Balé Folclórico retorna com oficinas, nova montagem e a certeza da força do coletivo

Companhia baiana volta aos palcos no dia 29/04 e anuncia projetos e apoios financeiros

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 7 de abril de 2022 às 06:00

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O Balé Folclórico da Bahia está de volta após dois anos de hiato. Cheio de esperança,  projetos e realizações e com apoios institucionais e financeiros à altura de seu tamanho. Referência da cultura brasileira e até nome de rua no exterior, a companhia retorna para comemorar seus 34 anos, buscando o reconhecimento que ainda falta na sua história de maneira mais massiva: o de sua própria terra.

Na última quarta-feira (6), o Balé Folclórico fez um evento para anunciar todas as novidades no Hotel Fasano, em frente à Praça Castro Alves, no centro da cidade. Na celebração, houve uma performance inédita do grupo e quem esteve ali pode se sentir na presença de orixás, com uma apresentação potente, digna de arrancar lágrimas - inclusive deste que aqui escreve.

CONHEÇA O CORREIO AFRO A programação de retorno é gigantesca e já começa no próximo dia 29. Fundador e diretor-geral da companhia, Vavá Botelho deu todos os detalhes. “Seguramente, somos um dos principais embaixadores da cultura popular brasileira e afro-baiana para o mundo”, destacou Vavá, após a exibição de um minidocumentário que contou com a participação de nomes como Ana Botafogo, Caetano Veloso, Zebrinha e Carlinhos de Jesus, falando porquê o BFB é tão importante dentro e fora do país.

Além de shows e exposição, o Festival do Balé Folclórico, que acontece entre  abril e novembro, inclui uma ampla programação socioeducativa, com oficinas gratuitas em comunidades. O festival conta com o estimulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem patrocínios do Banco Votorantim e do Instituto Cultural Vale. “O retorno é um projeto muito arrojado, contundente. Teremos ações com oficinas em mais de 10 comunidades de Salvador e Lauro de Freitas. Parte dos alunos vão montar um espetáculo inédito para apresentar em teatros e centros comunitários, além de abrir a apresentação principal do Balé em Novembro, no Teatro Castro Alves”, detalha Vavá. A programação completa com datas está no final da reportagem.

Além dos patrocínios citados, a Companhia também fechou parceria com a Hurb (Hotel Urbano), uma das maiores empresas de viagens sediadas no Brasil e que vai fazer ações de promoção do Balé. A primeira delas será comprar uma série de espaços no aeroporto de Salvador e instalar fotos gigantes do grupo, instigando os turistas que desembarcam na cidade a conhecê-lo.

Leia também: Os perrengues e lutas do Balé Folclórico durante a pandemiaSede do Balé Folclórico, Teatro Miguel Santana é invadido por bandidos Balé Folclórico passa por mutirão de limpeza após 5 meses fechado Aclamado no mundo todo, Balé Folclórico da Bahia faz vaquinha virtual Balé Folclórico da Bahia reabre campanha de doação Vavá Botelho detalha como será o retorno do Balé Folclórico da Bahia em 2022 (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Passo 1: Pelourinho

A volta do Balé Folclórico ao palco do Teatro Miguel Santana, sede da companhia no Pelourinho, acontece no dia 25, às 19h, com uma apresentação especial para convidados. E para o público geral a  partir do dia 29, Dia Internacional da Dança, no mesmo horário. “Se precisar se apresentar 11h, 10h, iremos. Sabemos que existe uma demanda turística bem interessante nesses hora rios e estamos dispostos a nos apresentar quando for necessário”, garante Vavá. Neste primeiro momento, serão três apresentações semanais, às segundas, quartas e sextas. 

O motivo para toda essa correria é a percepção de que continuar com o BFB é manter vivo um sonho coletivo - diferente do que era há 34 anos, quando Vavá fundou a companhia por um sonho particular. “Foi por isso que eu entendi que não tinha o direito de parar. Pensei em fechar a companhia, mas não tenho esse direito”.    Minidocumentário sobre o Balé Folclórico teve falas de Caetano Veloso. Assista completo no vídeo acima (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Neste primeiro momento o Balé fará apresentações três dias da semana, às segundas, quartas e sextas, às 19h. Os ingressos terão o mesmo valor de 2020, com a meia-entrada promocional valendo para todos, como forma de atrair o público local e fidelizar novos espectadores. O valor do ingresso promocional será de R$60,00.

Oficinas

Além dos espetáculos, o Balé inicia uma série de oficinas em parceria com a Fundação Gregório de Matos (FGM), nos Espaços Culturais Boca de Brasa, presente no Subúrbio 360, Cajazeiras, Centro Histórico e Valéria.

A ideia é descentralizar as oficinas ao máximo, para poder alcançar diversos públicos e seguir com a história do balé, que já formou mais de 800 artistas - como dançarinos, diretoras, coreógrafas, produtores e etc.

“A companhia tem no seu DNA a vocação para o trabalho social. Nestes 34 anos já formamos mais de 700 bailarinos, a maioria deles oriundos de comunidades de baixa renda. Muitos bailarinos, que aprenderam os primeiros passos de dança no Balé Folclórico da Bahia, ganharam o mundo e hoje brilham em companhias internacionais em vários países da Europa e nos Estados Unidos”, enumera Vavá, antes completar que o trabalho artístico deve andar de mãos dadas com a função social.

Além do aprendizado, os participantes das oficinas terão também a oportunidade de participar de audições para integrar o grupo. “A partir dessas oficinas vamos também identificar talentos, que podem compor o novo corpo de baile da companhia”, explica Vavá. As inscrições para as oficinas são gratuitas e para participar é preciso ter no mínimo 16 anos. Não é preciso ter formação prévia em dança ou percussão. Cada oficina tem duração de seis dias e as aulas acontecem de segunda a sábado.

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As inscrições para as oficinas são gratuitas e para participar é preciso ter no mínimo 16 anos de idade e preencher a ficha de inscrição clicando neste link. Não é preciso ter formação prévia em dança ou percussão. Cada oficina tem duração de seis dias e as aulas acontecem de segunda-feira a sábado (segunda a sexta das 18h às 21h e no sábado das 14 às 17h).

Passo 2: Nova Montagem 

No segundo semestre, o desafio da companhia é preparar o novo corpo de baile e montar as coreografias para o novo espetáculo O Balé Que Você Não Vê, que terá três coreografias inéditas: bolero (nome provisório), de Carlos Durval, Okan, de Nildinha Fonseca e (2-3-8), de Slim Mello. Todos os três espetáculos foram criados em 2018, para celebrar os 30 anos da companhia, mas não foram apresentadas ao público, poor falta de patrocínio.

O corpo de baile será composto com os bailarinos que permaneceram na companhia (desde o início da pandemia, muitos tiveram que buscar novas formas de trabalho e deixaram o grupo) e com os novos integrantes selecionados a partir das oficinas.

O espetáculo inédito será apresentado no Teatro castro Alves, entre os dias 17 a 20 de novembro. A data não foi escolhida por acaso: o Mês da Consciência Negra também foi escolhido, de maneira proposital, para uma exposição batizada de O Olhar do Tempo, com curadoria e projeto expográfico de Rose Lima, que contará, de forma  interativa, a história dos 34 anos do grupo baianos. A exposição será aberta ao público no dia 1º de novembro e ficará em cartaz durante todo o mês de novembro, aberta ao público no Foyer do TCA, com visitação gratuita.

A mostra vai destacar momentos marcantes do BFB, que já se apresentou em mais de 300 cidades e 27 países, incluindo Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, França, Holanda, Suíça, México, Chile, Colômbia, Finlândia, Suécia e África do Sul, dentre outros. 

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Calendário 1: Programação de oficinas

 O início das oficinas de dança afro-brasileira e percussão acontece no dia 18/4 e a finalização no dia 18/6:Pelourinho: Teatro Miguel Santana (18 a 23/04) Bairro da Paz: Programa Avançar (25 a 30/04) Cajazeiras: Boca de Brasa Cajazeiras (02 a 07/05) Lauro de Freitas: Centro Cultural Lauro de Freitas (9 a 14/05) Ribeira: Mercado Iaô (9 a 14/05) Garcia: Colégio Edgar Santos (16 a 21/05) Plataforma: Teatro de Plataforma (23 a 28/05) Vista Alegre: Subúrbio 360º (30/05 a 4/06) Abaeté: Malê Debalê (6 a 11/06) Liberdade: Sede do Ilê Aiyê (13 a 18/06) Calendário 2: De volta ao PelourinhoDia 25/04: Reestreia. 19h. Espetáculo fechado para convidados Dia 29/04: Reestreia para o público geral. 19h. A partir de então, apresentações fixas em três dias da semana: segundas, quartas e sextas, sempre às 19h. Ingressos: R$60. Calendário 3: Espetáculos e Exposição no TCA (Novembro)

O Balé Que Você Não Vê: Sala Principal do TCAdia 17/11: espetáculo gratuito para escolas públicas das redes municipal e estadual; dia 18/11: espetáculo para público pagante às 21h. dia 19/11: espetáculo para público pagante às 21h. dia 20/11: espetáculo para público pagante às 20h. Exposição “O Olhar do Tempo”: gratuita, de 1 a 31 de novembro, no Foyer do TCA