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Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2021 às 05:30
- Atualizado há um ano
No dia 22 de maio se comemorou o Dia Internacional da Biodiversidade. Diversos são os acordos mundiais que buscam tratar do tema, sendo o mais conhecido deles a Convenção sobre a Diversidade Biológica, primeiro tratado mundial sobre a utilização sustentável, conservação e repartição equitativa dos benefícios derivados da biodiversidade. Ele foi assinado durante a Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992), por mais de 150 países, entre eles o Brasil. Também durante a Eco-92 foi criada a Convenção sobre o Clima.
Como você pode imaginar, muitos estudos relacionam biodiversidade e mudanças climáticas, afinal, o clima é um fator determinante para a distribuição dos seres vivos no planeta. A maior parte destes estudos aponta o quanto a diversidade biológica de todo o planeta está ameaçada pela mudança global do clima e, em contrapartida, o quanto as algas e as árvores possuem um papel imprescindível no serviço ecossistêmico de absorção do gás carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Assim, além da preocupação com a fauna e a flora, proteger mares, florestas e todos os tipos de habitat torna-se essencial neste complexo momento planetário.
Diante disso, muitas das ações voltadas à redução das mudanças climáticas - conhecidas por seu termo técnico “mitigação” -, são voltadas para a proteção da biodiversidade. Empresas, organizações não governamentais e até mesmo governos de todo o mundo vêm realizando projetos de proteção de áreas naturais e também de reflorestamento de áreas degradadas. Isso é extremamente relevante!
No entanto, conforme recente estudo publicado em 2021 por universidade britânica¹ , especialmente em um momento em que estamos sendo forçados a repensar a economia global no contexto de pós-pandemia e formas de reconstrução, é necessário que a biodiversidade seja incluída nessa reflexão de maneira mais profunda. Não bastam tentativas de proteção da biodiversidade dentro dos modelos atualmente vigentes, se queremos estar preparados para a recuperação das economias ao mesmo tempo em que enfrentamos as mudanças climáticas². Faz-se necessário, por exemplo, novas normas de regulação do comércio e dos investimentos, com a extinção de subsídios a negócios nocivos aos ecossistemas terrestres. Também é necessário “cobrar a conta”. Após quase trinta anos da Convenção da Biodiversidade, apenas 58% dos recursos previstos para serem pagos pelos países ricos foram efetivamente destinados para sua proteção.
Infelizmente, ainda há pouco para se comemorar e muito a se refletir no Dia Internacional da Biodiversidade. Em realidade, precisamos sair da reflexão e partir para a ação. A tomada de decisão e a busca de soluções depende de gestores públicos e privados em todo o planeta, e também de cada um de nós.
Andréa Ventura é professora da EAUFBA e coordenadora do grupo de pesquisa GpS – Governança para Sustentabilidade e Gestão de Baixo Carbono (http://gps-pesquisa.com.br/).
1 - Bigger, Patrick & Dempsey, Jessica & Christiansen, Jens & Rojas-Marchini, Fernanda & Irvine-Broque, Audrey & Nelson, Sara & Disilvestro, Adriana & Schuldt, Andrew & Shapiro-Garza, Elizabeth. (2021). Beyond The Gap: Placing Biodiversity Finance in the Global Economy. 10.13140/RG.2.2.10618.21449 2 - Nature-based solutions can help cool the planet — if we act now Nature 593, 191-194 (2021) doi: https://doi.org/10.1038/d41586- 021-01241-2