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Da Redação
Publicado em 12 de março de 2020 às 10:32
- Atualizado há 2 anos
Instantes após leilão de abertura, o mecanismo de circuit breaker foi acionado na B3, com o Ibovespa cedendo 11,65%, aos 75.247,25 pontos. Trata-se da terceira vez esta semana que os negócios são paralisados, o que é algo histórico na Bolsa brasileira.>
Além da paralisação dos negócios à vista, o Ibovespa futuro continua sem negociação desde as 9 horas, quando o índice caía 5,18%, aos 76.365 pontos. >
Às 11h12, o Ibovespa caía 15,43%, a 72.026 pontos, quando foi acionado pela 2ª vez no dia o "circuit breaker".>
A aversão a risco nos mercados parece que veio para ficar e o que se vê é um movimento generalizado de perdas nas bolsas mundiais, onde várias já entraram em bear market, inclusive o Ibovespa. Depois de a Organização Mundial de Saúde (OMC) declarar que o coronavírus é uma pandemia, o medo entre investidores agravou-se após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspender viagens da Europa para o país.>
No Brasil, os casos confirmados da epidemia só estão aumentando, levando o Ministério da Saúde a traçar um cenário de contágio em espiral do coronavírus a partir da semana que vem. Além disso, internamente, há riscos fiscais e políticos que estão no radar.>
O Ibovespa futuro iniciou os negócios com forte perda e já travando os negócios com queda de 5,18%, aos 76.365 pontos, atingindo o limite de baixa. O dólar à vista, por sua vez, bateu R$ 5,00 e o Banco Central já realizou dois leilões de moeda à vista. As quedas na Europa e nos índices futuros norte-americanos aceleraram depois que o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de depósito em -0,50%. Esse clima deve contaminar a Bolsa brasileira, que pode ter seu terceiro circuit breaker acionado na semana, algo, se confirmado, histórico para uma semana.>
Quando isso acontece, a negociação fica suspensa por 30 minutos. Reabertos os negócios, caso a variação do Ibovespa atinja uma oscilação negativa de 15% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios são interrompidos por uma hora.>
O circuit breaker permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento das ordens de compra e de venda. Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 7,64%, a 85.171,13 pontos.>
Já bear market ocorre quando da máxima à mínima no ano a oscilação dos índices acionários supera 20% de baixa. Na B3, o teto de referência é o fechamento de 23 de janeiro. Naquela ocasião, o Ibovespa atingiu seu recorde em mais de 40 anos de existência, alcançando os 119.527,63 pontos e, oficialmente entrou nesse sistema na segunda-feira, dia 9, quando marcou 86 067,20 pontos.>
Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, a quinta-feira pode ser o pior dia para os mercados, sobretudo para os domésticos, que tendem a sofrer mais em relação ao exterior, como já vem acontecendo nos últimos dias. Além da tensão por conta das preocupações com a disseminação do coronavírus no mundo, o estrategista ressalta que o ambiente interno também não ajuda a limitar as perdas, ao fazer referência à decisão de ontem do Congresso.>
Ontem, o Parlamento derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que eleva o limite de renda familiar per capita para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O governo estima um impacto de R$ 217 bilhões em uma década com a derrubada do veto, sendo R$ 20 bilhões apenas este ano. "Já tem as preocupações por conta do coronavírus e, internamente, as coisas não ajudam", diz Laatus.>
"Os congressistas tiveram uma atitude irresponsável ainda mais neste momento. De onde vai tirar esse dinheiro?", questiona Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.>
Ao contrário da queda na faixa de 6%, o minério fechou em alta. No entanto, Monteiro ressalta que neste momento isso não significa nada, no sentido de impulsionar os negócios. "Não resolve nada, com as bolsas despencando e ADRs caindo mais de 10%, da Petrobras, em Nova York", cita. Os ADRs da Vale também cedem no pré-mercado norte-americano. >