Bola cheia para Bahias e Atléticos

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  • Paulo Leandro

Publicado em 19 de maio de 2021 às 05:38

- Atualizado há 10 meses

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Sugeriu o virtual amigo, prof. Ed Samper, abordagem distinta do trivial sobre a finalíssima entre Bahia de Feira e Atlético de Alagoinhas, resultando na constatação de cena rica e plural, não de agora, seja por toponímia – estudo dos nomes - ou futebolística – estudo do futebol.

Começamos pelo fato de ser este o terceiro Bahia campeão, tendo o pioneiro, o Sport Bahia, levantado o título de 1911 – Vitória vice –, a exemplo do ocorrido com o Bahia de Feira, exatos 100 anos depois, em 2011, no Barradão.

Trata-se de um alvinegro, o Sport Bahia, campeão em últimos suspiros da primeira liga, alcunhada “dos brancos”, por excluir os “colored”, como os afrodescendentes eram apelidados, para não se precisar dizer “pretos”.

Coube ao ano de 1931 a volta do nome do estado aos píncaros, graças ao Esporte Clube Bahia, nutrido ao leite de Hera, mimo d’Oxum, da crônica, da federação, do mercado e da política, todos estes campos carentes de agremiação capaz de sustentar o campeonato em ocaso.

Já o Atlético, o de Alagoinhas, teve como antecessor também um alvinegro, o Atlético de Salvador, campeão de 1912 – Vitória vice –, no certame marcado pela transição para a nova liga hegemônica, chamada “dos pretinhos”, em generosidade restrita.

O Vitória – bivice 1911/1912, do primeiro Bahia e do primeiro Atlético – desistiu do campeonato, não por perseverar em tirar segundo lugar, e sim pelo desgosto por ter tomado a malta, seu brinquedinho inglês: a bola.

Só retornaria o Vitória em 1920, com o Campo da Graça, em década marcada pela curiosidade de ter, entre seus campeões, uma Athlética, quadro azulino da Associação, campeã de 1924, xará-mulher do atual time de Alagoinhas.

Não se tem notícia de agremiação campeã chamada Athlética, flexionando-se no gênero feminino, ao gerar teor inusitado, o fato de neste período, a mulher ser referida ‘bello sexo’ ou ‘sexo frágil’, exclusivo aos homens o dizer-se “atlético”, jamais uma mulher “atlética”.

Virando o jogo de nomes à geografia da bola, o interior faz presença na Seleção, com Senhor do Bonfim (Pedro Amorim e Bobô); Valença (Jorge Valença); Ilhéus (Aldair); Juazeiro (Luís Pereira); Irará (Dida); Santo Antônio de Jesus (Júnior Nagata); Nazaré (Vampeta)...

A força interiorana manifesta-se no Jequié de Dilermando, Pedro Pradera e Tanajura; Conquista de Naldo, Agra, Piolho; Fluminense, vários timaços, destacando-se João Daniel e Pinheirinho; a pujança de Ilhéus com o Vitória, o Flamengo, o Ilhéus e o campeão Colo Colo.

O Itabuna, vice-campeão de 1970; o mesmo Atlético, com grandes revelações, das quais despontam Merica e Dendê, contratados pelo Flamengo; o Serrano de Zó e Kel; o Ideal de Santo Amaro; a Catuense de seu Pena, contumaz fornecedora de craques ao Bahia...

O Leônico é o clube polinizador, por ter representado diversas cidades, em périplo nômade; e o Intermunicipal, a nossa Copa do Mundo baiano, com tantas e tantas revelações ofertadas aos clubes profissionais.

Então, vamos combinar, se é justo louvar o ineditismo desta finalíssima, podemos demonstrar ter demorado, pelos fundantes predicados do nosso valoroso interior baiano, não de súbito, mas em fértil crescente, desde a pioneira aparição, com o Fluminense de Feira, em 1954.

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.