Bota fora: lojas dão descontos de até 80% no começo do ano

Promoções de começo de ano já viraram tradição no comércio e podem ser uma boa oportunidade para levar produtos mais baratos

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  • Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Shopping da Bahia

A primeira semana de 2021 chegou trazendo as tradicionais promoções de começo de ano no comércio. Quem esperou a virada para fazer as compras pode aproveitar os descontos de até 80% praticados pelas lojas nessa época. A profissional de marketing Amanda Peixoto, 21 anos, soube ter paciência e, assim, economizar. Ela estava de olho em uma bolsa desde novembro de 2020, mas esperou o preço cair com o encerramento dos festejos de final de ano para levar o item para casa. 

“Queria comprar a bolsa para me presentear de Natal, mas ela estava fora do meu orçamento. Então, decidi esperar mais um pouco, sabia que iriam ter promoções em janeiro ou em fevereiro. Sempre tem pós Natal. Assim, comprei agora pra me presentear de aniversário”, conta a jovem, que ainda quer aproveitar os descontos para comprar outros produtos, dentre eles, alguns vinhos.

No período, nem todas as lojas oferecem o mesmo desconto, mas, no geral, os estabelecimentos reduzem os preços em até 70%, aponta o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze. “O comércio mantém a tradição de liquidação no começo do ano. O desconto de até 70% se tornou um padrão colocado nos últimos anos, mas isso varia de acordo com o setor”, informa.

A rede Magazine Luiza foge do padrão ao realizar uma queima de estoque com produtos com até 80% de desconto, pelo superapp, site e lojas físicas. Para evitar aglomerações, a Liquidação Fantástica do Magalu tem parte das ofertas diluída em quatro dias, começando na quinta-feira (7) e se estendendo até o domingo (10). O dia D do evento ocorre na sexta (8).

Um dos fatores que influenciam o percentual de desconto ofertado é a procura dos clientes, segundo o Diretor Jurídico do Sindicato dos Comerciários de Salvador, Alfredo Santiago. O material escolar, por exemplo, não sofre a redução do preço por ter seu pico de vendas no começo do ano com as matrículas escolares. Já as peças de vestuário comumente apresentam abatimento entre os meses de janeiro e fevereiro.

O estoque também pesa na hora de aplicar descontos nas peças, como explica o coordenador regional para o estado da Bahia da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio: “as lojas definem sua política de desconto no começo do ano com relação ao estoque de dezembro. Existem lojas que querem vender agora até pela questão de caixa e reduzem a margem de lucro”.

A pandemia também aumentou a discrepância entre os descontos em setores distintos. Segundo Dietze, a recuperação do comércio após o pico da pandemia em Salvador ocorre de forma assimétrica, assim, nem todas as lojas precisam baixar muito o preço para manter o caixa cheio. 

“Acredito que as lojas com produtos bem estocados devam praticar os 70% de abatimento, outros setores podem se beneficiar de outros formatos de desconto, como uma redução de 10% no valor para pagamento em débito, dinheiro ou PIX. Isso é importante para que o comerciante tenha dinheiro na mão de forma imediata na loja”, indica.

Descontos Alguns centros comerciais realizam promoções gerais. Entre a próxima sexta-feira (8) e o domingo (10), o Shopping Barra vai realizar a Lavagem do Barra, a primeira liquidação do ano. Os descontos só serão divulgados durante o período, mas já é possível encontrar ofertas no estabelecimento.  Na Caminata, um modelo da bolsa Luz da Lua está com 36,3% de desconto, saindo de R$ 769,90 por R$ 489,90. 

Até o próximo sábado (9), o Shopping Center Lapa promove o Saldão de Natal do Center Lapa com descontos de até 50% em diversas lojas. A Chilli Beans aderiu à ação, por lá, um óculos de sol de R$ 259,98 está R$ 129,99, um abatimento de 50%.

Os lojistas do Shopping Paralela estão com promoções pós-Natal de até 70% de desconto. Tanto a C&A, quanto a Riachuelo, praticam um saldo de até 60%. Na Mr Cat é possível achar produtos com até 50% do valor original.

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Mesmo sem ações promocionais do estabelecimento, é possível achar descontos de até 70% em lojas do Salvador Norte Shopping, especialmente no setor de moda. No centro de compras, é possível comprar uma calça jeans masculina por R$79,99 e duas saem por R$ 149,99 na Loja Polo Wear.

O Shopping Bela Vista não possui uma promoção específica, mas as lojas dão descontos, chegando a ultrapassar os 70% de abatimento. No estabelecimento, um vestido da Zinzane passou de R$129,99 para R$29,99, atingindo um desconto de 76,9%.

No Shopping da Bahia, as lojas também praticam descontos altos. Na Camicado, os produtos têm 50% de abatimento. A Bluk reduz em até 60% os preços dos seus itens.

Os descontos de até 70% também são encontrados em lojas do Shopping Itaigara, como na Loja Mee. No centro de compras também é possível levar blusas por R$39,90 na Rom e Nel.

Quem está procurando vestidos pode passar na loja Trampolim, do Shopping Piedade, onde um modelo longo está com 46,9% de desconto - de R$112,99 por R$59,99. Nas Óticas Carol do estabelecimento, uma armação de óculos de grau da marca VG passou de R$225 para R$180, um abatimento de 20%.

Descontos variados são encontrados no Shopping Paseo Itaigara. A loja Via Zappa, por exemplo, está com uma redução de preço entre 30% e 70%. Já um conjunto de berço com cômoda está com 40% de desconto na Barrigudinhas e Chorões.

O Salvador Shopping não realizou ações promocionais no centro de compras, mas os lojistas garantiram o desconto de até 70% dos clientes, como acontece na Hope. Na luz da lua, é possível encontrar itens até 50% mais baratos.

Nas Casas Bahia e no Pontofrio, o cliente pode encontrar descontos de até 70% tanto nas lojas físicas, quanto no site e aplicativo. As promoções de começo de ano duram até o próximo domingo (10).

Tradição O estudante João Marcelo Faria, 21 anos, é do time que deixa as compras para depois do Natal justamente pensando em aproveitar os preços mais baixos e escapar das multidões que lotam os shoppings antes dos festejos natalinos.

“Pego o dinheiro que eu recebo no natal e guardo para comprar depois porque as lojas têm sobras do Natal e o desconto é maior. O shopping ainda fica mais vazio depois da data, o que foi bom por causa da pandemia”, conta o estudante, que sempre compra roupas.

O pensamento de João Marcelo está correto. As promoções do começo de ano servem como um bota fora para o estoque e integram o calendário do comércio, afirma Piaggio. O coordenador da Abrasce acredita que os descontos conseguem atrair os clientes, que devem buscar ainda mais oportunidades de comprar barato em um ano com dificuldades econômicas.

Tradicionalmente, a temporada de descontos começa na primeira semana de janeiro se mantendo até o começo de fevereiro, segundo o consultor econômico da Fecomércio-BA. Todo ano parte dos clientes espera passar as festas de fim de ano para fazer as compras com abatimento, garante o Diretor Jurídico do Sindicato dos Comerciários de Salvador. “A ação consegue atrair os clientes porque existem pessoas que sabem que a demanda é maior que a oferta no final do ano, mas que os preços abaixam em janeiro”, diz Santiago.A ideia das promoções também é aproveitar o cliente que já vai ao comércio trocar os presentes de Natal para fazer novas vendas, como afirma Santiago. A maior tranquilidade para realizar as compras com as lojas mais vazias também é um atrativo para os consumidores.

Para esse ano, entretanto, a expectativa é que as vendas sejam menores do que em anos anteriores. “No começo do ano, terminou o auxílio emergencial, que sustentou o comércio no 2º semestre. Além disso, existem as incertezas trazidas pela segunda onda, como o risco do desemprego. Isso traz mais cautela”, explica Dietze. Por isso, ele ressalta que não adianta ter desconto se o produto não for essencial, como itens de farmácia.

Lojas de rua e e-commerce O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, acredita que a ida dos consumidores nas lojas físicas deve ser menor neste ano pela impossibilidade de aglomeração causada pela pandemia. “A previsão é de pouco entusiasmo. Não tenho visto nenhuma promoção muito agressiva no comércio como um todo. Com o problema para repor mercadoria, as compras de dezembro foram feitas de forma cuidadosa para evitar a grande formação de estoque”, comenta. Ele afirma ter observado descontos de até 50%.

Motta acredita que os maiores descontos devem ser observados nos e-commerces que, para ele, possuem um potencial de vendas maior em meio à pandemia. 

Já o consultor econômico da Fecomércio-BA aponta que os descontos de 70% também devem ser praticados nas lojas online, mas ressalta que o e-commerce tem particularidades podendo trazer preços diferentes. “Esse não é um período tradicional do e-commerce porque eles fazem promoções ao longo do ano. Entretanto, as vendas online serão uma saída para muita gente em 2021, inclusive para a liquidação”, afirma. Dietze aponta que as vendas nas lojas físicas vão superar as onlines nessa promoção de começo de ano. 

Já entre os estabelecimentos que ficam nos shoppings e as lojas de rua, o percentual de desconto deve se manter o mesmo, de até 70% no geral. Nesse ano, deve ocorrer uma migração dos shoppings para as ruas, acredita Santiago. 

“O público do shopping está comprometido pelas restrições no centro de compras. Existe uma ascensão das lojas de rua pelos custos mais altos praticados nos shoppings e a maior facilidade de negociar o valor do produto em estabelecimentos localizados nas ruas. O auxílio emergencial também traz essa migração”, afirma o diretor do Sindicato dos Comerciários de Salvador. 

Balanço de natal O setor do varejo calcula, com base em dados iniciais, que o período de natal registrou um crescimento de cerca de 2% nas vendas na Bahia e em Salvador na comparação com o mesmo período de 2019, o que é considerado um aumento tímido.

“Ainda não temos o balanço, mas, pelo que temos observado, o crescimento nas vendas pode até ter superado um pouco a expectativa de 2% a 3% na comparação com 2019. Alguns setores chegaram a ficar sem mercadoria para entrega”, afirma o Diretor Jurídico do Sindicato dos Comerciários de Salvador, sobre o cenário na capital.

Segundo Piaggio, os shoppings venderam em torno de 15% a menos em dezembro de 2020 na comparação com o mesmo mês de 2019. Apesar da redução, os dados apontam para uma retomada em boa velocidade, garante o coordenador da Abrasce. 

“Alguns segmentos, como telefonia e alimentação, venderam mais de em 2019. Mas outros, como a moda, foram sacrificados. Alguns outros setores que não existem em shopping, como o material de construção, também registraram aumento nas vendas de até 15%”, afirma Piaggio.

Segundo Dietze, a expectativa é que as vendas no comércio baiano cresçam em 4% em 2021 na comparação com 2020, o que não é suficiente para cobrir a queda projetada de 5,6% nas vendas do setor no ano passado. “Existem variações pequenas nesse cenário, mas é uma saída do fundo do poço de 2020. Os indicadores são parecidos para Salvador e Região Metropolitana”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA

Sem o Carnaval e as festas de verão, espera-se um comprometimento do comércio e dos serviços na capital. Piaggio relembra que os shoppings estão entre os três destinos para turistas em Salvador e devem sofrer com os impactos do cancelamento dos festejos. 

“Salvador é comércio e serviço, que são setores que impulsionam a economia. Sem a perspectiva de ter Carnaval, o desenvolvimento da economia da cidade pode estar comprometido”, afirma Santiago.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo