua live. O cantor baiano também deixou o link disponível em seu Instagram.

Segundo Vavá Botelho, há a expectativa de receber outros investimentos. Uma verba do Fundo de Cultura do Governo do Estado é aguardada para ajudar a sanar parte do prejuízo, que ainda nem foi calculado. Para garantir a sua sobrevivência, o Balé Folclórico precisará de um verdadeiro mutirão que ajude a limpar toda a sujeira e prejuízos deixados pela pandemia.