Bancos: o governo faz parte do cartel

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  • Armando Avena

Publicado em 28 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Quando o leitor aplica seu dinheiro num banco, recebe no máximo 6% ao ano de juros, mas quando toma um empréstimo pessoal no mesmo banco, tem  de pagar 108% de juros.  A taxa básica de juros do país, a chamada Selic, está em 6,5% ao ano, a mais baixa taxa em 30 anos, no entanto os bancos estão cobrando juros de 350% ao ano no cheque especial e quase 300% no cartão de crédito. Juros dessa magnitude envergonhariam qualquer agiota, mas no Brasil, entra governo e saí governo e os bancos continuam explorando os brasileiros.  Definitivamente há algo de podre no sistema bancário brasileiro, afinal,  como explicar que as taxas cobradas pelos bancos brasileiros sejam até 50 vezes maiores que a taxa de juro básica da economia. 

Essa discrepância é sempre explicada por uma palavra maldita, o spread, que é a diferença entre os juros pagos pelos bancos na captação de recursos e a taxa cobrada por eles quando emprestam o dinheiro ao consumidor. O Brasil tem o segundo maior spread do mundo, abaixo apenas de Madagascar e governo e os bancos apresentam reiteradamente as supostas causas do spread ser tão alto. A primeira seria o alto nível de inadimplência. Ora, a inadimplência é elevada exatamente porque as taxas de juros cobradas são escorchantes. É, portanto, um círculo vicioso: os juros altos causam a inadimplência e essa inadimplência é causa dos juros alto. 

A outra causa do spread seria o alto custo dos serviços, mas quem tem conta em banco sabe que tudo que faz ali é cobrado e o custo da cesta de serviços é um dos mais altos do mundo. A elevada carga tributária também seria responsável pelo spread alto, mas essa carga também é alta para os demais segmentos da economia e porque só os bancos têm o direito de repassá-los integralmente ao consumidor. Ora, na verdade o spread é alto no Brasil não por causa da inadimplência ou dos impostos, mas por causa do cartel estabelecido no setor e dos superlucros que auferem as instituições financeiras. 

O cartel dos bancos impede a competição e garante superlucros para todos e o governo não interfere nesse cartel porque faz parte dele. Entre os 5 bancos que controlam mais de 85% do crédito bancário no Brasil, dois são estatais e nenhum governo tem interesse de acabar um cartel do qual ele faz parte. Os lucros não são iguais para todos, pois existe competição no mercado publicitário, mas as margens são mais ou menos as mesmas. Para completar, o governo federal não tem interesse em intervir no mercado bancário, pois é ele quem financia o rombo das contas públicas, comprando os títulos do governo. 

Há, na verdade, um conluio entre o governo e o sistema bancário e isso permite que os bancos brasileiros tenham os maiores lucros do planeta, com o retorno sobre o patrimônio líquido da ordem de 15%, quando em países onde existe a competição não passa de 3%, no máximo 5%. Infelizmente, todo e qualquer governo é cooptado pela máquina de fazer dinheiro sem produzir e o governo Bolsonaro que havia prometido pôr fim ao cartel já não fala mais no assunto. Enquanto isso os bancos lucram, os juros  altos aumentam o custo Brasil e desestimulam o investimento. A tecnologia vem introduzindo um sopro de competição com os bancos digitais e as fintechs, mas que são um pingo no oceano da ganância bancária.

Se o Brasil deseja realmente modernizar sua economia e voltar a crescer não basta, portanto, aprovar a reforma da Previdência será preciso também fazer uma reforma bancária, abrindo o mercado para bancos estrangeiros, que fariam menor mal ao país e aos brasileiros do que os bancos nacionais que têm como  único objetivo obter lucros cada vez maiores.

A  PRIVATIZAÇÃO DA BAHIAGÁS O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou na última segunda-feira o fim do monopólio da distribuição de gás natural e a adoção de incentivos para os estados que abrirem mão voluntariamente do monopólio de distribuição de gás natural. O preço do gás natural  é uma das maiores queixas dos empresários baianos, e, segundo eles,  isso ocorre porque não há competição no setor, já que a Bahiagás, empresa de economia mista controlada pelo governo do estado, é a única fornecedora. Muitos empresários acreditam que a privatização da Bahiagás daria um choque de competitividade no setor, pois as empresas poderiam comprar gás diretamente do produtor sem passar pelo estado, o que viabilizaria  contratos de longo prazo e provavelmente redução de preços. E abriria espaço para novos investimentos.  O governo federal promete injetar recursos nos estados que aceitarem a privatização e viabilizar empréstimos com garantias da União em estados que, como a Bahia, não têm acesso a  esse aval.

MOVIMENTAÇÃO NOS PORTOS A movimentação portuária no Porto de Salvador atingiu 1,8 milhão de toneladas entre janeiro e maio deste ano, registrando um incremento de 20%. Se o dinamismo do terminal de Salvador é nítido, não se pode dizer o mesmo do Porto de Aratu, cuja movimentação de 2,4 milhões de toneladas cresceu apenas 2%. Já em Ilhéus, a movimentação de cargas caiu quase 30%. As informações são da Codeba – Companhia de Docas do Estado da Bahia.

MERCADO LGBT A chamada economia LGBT, sigla que reúne, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais,  não para de crescer, embora muitos empresários não se deem conta do potencial desse mercado. No Brasil, 9,5 milhões de pessoas se declaram LGBT, mas estima-se que o número seja praticamente o dobro. Esse mercado cresce, porque é formado, em sua maior parte, por uma população de maior poder aquisitivo. Estudos de mercado disponíveis estimam que no Brasil  cerca de 36%  das pessoas que se declararam LGBT seriam da classe A e  47% da classe B. São meras estimativas, mas o mercado cresce de forma acelerada, embora ainda exista muito preconceito nos investidores, principalmente no Nordeste. Para montar um estabelecimento voltado para esse público é necessário, no entanto, ter uma equipe profissionalizada e que não se deixe levar pelo preconceito. Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Belo Horizonte e Salvador são consideradas cidades gay friendly, mas por aqui ainda são poucos os empreendimentos especializados nesse público. O presidente Bolsonaro pode não gostar muito do rótulo gay friendly, mas quem investe no setor tem gostado do retorno econômico.

MAIS LOJAS COMERCIAIS Em 2017, a Bahia tinha quase 100 mil lojas comerciais, sendo o 6º estado no ranking nacional, um crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior.  O número de trabalhadores nesses estabelecimentos chegava a 501 mil pessoas, um crescimento de 5,3% em relação ao ano anterior,  e colocava o estado na 7ª posição entre os estados brasileiros que mais empregam na área comercial. Os dados foram divulgados esta semana pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.