Basf e Braskem eleitas empresas líderes no desenvolvimento sustentável

A escolha ocorreu na Cúpula de Líderes do Pacto Global da ONU; suas ações também são realizadas na Bahia

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 13 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Vaner Casaes/Divulgação

Durante a Cúpula de Líderes do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), as empresas BASF e Braskem foram eleitas como empresas líderes na implementação de ações de desenvolvimento sustentável condizentes com o próprio Pacto Global e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mais que uma honraria, a escolha dessas empresas mostra que desenvolvimento com responsabilidade ambiental não é um ideal, mas uma meta possível e necessária. A Braskem, hoje uma multinacional, nasceu na Bahia e ainda mantém uma unidade no estado. A alemã Basf também tem uma unidade na Bahia.

De acordo com o diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, Jorge Soto, a honraria é resultado de uma política que busca integrar a visão estratégica e operacional da empresa. “Nossa política de sustentabilidade está pautada em três pilares: operações e recursos sustentáveis, onde buscamos trabalhar para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, usando outras formas de energia; um portfólio de produtos com base renovável, a exemplo de biopolímeros; e investimento no social”, esclarece Soto.

Ele destaca ainda que para conquistar o reconhecimento da ONU, a empresa investiu em duas plataformas: clima e inovação para sustentabilidade. Só para se ter uma ideia do que isso representa, basta lembra que de 2008 até 2017, a empresa conseguiu reduzir em 20% a emissão de gases causadores do efeito estufa.  Os biopolímeros possibilitam a produção de produtos plásticos que são recicláveis e não vão para a natureza, reduzindo a poluição do meio ambiente (Foto: Divulgação) Com uma postura parecida, a representante da Junta Diretiva da BASF, Saori Dubourg, fez questão de ressaltar que a BASF defende que a condução responsável do negócio é um pré-requisito para alcançar os ODS. “O sucesso do negócio não se resume a gerar lucros, mas também a criar valor para a sociedade e para o meio ambiente”, diz.

O gerente de Sustentabilidade da BASF para América do Sul, Emiliano Graziano, ressalta que a sustentabilidade e inovação são forças que caminham juntas na estratégia para redução de riscos e identificação de oportunidades para geração de impacto positivo na sociedade.  “Por isso, obtemos insumos com responsabilidade; produzimos com segurança, pensando nas pessoas e no meio ambiente; atuamos como um parceiro justo e confiável; e fomentamos soluções e produtos sustentáveis”, afirma Graziano, salientando que, na Bahia, a sustentabilidade é percebida em toda a cadeia do Complexo Acrílico da BASF, em Camaçari (BA), desde a contratação de mão de obra local até a produção realizada com uso eficiente de recursos e projetos sociais, além do desenvolvimento de soluções inovadoras para os clientes. “Além disso, a empresa definiu globalmente seis dos 17 ODS para os quais nossos produtos e soluções apresentam uma contribuição mais efetiva: Água Limpa e Saneamento; Emprego Digno e Crescimento Econômico; Consumo e Produção Responsáveis; Energia Acessível e Limpa; Indústria, Inovação e Infraestrutura e Combate às Ações Climáticas”, completa.

Sustentabilidade baiana

A promoção da cidadania e da educação socioambiental nas comunidades do entorno ocupam um lugar de destaque no investimento social privado da Braskem. Exemplo de um desses investimentos é o programa Ser + Realizador, que tem como objetivo desenvolver a reciclagem na Bahia, com inclusão social e incremento de renda. Desenvolvido pela Braskem em parceria com a cooperativa Mãos Verdes, o programa já alcançou 40 unidades de triagem em quatro estados brasileiros, sendo seis delas na Bahia: Coopmarc (Camaçari), Camapet, Cooperguary e Cooperbrava (Salvador), Caelf (Lauro de Freitas) e Verdecoop (Distrito de Porto de Sauípe, em Entre Rios).

“Essa é uma iniciativa de cooperação técnica e financeira que promove a inserção social e econômica de catadores de materiais recicláveis como empreendedores. Nosso objetivo é proporcionar mais dignidade a esses trabalhadores que contribuem para a preservação do meio ambiente, através da reciclagem”, ressalta Milton Pradines, gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia e Alagoas.

Através de capacitações profissionais, assessorias técnicas e reestruturação de unidades de triagem, o programa Ser + Realizador possibilitou a comercialização de quase 4 mil toneladas de resíduos na Bahia nos últimos três anos, o que beneficiou diretamente 136 catadores, que tiveram sua renda média (R$ 761,66) dobrada.

A parceria especializada da Mãos Verdes, que tem grande experiência no processo de reciclagem de Porto Alegre, melhorará a capacitação de trabalhadores da reciclagem e estruturar unidades de triagem na Bahia, com a possibilidade de propor ou transformar os serviços prestados em políticas públicas. A nova fase do programa tem quatro eixos de atuação: padronização de processos e produtos; melhoria na qualidade e quantidade do material coletado; aumento da renda média das cooperativas; e melhoria da gestão com indicadores de desempenho.

Na primeira etapa, concluída em abril, as unidades de triagem foram avaliadas e, em maio, a partir da análise de desempenho, estão sendo construídos os planos de ação de melhorias para cada uma.

Já o Programa de Educação Ambiental (PEA) alia os pilares da educação e meio ambiente, através da Estação Ambiental Braskem, no Eco Parque Sauípe, situado no município de Mata de São João, a 77 km de Salvador. A Estação visa contribuir para a educação de jovens estudantes, moradores das comunidades vizinhas do Polo Industrial de Camaçari, beneficiando, principalmente, as cidades de Camaçari, Simões Filho, Dias D’Ávila e Mata de São João. Desde junho de 2014, quando o equipamento foi inaugurado, até maio de 2018, a Estação Ambiental Braskem recebeu mais de 35.835 visitantes. Até 30 de abril de 2018, o PEA sensibilizou 2.524 pessoas, produziu 5.855 mudas na Bahia e plantou em zonas urbanas e rurais 4.851 mudas.

Desenvolvimento sustentável

A atuação sobre sustentabilidade no Complexo Acrílico da BASF, em Camaçari, também está em linha com os seis Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) escolhidos como prioritários pela BASF. “Sobre o ODS relacionado a Emprego Digno e Crescimento Econômico, a BASF acaba de lançar o programa Engenheiros do Futuro, para contratação de jovens recém-formados no estado da Bahia, entre dezembro de 2016 e dezembro de 2018. O programa reforça a política da BASF de inclusão e valorização à diversidade, além de valorização à formação local”, esclarece Emiliano Graziano.

Segundo o representante da empresa, a iniciativa visa a valorização dos jovens talentos formados nas universidades baianas. “O programa prevê posições de engenharia para atuação nas unidades de Camaçari (BA) e Guaratinguetá (SP). Além do recorte de diversidade, a empresa procura profissionais com 'perfil digital' e potencial para preencher posições-chave e de liderança nas áreas técnicas e de produção”, destaca.

Graziano afirma que, quanto aos impactos ambientais, no Complexo Acrílico de Camaçari há sistemas e iniciativas de controle ambiental, além de todo o monitoramento de sua área de influência. “Vale destacar que a estratégia de sustentabilidade da BASF é desdobrada em metas arrojadas, que envolvem desde a avaliação de fornecedores em aspectos sociais e ambientais até o uso eficiente de recursos naturais”, pontua, destacando a meta de redução global em 40% das emissões de gases de efeito estufa/tonelada de produto vendido até 2020; implantação de sistemas de gestão sustentável de água em 100% das localidades que possuem estresse hídrico, cujo valor alcançado até 2017 foi de 45,2%.

“A BASF também conta meta de aumentar a eficiência energética das unidades da América do Sul em 7% até 2025”, diz Graziano, salientando que a empresa alcançou globalmente 35,5% de redução na emissão de gases poluente no final  de 2017.

Nesse mês, a BASF lançou ainda o projeto Triple E (EfficiencyExcelência em Eficiência Energética) na unidade de Camaçari (BA). Iniciado no Complexo Químico da BASF em Guaratinguetá (SP), em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), o projeto tem como objetivo melhorar os índices energéticos e de sustentabilidade, além de aumentar a competitividade da companhia na América do Sul.

Com o projeto, 105 iniciativas foram aprovadas para melhorar a eficiência energética com potencial de economia de R$ 11,9 milhões nos custos e redução de 6.100 toneladas/ano de emissão gases CO2eq. “Apenas com a energia reduzida por meio projeto poderíamos abastecer o consumo de 22 mil residências em um ano. Com isso, a BASF foi a primeira indústria química certificada pela ISO 50001 de Eficiência Energética no Brasil”, garante Graziano. “O foco inicial será a identificação de oportunidades de melhoria de processos”, finaliza.

Cuidados com o manancial hídrico

O reuso de água já se consolidou como importante ferramenta no enfrentamento da crise hídrica que atinge os grandes centros urbanos. Com relação à água, a BASF tem metas para a redução do consumo do recurso em suas unidades fabris: na América do Sul, o objetivo é reduzir o consumo em 20% entre 2016 e 2025. Também há meta para redução de 40% de emissões de gases de efeito estufa por tonelada métrica de produto de vendas. Ao final de 2017, a BASF já havia atingido a redução de 35,5% de emissões.

No Polo Industrial de Camaçari, a Braskem também consegue economizar até 443 mil litros de água por hora. A quantidade de água poupada pela empresa em seus processos industriais é o equivalente ao consumo médio de água potável de uma cidade de cerca de 114 mil habitantes. Essa economia só é possível através do projeto Água Viva, que reutiliza águas proveniente de efluente industrial tratado.  A empresa lançou ainda o PIIPEE, solução biodegradável que elimina em 100% o uso da descarga ao urinar.  O dispositivo foi implantado em abril, nos mictórios masculino das plantas industriais da empresa. “O Piipee atua nas características físico-químicas da urina ao remover o odor e alterar a coloração e higienizando o vaso. A solução foi uma das 12 selecionadas em 2016 na segunda edição do Braskem Labs, programa de incentivo a negócios voltados à sustentabilidade e à inovação”, diz o representante da empresa.

A expectativa é que o dispositivo gere uma economia mínima de 2.500 litros de água por hora, o que equivale a uma redução de até 80% do consumo de água nos mictórios. A quantidade de água poupada pela Braskem equivale ao consumo médio de água potável de uma cidade de cerca de 114 mil habitantes (Foto:Vaner Casaes/Divulgação) Para contribuir com o debate e o desenvolvimento de soluções sustentáveis, a Braskem lançou ainda, em março desse ano, durante o Fórum Mundial da Água, em Brasília, a plataforma global de conteúdo Bluevision (www.bluevisionbraskem.com). O objetivo é produzir um conteúdo relevante que leve as pessoas à reflexão e também a uma nova forma de interação com o meio em que vivem.