Butantan: falas do governo Bolsonaro contra China afetam liberação de insumos

Instituto diz que previsão de liberação caiu de 6 mil litros para 2 mil

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  • Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2021 às 11:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/TV Globo

A direção do Instituto Butantan acusou nesta quinta-feira (6) o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de afetar a liberar de insumos para o Brasil da China, por conta das declarações que faz sobre o país oriental. 

O diretor Dimas Covas afirmou pela manhã que a redução da quantidade de matéria-prima para vacinas que o instituto receberia da China, além dos adiamentos de prazo, são consequência da "falta de alinhamento" do governo federal. A previsão inicial era do Butantan receber 6 mil litros de insumos até o dia 10. Agora, serão 2 mil litros até o dia 13.

Dilmas esteve ao lado do governador João Doria para entrega de mais de 1 milhão de doses da Coronavac. "O insumo da principal vacina que vai no braço dos brasileiros vem da China", lembrou. O governo causou mal-estar com os chineses  "por sucessivas declarações desastrosas do ministro da economia, Paulo Guedes, e agora do presidente da república, Jair Bolsonaro".

A China fornece insumos par aprodução da Coronavac, mas também da vacina de Oxford, produzida pela Fiocruz. São as duas principais vacinas sendo usadas no país. 

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro insinuou que o novo coronavírus pode ter sido criado em laboratório para gerar uma "guerra química". Ele não citou diretamente a China, mas perguntou qual o único país que não teve queda no PIB no ano passado, numa alusão clara aos chineses.

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês", disse Bolsonaro.

Doria criticou as falas de Bolsonaro. "Isso causa profundo mal-estar na chancelaria chinesa e quero registrar como governador de São Paulo meu protesto com essas manifestações agressivas e desnecessárias ao governo da China, à produção das vacinas e a colocações que não contribuem à normalidade da entrega de IFA para vacinas. Tenho certeza que isso tem influência nos insumos da AstraZeneca".