Cada um tem seu tempo, mas quando você respira fora do armário é libertador 

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2022 às 05:30

- Atualizado há um ano

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Ser uma pessoa LGBTQIAP+ não é fácil. No Brasil, é mais difícil ainda. Ostentar as cores da diversidade publicamente numa sociedade preconceituosa e violenta é uma decisão que exige muito mais do que a vontade de ‘sair do armário’. Eu, desde que me entendo por gente, tenho certeza da minha sexualidade, mas sempre fui condicionado a escondê-la.  A pressão da família, dos colegas de trabalho e o medo da rejeição são forças que nos empurram sempre de volta para a escuridão da solidão. 

Se você for uma pessoa heterossexual que estiver lendo esse texto, talvez, você nunca entenda o quão é difícil ter que esconder (até de você mesmo) quem você é. Sim, o primeiro processo de saída do armário é interno. Esse, pra mim, foi o mais doloroso e também o mais libertador. Lembro como se fosse hoje da sensação que tive quando falei em voz alta, aos 18 anos, para uma amiga que eu era gay. Senti como se a partir daquele momento eu tivesse virado uma chave de libertação. Tirar as amarras dos pensamentos é um fardo a menos para se carregar. Me senti mais leve. 

Infelizmente, as realidades familiares impedem que essa virada de chave aconteça com maior tranquilidade dentro de casa. O que agrava - na maior parte dos casos e no meu foi assim - é que sempre tem uma pessoa fofoqueira que vai lá fazer o fuxico e abrir a porta do seu armário. Aí vira aquele momento de tensão. Minha mãe foi parar até no hospital. Demorou uns seis meses para processar na mente que a imagem que eu vendia socialmente não era a que eu me encaixava. Hoje, passados os dramas da descoberta, é minha maior incentivadora e unha e carne com meu marido. 

Nem todas as famílias (ou no trabalho, ou escola) são acolhedoras. Muitas pessoas optam por assumir sua sexualidade, inclusive, quando se tornam adultas e provedoras da família por saber que a revelação da sexualidade significa ser extirpada (o/e) do acolhimento fraternal.  É uma saída que não é possível para todes - a exemplo de muitos homens que são hetero para a sociedade, mas que vivem uma segunda realidade sexual nos ‘encontros no sigilo’.

Se você estiver no armário não se cobre para sair de lá desesperadamente. Saia quando for seguro. Saia quando for possível. Saia no seu tempo.  Quando sair, saiba que, apesar das tensões, é maravilhoso respirar com a certeza de estar bem consigo. Ahase no seu tempo, se cuide e seja feliz!

*Jorge Gauthier é jornalista, gay, autor do primeiro canal LGBTQIA+ do jornal @correio24horas. Acesse o @me_salte