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Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 11:08
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (22) que a política da Petrobras atende interesses de "alguns grupos do Brasil". Falando a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, ele ainda criticou o trabalho do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e falou da Lei de Responsabilidade Fiscal, afirmando que ela permite que em estado de calamidade a companhia "olhe para outros objetivos". “O petróleo é nosso? Ou é de um pequeno grupo no Brasil?”, questionou Bolsonaro.>
Na sexta, Bolsonaro afirmou que Castello Branco será substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, que é atual presidente da Itaipu Binacional. Sofrendo pressões por conta dos aumentos no combustível, ele diz que o reajuste precisa ser mais transparente e ter previsibilidade. >
“É sinal que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras, atender os interesses de alguns grupos do Brasil”, disse o presidente. “A Petrobras, em um estado de calamidade, de acordo com o artigo 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal, tem que olhar para outros objetivos também”, avaliou.>
Segundo o Valor Econômico, Bolsonaro disse que Silva e Luna tem feito um bom trabalho em Itaipu. Já o presidente da Petrobras foi duramente criticado por trabalhar remotamente durante a pandemia. “Isso é inadmissível. Imagine eu trabalhando de casa, com medo do covid?”, reclamou. “Pode até estar fazendo bom trabalho de casa, mas para mim não se justifica ausência da empresa”.>
Ele falou também no salário do presidente, afirmando que ele ganha mais de R$ 50 mil por semana, e sugeriu que os funcionários da Petrobras não são eficientes. "O ritmo de trabalho de muitos servidores lá está diferenciado".>
O presidente garantiu que não vai interferir na política de preços, mesmo em meio às críticas. “Mas não consigo entender num prazo de duas semanas ter reajuste em 15% (no diesel)”, afirmou. “Não foi esta a variação do dólar aqui dentro e do barril lá fora, tem coisa que tem que ser explicada. Eu não peço, eu exijo transparência de quem é subordinado meu, a Petrobras não é diferente”, disse.>
Bolsonaro se queixou que ninguém no governo está buscando soluções para reduzir o preço para o consumidor. “No fundo, ninguém fazia nada, eu tenho que descobrir sozinho isso. A gente vai mudar, mudanças teremos no governo sempre que se fizer necessário".>
Queda nas ações As ações da Petrobras começaram a semana com queda de 16%, puxando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que recuava mais de 4% logo após a abertura do mercado nesta segunda-feira, 22.>
Na Bolsa de Nova York, o American Depositary Receipts (ADR) da Petrobras, recibos de ações negociadas por lá, despencava mais de 16% no pré-mercado.>
A forte queda é uma reação do mercado financeiro à interferência do presidente Jair Bolsonaro no comando da petroleira. Na sexta-feira, ele indicou o general e ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna, atualmente diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, para assumir a presidência da Petrobras e um assento no conselho de administração da estatal. Antes mesmo do anúncio do nome, declarações de Bolsonaro provocaram pânico no mercado financeiro e as ações da empresa tiveram queda de quase 8%. Num único dia, a Petrobrás perdeu R$ 28,2 bilhões em valor de mercado.>
Até quinta-feira, a estatal estava cotada a R$ 383 bilhões, mas, após as falas do presidente da República, a empresa encerrou a semana valendo R$ 354,8 bilhões.>
Para membros do conselho de administração da Petrobrás, a mudança no comando da empresa é vista como inevitável. Alguns conselheiros da estatal estudam votar pela recondução do presidente Roberto Castello Branco, mas o estatuto dá poder à União para fazer a troca.>