Cabula oferece cultura e arte

Moradores encontram na própria região atrações culturais que resultam da produção local

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  • Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

O Cabula também tem cultura e arte. Seja na música, artesanato, dança ou teatro, são as muitas as manifestações que brotam no bairro. Os moradores podem aproveitar na própria região atrações culturais que resultam da produção local.

O músico e produtor Jair Rocha, 42 anos, destaca a importância da cena cultural no Cabula. “Temos grupos e bandas que fazem som dos mais diferentes estilos: reggae, rap, samba, pagode e black music”, afirma. Baterista da banda Manospreto, Jair divide o palco com seus irmãos Sérgio e Marcelo Rocha. O som é autoral, e foca o que chamou de “ritmo afro-urbano”. Ele também toca na  Seguidores Roots, banda de reggae, e é músico no grupo do cantor Victor Calmon, que aposta no funk music. 

Jair destaca outras bandas da região, como Jahdirá, Humanidade Unificada e os grupos de rap, muito presentes, segundo ele, na periferia. “A maioria das bandas toca no próprio bairro e nas regiões vizinhas”, informa o músico. Segundo ele, a população local gosta, apoia e tem participado. As apresentações geralmente acontecem em quadras de condomínios residenciais, em bares e nas ruas, em vias sem muito trânsito.

Arte-educação Um projeto de arte-educação, socioambiental e musical contemporâneo. Assim pode ser definida a Escola de Educação Percussiva Integral (EEPI), localizada no Cabula. Idealizada pelo percussionista Wilson Café, foi instalada na região em 2003 e hoje proporciona ensino fundamental aliado à música, dança, teatro e outras artes. Tem como mola mestre a percussão, interagindo com os avanços tecnológicos.  Wilson Café (Foto: Divulgação) De acordo com Café, atualmente o projeto tem 80 jovens, entre 12 e 16 anos que, ao longo de quatro semestres, contam com uma matriz curricular que envolve oficina da palavra (português), matemática e música, processos tecnológicos (informática), cinegrafia, áudio e vídeo, filosofia, meio ambiente, história e cidadania, artes plásticas, grafite, solfejo (dicção), expressão corporal (dança, capoeira e teatro), música (teoria e prática) e percussão (leitura rítmica).

“O tambor leva sua linguagem, sua sonoridade, sua fé e ancestralidade. E esta comunicação vai muito  além do que muitos imaginam. Não é uma escola para que o aluno toque tambor aleatoriamente. A história é conhecer sua origem, o que se toca, como se toca, e como pode desenvolver, através do tambor, uma visão empreendedora”, explica Café.

Utilizando-se de elementos e manifestações culturais do folclore, fusão de gêneros e ritmos nordestinos, brasileiros e caribenhos, a escola mantém um repertório popular. Conta também com uma companhia percussiva, composta de outras artes, como a dança e o teatro, envolvendo  iluminação, figurinos e cenografia.

Um grupo de jovens da escola realizou a primeira turnê internacional em 2008. Eles se apresentaram em Madrid, e nos carnavais de Calatayud e Cádiz, com apoio da Secretaria General Iberoamericana (SEGIB). Outros ex-alunos estão em cursos universitários ou já atuando profissionalmente, inclusive em outros estados e países, a exemplo de Jorge Cipriano, que vem atuando na ópera O Rei Leão, em Londres.“O tambor leva sua linguagem, sua sonoridade, sua fé e ancestralidade. E esta comunicação vai muito  além do que muitos imaginam. Não é uma escola para que o aluno toque tambor aleatoriamente. A história é conhecer sua origem, o que se toca, como se toca, e como pode desenvolver, através do tambor, uma visão empreendedora”, explica Café.Local de referência A Universidade do Estado da Bahia (Uneb), cuja sede está localizada no Cabula, é um dos pontos de referência para cultura e arte no bairro, em função das ações e projetos que são desenvolvidos pela instituição, muitos deles em parceria com grupos e outras entidades. Muitas das atividades são abertas à comunidade, que tem participado ativamente. “São inúmeros os projetos desenvolvidos e que contam com a presença da comunidade externa”, informa a assessora especial de Cultura e Artes da Uneb, Isa Faria Trigo.

Todas as atividades culturais da Uneb, como shows, espetáculos, cursos formativos, palestras, e outros eventos, são divulgadas para a comunidade, segundo a assessora. Recentemente, por exemplo, o Balé Teatro Castro Alves (BTCA) realizou duas apresentações no campus da Universidade, abertas ao público externo.

No projeto artístico denominado Urbis in Motus, a companhia pública de dança da Bahia uniu dança, vídeo e intervenção urbana, discutindo sobre preconceitos. Um dos principais projetos desenvolvimentos pela Uneb, com participação das comunidades interna e externa da Universidade, é a Expotudo, uma iniciativa composta por eventos e ações formativas na área cultural e artística. A quinta edição do evento será realizada entre os dias dois e quatro de maio, no campus do Cabula, e vai abordar o tema “Sem você meu amor, eu não sou ninguém”.

Na última edição, foi mostrada a diversidade da produção em arte, cultura, economia criativa e sustentabilidade desenvolvida na Uneb e na comunidade do Cabula e entorno, com mostras de fotografia, poesia e curtas, debates sobre políticas culturais, participação de artistas populares e realização do concurso Miss e Mister da Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI). “A Universidade é um grande canal fomentador de processos e de manifestações culturais e artísticas do estado”, afirmou Isa Trigo.

Coro  O Coro Oyá Igbalé: Música Sacra de Matriz Africana, da Uneb, montará dois espetáculos este ano: Águas de Flor e Caboclos - Amor e Devoção. Para isso, está selecionando 10 cantores voluntários. Podem participar da seleção pessoas com idade mínima de dezoito anos. Os candidatos não precisam ter experiência em canto ou ter participado de outros corais. Os ensaios acontecem sempre às quintas-feiras das 13h30 às 17h. Os interessados podem realizar a inscrição no endereço eletrônico sge.uneb. br até o dia 10. O Coro Oyá Igbalé montará dois novos espetáculos (Foto: Cindi Rios/Divulgação) O processo seletivo consiste em três etapas: pré-seleção dos candidatos mediante análise dos formulários, entrevista e audição. Os selecionados na primeira etapa terão a possibilidade de participar de oficina de canto para se preparar para a audição. O projeto, coordenado pelos professores Julice Oliveira e Francisco Sales, é vinculado ao Grupo de Estudos em Estética e Contracultura (GEEC) e ao Grupo de Estudos e Pesquisas da Memória Afro-baiana (GEEPMAB), e possui como parceiros institucionais o Departamento de Educação (DEDC) do Campus I. A iniciativa defende a difusão e popularização responsável da música sacra afro-brasileira. Mais informações pelo email [email protected].

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