Cachorro no cinema: exagero Petfriendly ou boa opção para os pets?

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 21 de julho de 2019 às 09:00

- Atualizado há um ano

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Todos ao cinema: cães pegam fila para sessão Petfriendly em shopping de Natal (Foto: Cine Pet / Divulgação) Neste domingo, mais conhecido como hoje, um evento no Parque da Cidade e promovido por uma marca de ração prometia uma experiência inédita para os cães de Salvador: um festival de cinema a céu aberto Petfriendly. Na telona, filmes criados em parceria com o DOGTV - primeiro e único canal de televisão desenvolvido especialmente para os cães.

“Os espectadores de quatro patas poderão assistir ao conteúdo em um tapetinho Fofuchão, que é 100% algodão”, anunciava a produção do evento. Até pipoca desenvolvida para os cães seria servida. Infelizmente, não tivemos a oportunidade de comparecer. Considero a iniciativa válida, principalmente por ser a céu aberto, em um parque e com a presença de outros cães para socializar.

Mas, será que algum cachorro prestou a atenção no filme? Bom, os cães, de fato, interagem com alguns tipos de conteúdos na TV. Mas, acredito que isso só aconteça nas salas ou quartos de suas casas, sem que outros cachorros ou qualquer outra coisa muito mais interessante (cheiros, barulhos, movimentos) interfira na atenção deles.

Por isso, para além de eventos a céu aberto como esse, a presença de cães em salas de cinema é vista com certo receio por especialistas em comportamento animal. Em alguns estados como São Paulo e Rio Grande do Norte, já há experiências de sessões de cinema Petfriendly. No último dia 14, o portal Uol fez a cobertura completa de uma sessão na capital paulista com 50 cães. Para o Cãogaceiro aqui, tudo vale a pena se o cachorro, de alguma forma, está sendo beneficiado. Mas, vamos a quem entende do assunto. Sessão com 50 cães em cinema de São Paulo mereceu matéria no Uol (Foto: Reprodução) O veterinário, treinador de cães e especialista em comportamento canino, Rafael Ramos, não vê muito sentido na iniciativa. “Uma coisa é você estar dentro de casa e colocar um filme para seu cachorro interagir. Ali ele está livre para fazer o que quiser. Outra coisa é ‘obrigar’ ele a ficar em um ambiente confinado e parado durante duas horas, em um evento que interessa exclusivamente a você, humano”, pondera Rafael.

“O som também pode incomodar a audição canina porque foi feito para a audição humana. Se os cachorros latirem, o que certamente vai acontecer, vai atrapalhar a sessão. Muitos também podem fazer xixi no carpete. Então, eu não só não vejo vantagens para o cachorro como vejo também desvantagens”, afirma.

O adestrador e também especialista em comportamento canino, Lucimário Reis, concorda com Rafael. “Eu particularmente não sou a favor por diversos motivos. O cão pode se sentir em pânico com o som alto e a luz apagada. No geral, os cães não se sentem seguros em ambientes fechados”, explica Lucimário. “Tem também os outros cães, o barulho das pessoas interagindo, o som do saco de pipoca, tudo isso vai incomodar o cachorro”. Em Natal, sessões Petfriendly são adaptadas com som mais baixo e luz ambiente (Foto: Cine Pet / Divulgação) Mas, para o caso de ambientes adaptados, há especialistas que não enxergam problema. No Rio Grande do Norte, um grupo de tutores criou o Cine Pet, que, em parceria com uma sala de cinema, realiza sessões Petfriendly a cada dois meses. Os cães e seus donos entram até na fila para comprar os ingressos. Lurdinha Amaral, que criou o Cine Pet, diz que as sessões são acompanhadas por veterinários e os cães são preparados por adestradores.

Somente os cachorros que se sentem à vontade participam. A educadora canina e adestradora positiva Nathalie Roque, que participa do projeto, diz que o ambiente é todo preparado para receber os cães e que os tutores são orientados sobre como se portar em relação aos ambientes Petfriendly, como evitar conflitos e minimizar qualquer estresse que o animal possa sentir.

“A temperatura do ar e a altura do som são regulados para evitar desconfortos e passam pela orientação e aprovação de uma veterinária”, garante a adestradora. “Na avaliação, consideramos se o cão fica confortável com outros animais, com sons e ambientes fechados. Caso o cão demostre qualquer desconforto, pedimos que ele e o dono se retirem. Daí ele pode optar passar pelo acompanhamento de um adestrador para preparar o cão para aquele ambiente”, explica.

Bem, ouvindo ambos os lados, eu fico até na dúvida. E vocês, o que pensam? Opinem no perfil @lampiaocaogaceiro no Instagram. Todos sabem que sou um dos maiores defensores de que, cada vez mais, os cães estejam junto com seus donos em ambientes que antes eram apenas de humanos. Mas, uma coisa é certa: o bem-estar do cachorro tem que estar em primeiro lugar antes de se escolher o local Petfriendly a se frequentar.