Brizola, o educador em tempo integral

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  • Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 06:30

- Atualizado há um ano

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Duas pessoas serviram de inspiração para que eu ingressasse na vida pública: o meu pai, Félix Mendonça, que nos deixou em 2020, e Leonel Brizola, falecido em 2004 e que completaria 100 anos de vida no último sábado, dia 22. Embora com trajetórias políticas distintas, os dois tinham paixões em comum: o amor pela pátria e a defesa da educação de qualidade como luta política. E nada melhor do que lembrar esses exemplos hoje, 24 de janeiro, Dia Internacional da Educação.

Quando meu pai pediu que eu entrasse na política e fosse candidato a deputado federal, há mais de dez anos, ele aconselhou priorizar iniciativas legislativas que resultassem em avanços no ensino público no Brasil, como tenho feito. É claro que o partido escolhido por mim foi aquele fundado por Brizola, o PDT, defensor inegociável da educação, do trabalhismo e do nacionalismo. Não era o partido do meu pai, que, pela amizade histórica com o senador Antonio Carlos Magalhães, permaneceu no DEM, mas Félix Mendonça, tal qual Brizola, era um democrata e respeitou a minha decisão. 

Desde que ingressou na vida pública, na década de 1940, Brizola se tornou um obcecado pela educação em tempo integral. Depois de ser prefeito de Porto Alegre, ele criou as chamadas “Brizoletas” quando assumiu o governo do Rio Grande do Sul, entre 1959 e 1963. Até hoje, esse modelo é lembrado por educadores em todo o país pela inovação e ousadia.

Nas “Brizoletas”, as crianças chegavam às 8h e saíam às 18h. Aprendiam as disciplinas da grade curricular, além de aulas de música e praticavam esportes. Também tinham direito à alimentação. As escolas faziam parte de um amplo projeto de alfabetização que Brizola implantou no Rio Grande do Sul, resultando na criação de 4,8 mil novas unidades de ensino e 526 mil novas matrículas.

Quando foi, pela primeira vez, governador do Rio de Janeiro, na década de 1980, Brizola tentou dar outro salto no modelo de educação em tempo integral e criou, junto com o vice Darcy Ribeiro, grande antropólogo, educador e pedetista, os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps). A proposta, que tinha inspiração no trabalho de educadores baianos como Anísio Teixeira, era oferecer um ensino com alto padrão de qualidade para os filhos dos mais pobres.

Quando uma criança ou adolescente passa o dia na escola, tem acesso a atividades curriculares e extracurriculares, e ficam mais longe dos perigos das ruas. Isso sem falar que garantem alimentação saudável e permitem que os pais possam trabalhar com mais tranquilidade. 

Esse legado de Brizola deveria servir de exemplo, inclusive na Bahia, onde esperamos que, em breve, a educação integral seja uma política de governo e se torne uma realidade, permitindo que o estado deixe de ter os piores índices na qualidade de ensino. Só com investimento maciço em educação é que deixaremos de ser o “gigante adormecido”. 

*Deputado federal e presidente do PDT da Bahia.