Brasil, o país ornitorrinco

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  • Aninha Franco

Publicado em 11 de julho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Brasil não é um país. É um ornitorrinco. Nele, políticos prometem “fazer muito e roubar pouco” (Liédio, presidente do PT em Laje do Muriaé, RJ), foragidos conseguem prisões domiciliares (Márcia Queiroz, a mulher de Queiroz), ministros da cultura e educação sepultam a “última flor do Lácio, inculta e bela” (Olavo Bilac) nas redes, e a melhor standing up do país é sua ex-presidenta por seis anos, Dilma Rousseff, criadora do Dilmês, a oralidade nunca antes vista em sua história política – apesar de Jânio Quadros – com o auto suicídio, a privatização da violência, a destruição da destruição, e o imbatível estocamento de vento que, transformado em meme pela Timbu Fun, recebeu 6.910.917 visualizações  até às 12:01 de 10/07/2020. 

Rousseff foi eleita por um ex-presidente que se orgulhou de nunca ter lido um livro na vida, e antecedeu um presidente – o atual – que ainda não manifestou orgulho pelo "mantenho distância da leitura", mas que pode estar guardando a declaração para um futuro próximo, numa live. Neste Brasil de poucos leitores e raros presidentes leitores, as notícias sobre corrupção abundam nos cadernos políticos. E a população paga uma das maiores tributações do planeta.  

Esses governos são republicanos? Bem, as eleições acontecem, regularmente, mas elegem políticos que prometem, publicamente, roubar pouco e roubam muito. E o repartimento do poder em três não garante comportamentos republicanos de nenhum dos três poderes. A única instituição que parece republicana no país, porque tenta proteger a Coisa Púbica dos salafrários que pululam, é a Lava Jato, não por acaso prensada por outros órgãos da “república”. Esses governos são monárquicos? Não! Os integrantes dos três poderes se comportam como reis, mas eles não podem ter sido escolhidos por Deus, apesar de se sucederem de pais para filhos. 

O Brasil é uma anarquia, então? De jeito nenhum. Anarquia é um sistema de autogoverno que, desconfio, o Brasil jamais conquistará. Teocracia? Também não. Apesar de dizer que gere o Rio de Janeiro “com Deus”, Crivella é um caso isolado. Quando ele se elegeu, transferi o livro Plano de Poder de Edir Macedo (Ed. Thomas Nelson, 2008) da estante de Prosa Mística para Brasil Poder, mas Crivella se reelegerá? Pois é, o Brasil não pode ser chamado de um país republicano, monárquico, anárquico, teocrático. Que país é o Brasil? É um país ornitorrinco que, como aquele mamífero que desafia as leis da natureza, desafia as leis dos sistemas políticos.