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Campanha estimula leitores a 'esquecerem' livros em locais públicos


 

Mobilização nacional Esqueça um Livro e Espalhe Conhecimento marcou o Dia do Escritor em Salvador

  • Naiana Ribeiro

Publicado em 25/07/2018 às 20:53:00
Atualizado em 18/04/2023 às 16:53:06
. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O que você faz com os livros que já leu? Já parou para pensar que, muitas vezes, nossos livros ficam em estantes e armários e o conhecimento fica parado? Pensando nisso, uma campanha nacional convida leitores a “esquecerem” livros em lugares públicos pelas ruas.

A iniciativa Esqueça um Livro e Espalhe Conhecimento foi divulgada através das redes socias e do aplicativo de mensagens WhatsApp e tem como principal objetivo incentivar a leitura e o compartilhamento de conhecimento. Em Salvador, três pontos receberam ações do projeto nesta quarta-feira (25), Dia do Escritor: a Estação da Lapa, o Largo Dois de Julho e a Praça da Revolução, em Periperi.

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A Estação da Lapa virou uma verdadeira biblioteca pública ao ar livre. Desde cedo, agentes da Fundação Gregório de Mattos (FGM) deixaram exemplares nos bancos dos ônibus e em pontos estratégicos. Também aconteceram atividades, entre elas performances e recitais, para divulgar o projeto. Nas plataformas do subsolo da estação, no Térreo, o Circo de Um Homem Só se apresentou; enquanto, em frente acesso ao metrô, o grupo História de Raiz falou sobre a importância dos livros e da leitura. Os alunos do Projeto Dom Quixote também realizaram dinâmicas e performances para difundir a importância da leitura. 

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Foram distribuídos mais de 2 mil livros, que foram arrecadados na FGM, além de outras centenas, que as próprias pessoas deixaram pela cidade.. A advogada Dinorá Oliveira, 65 anos, por exemplo, ficou sabendo da campanha através do WhatsApp. Como já tinha marcado de encontrar uma amiga na Praça da Sé, resolveu deixar dois livros nos vagões do metrô de Salvador. "Achei a campanha maravilhosa. Além de um incentivo à leitura e à educação, é também uma forma de mostrar que o conhecimento é de todo mundo", falou ela, que separou dois livros sobre Mata Atlântica para doar, ou melhor, "esquecer" pelo seu trajeto. "Deixei um bilhete para quem pegar ver que aquilo não é algo perdido. É seu!", completou. Dinorá Oliveira, 65 anos, deixou bilhetes nos livros para os próximos leitores (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A estudante de Humanidades Stephany Figueiredo, 22, por sua vez, estava no meio de um dia corrido, quando recebeu um livro de um agente. "Tinha visto nas redes sociais e acho a iniciativa importante. É uma forma de despertar a cultura da leitura. Além disso, divulga essa ideia de passar adiante. Hoje, alguns livros são caros, então acaba sendo uma forma de economizar. Melhor do que guardar um momente de papel", opinou.  A estudante Stephany Figueiredo recebeu um livro no metrô (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Quem também não tirou o sorriso da boca foi a estudante Daira Ruane Rodrigues, 6. Ela saia do metrô com a mãe, a vendedora Daiane Santos, 28, quando viu um palhaço. Não tirou o olho de o livro Escola Mágica, recheado de imagens e cores. "Estou aprendendo a ler agora. Adoro ouvir histórias e um dia quero contar pra alguém", contou. Daira Ruane Rodrigues, 6, e a mãe, Daiane Santos, 28 (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Sua mãe, Daiane, acabou ficando com um livro que achou numa cadeira. Assim que finalizar a leitura, ela disse que irá escrever um recado e deixá-lo em algum lugar para um próximo leitor. "Às vezes, você acaba falando uma coisa que o outro precisa ler através de um bilhete", ressaltou.

Cortejo No Largo Dois de Julho, a ação teve ainda um cortejo poético puxado pela turma da Sociedade Unificadora de Professores (SUP), com a participação especial do repentista e cordelista Bule-Bule, que distribuiu livros nos bancos da praça, nos pontos de ônibus do entorno e circulando desde o Largo do Mocambinho até chegar no Largo. Bule-bule participou de cortejo (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) "As pessoas que por ali passaram se sentiram incentivadas a fazer a doação e de espalhar o conhecimento. Não é só você deixar os livros, mas também sensibilizar as pessoas a divirem conhecimento. A gente quer estimular as pessoas a circularem os livros que estão em suas casas, possibilitando a leitura deles por um número maior de pessoas. Desde o ano passado, a prefeitura de Salvador, através da FGM, percebeu que já estava na hora de Salvador se envolver nesse movimento, uma vez que São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília já fazem isso", explicou Jane Palma, gerente de Bibliotecas e Promoção do Livro e da Leitura da Fundação. 

Em comemoração ao Dia do Escritor, a FGM também promoveu, desde o dia 13, encontros de autores com as comunidades de Salvador, como Escada, Calafate, Calabar e Cidade Nova, uma maneira da ação passear pelos bairros da cidade e apresentar os escritores dessas regiões. 

Como participar A campanha Esqueça um Livro e Espalhe Conhecimento começou em abril de 2013, em São Paulo, pela iniciativa individual do jornalista Felipe Brandão e foi inspirada no conceito de BookCrossing, criado nos EUA no começo dos anos 2000. Busca ainda ser contínua e diária.

Para participar do movimento, basta deixar um livro em qualquer lugar da cidade (ônibus, metrô, elevador, banco de praça) com um bilhete para o futuro dono ter a certeza de que pode ficar com o objeto encontrado e a sugestão de que ele também participe da campanha. A FGM sugere que tanto quem “esqueça”, quanto quem encontre os livros publique fotos e relatos em suas redes sociais com as hashtags #fizmaisumamigo e #esqueçaumlivro.