Black Friday: eletrônicos são os mais cobiçados pelos consumidores

Maratona de compra e venda toma conta de Salvador nesta sexta-feira

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  • Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Perla Ribeiro/CORREIO

O que fazer com R$ 400 na conta? Para Mariana Gama, o mais correto é comprar aquela bolsa de R$ 300 que ela viu na vitrine e se apaixonou imediatamente. E foi o que a estudante de 24 anos fez. No restante do mês, ela se contentou em passar os dias olhando a caríssima bolsa e se alimentando da felicidade que ela oferecia. “Comprar é o meu dom”, garante ela, que já sabe que vai sair de casa nesta sexta-feira (23) para aproveitar as ofertas da Black Friday.

O evento tradicional dos Estados Unidos, que já entrou no calendário de final de ano no Brasil como termômetro para as vendas de Natal, deve aquecer o comércio baiano neste final de semana. Entre os produtos mais cobiçados, segundo os organizadores, estão os smartphones, eletrônicos, eletrodomésticos, roupas e calçados. Mariana Gama diz que tem o dom de comprar (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Em Salvador, muita gente sequer esperou a sexta-feira, propriamente dita, para comprar. Com ofertas antecipadas, houve filas em lojas de shoppings, engarrafamento para entrar em supermercado e até disputa por carrinhos de compras. Na Bahia, a estimativa é que o evento movimente R$ 92 milhões - 50% dele valor só em Salvador.

Enquanto Mariana vive a ansiedade pela Black Friday, uma outra estudante vive a frustração de não poder gastar muito nesta edição da sexta-feira do consumo. “Dessa vez eu tô quebrada e vou ficar quieta”, conta Sophia Santos, 21. Na última edição, ela aproveitou uma promoção para comprar duas sandálias por R$ 300  - fora de oferta, custariam R$ 700.

Horário especial  Para não deixar ninguém de fora dos descontos, shoppings e supermercados trabalharão com horários especiais por conta do evento. As lojas do GBarbosa Iguatemi e Costa Azul abriram nesta quinta-feira (22) à meia-noite e só fecham às 22h desta sexta (23). As demais abrem mais cedo, 6h.

O Todo Dia funciona das 7h às 20h, Sam’s Club (8h-22h), Maxxi (7h-20h), Walmart (6h-0h), Bompreço e Hiper Bompreço (7h-22h), Ferreira Costa (7h-21h). A rede Extra já tem descontos desde 20h desta quinta e segue até 0h desta sexta.

Todas as lojas do Mercantil Rodrigues abrem às 6h, mesmo horário da Perini, com exceção da loja do Costa Azul que abriu à meia-noite de quinta (22) e só fecha nesta sexta (23) às 22h. As Casas Bahia da Av. Sete abrem nesta sexta-feira das 7h às 19h.

Os shoppings terão horários especiais nesta sexta (23): Shopping da Bahia (7h-22h), Piedade (7h-21h), Outlet Premium (9h-22h), Barra (8h-23h), Paralela (9h-23h), Bela Vista (9h e 23h), Center Lapa (8h às 21h). 

Eu vim de lá Todos os anos, Nádia Naiara Santana, 19, enfrenta um desafio para aproveitar a Black Friday em Salvador. São 700 quilômetros de viagem e 12 horas em um ônibus de Macaúbas, no Centro-Sul do estado, até a capital. A estudante e blogueira se diz uma apaixonada por promoções. O gosto por bater perna é tanto que nem com um filho de cinco meses ela deixou o hábito de lado. O pequeno Luís Felipe conheceu a capital e rodou todo o Centro no colo da mãe. “Eu coloco ele aqui e a gente vai longe!”, exclama a jovem.Nádia está hospedada na casa de um tio no bairro do Campo Grande. Através de uma conta no Instagram, ela publica as melhores ofertas que encontra no percurso. Na loja onde encontrou com o CORREIO, ela olhava pranchinhas para alisar o cabelo. Além da pranchinha, Nádia também pretende procurar roupas para ela e para o bebê antes de terminar sua tour. Nádia Naiara veio de Macaúbas, no Centro-Sul da Bahia, para aproveitar a Black Friday em Salvador (Foto: Mauro Akiin Nassor/CORREIO) O empresário Paulo Motta, presidente do Sindilojas, disse que os descontos em Salvador devem chegar a 80%. “Vão depender muito dos lojistas, de como estão os estoques deles, os produtos que vendem. Essa data, que acaba se estendendo pelo final de semana, é muito positiva”.

Na Bahia, de acordo com o Sindilojas e a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), as vendas de novembro devem ser elevadas em 3% por causa do evento, isso porque muita gente não participa diretamente.

Bom para vender O mercado informal, por exemplo, entra nessa conta. Vendedor ambulante em frente a uma loja de grande porte na Avenida Sete de Setembro, Iran Nascimento, 32, garante que só não vai fazer nenhuma promoção porque os valores que cobra em seus produtos já são baratos. “Aqui é Black Friday o ano todo”, diz ele, que há cerca de 6 meses mantém o ponto junto com sua esposa, Jocileide Bastos, 33.

Até bem pouco tempo atrás, ele trabalhava como açougueiro em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. “Mas, a crise bateu e aí foi hora de procurar um jeito novo de ganhar dinheiro pra se sustentar”, conta. A solução foi herdar a guia de sua sogra e continuar o negócio da família.

Apesar de não fazer promoção, Iran aponta que o movimento em sua banquinha aumenta devido ao maior fluxo de pessoas na rua.“O povo quer comprar, né?! Aí compra uma geladeira aí na frente e depois aproveita para comprar uma capa de celular ou uma caixinha de som na mão da gente”, explica Iran. Iran espera vender mais com o movimento nesta sexta-feira (23) na Avenida Sete de Setembro (Foto: Mauro Akiin Nassor/CORREIO) Gerente regional das Casas Bahia, Edelvis Carvalho aponta que o segredo para boas vendas na Black Friday é “investir em realizar o sonho dos consumidores mesmo nesta época de crise”. A loja investiu em condições especiais de pagamento e descontos de até 70% no estoque.“Nos preparamos muito para essa Black Friday. Estamos acostumados com esse tipo de evento, fazemos um estudo de mercado para atender as necessidades do consumidor nesse momento de crise e poder realizar os sonhos”, contou.Dona Maria José Domingues já aproveitou para realizar o sonho nesta quinta-feira (22) mesmo. A meta da dona de casa era “transformar a sala de casa em cinema”. E para isso investiu em um televisor de 50 polegadas. “Chique, né?!”, indagava Maria José, enquanto mandava fotos com o preço do aparelho de TV para a filha e o marido. A TV é o presente de Natal da família.

Cuidado com a fraude O Procon da Bahia também está de olho na Black Friday para que não ocorram abusos. “Estamos com fiscalização nas lojas desde o início do mês, mas temos notado que os empresários têm mudado muito e melhorado sua relação com o cliente, respeitando-o mais”, disse Iratan Vilas Boas, diretor de fiscalização.

O advogado especializado em Defesa do Consumidor, Sérgio Tannuri, aconselha: “O cidadão deve pesquisar a reputação da loja, se ela possui denúncias ou reclamações (e se as solucionou) e observar também se a loja possui endereço físico e com canais de comunicação com o comprador, como chat, e-mail, números de telefone etc”. Também é importante comparar os preços e verificar se, de fato, o produto ofertado está mais barato.

Colaborou Yasmin Garrido* *Com supervisão da editora Mariana Rios