Bissexualidade além dos mitos da indecisão e covardia

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  • Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2021 às 05:10

- Atualizado há um ano

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No último dia 17, o CORREIO repercutiu a reação de fãs ao anúncio de que o Superman atual, filho de Clark Kent, é bissexual. Dean Cain, ator que fez o super-herói na TV, disse que não passava de modismo. Como tudo o que envolve a sexualidade humana, a questão não é tão simples. Não diria que é jogada de marketing, mas uma tendência natural. As pessoas, seja pela liberdade construída, pela oferta de conhecimento e de espaços para debate, estão cada vez mais abertas a explorar a natureza sexual. Essa liberdade de experimentação e a busca por satisfazer um desejo ou curiosidade, no entanto, não torna a pessoa bissexual, necessariamente. Experiências esporádicas, como beijar na balada por euforia ou para se sentir parte de um grupo, não definem a orientação de ninguém e talvez por isso, a bissexualidade seja vista como um campo apenas de experimentação e 'lacração'.  

Bissexuais acabam sendo igualmente vítimas de preconceitos, inclusive no meio LGBTQIA+, vistos como pessoas confusas ou medrosas, que não fizeram seus relacionamentos darem certo e partiram para uma "última tentativa" ou que não têm coragem de assumir a homossexualidade. O sistema patriarcal nos força a dividir a humanidade em duas partes, o homem e a mulher, por necessidade de classificação ou direcionamento e temos dificuldade de lidar com a ambiguidade. Com isso, muitas pessoas renunciam a aspectos importantes de suas personalidades, reduzindo suas experiências dentro dessa dualidade.

Além do preconceito, ainda existe a fetichização da bissexualidade feminina, fruto da sociedade machista. Mulher com mulher dá audiência e a sociedade aceita mais facilmente. Até mesmo um homem lida melhor com uma namorada que já teve experiências com outras mulheres do que a situação oposta. Só que a sexualidade não é imutável e pode ser expressa de diversas formas, mais direcionadas a um único gênero ou mais abertas. Esse entendimento facilita a compreensão dos mitos em torno da bissexualidade, como o de que bissexuais sentem igual atração entre homens e mulheres. A manifestação da orientação vai depender de cada ser, do momento e dos focos de seu desejo sexual. Não há regras para qualquer orientação.

É importante desmistificar que a bissexualidade é uma "uma fase". O gatilho para a expressão dela pode ser um processo de autoconhecimento e autoaceitação, que vem com a consciência de que é possível sentir atração por pessoas e criar vínculos afetivos tanto com um gênero e depois outro, quanto com os dois simultaneamente. A orientação sexual é um movimento fluido. Tem pessoas que sentirão atração pelo mesmo gênero a vida toda, mas não podemos dizer como os outros devem amar apenas porque esse grupo é visto como padrão.

George Ferrari é sexólogo e urologista.