Capa com homenagem a Salvador rende premiação internacional ao CORREIO

SND elegeu melhores do design jornalístico da Espanha, Portugal e América Latina

Uma foto não planejada, feita entre 5h e 6h, no Dique do Tororó, em uma manhã de fevereiro deste ano, parece não ter trazido à toa os tons predominantemente dourados. O clique despretensioso, feito pela editora adjunta de Fotografia do CORREIO, Sora Maia, aliado às expressões que só se vê por aqui, virou capa do caderno especial produzido pelo jornal em homenagem aos 469 anos de Salvador e levou, esta semana, a Medalha de Ouro da mais importante entidade que promove o design jornalístico no mundo.

A imagem – segundo a autora, fruto de um "bom momento de luz" – somada à montagem executada pela editoria de Arte, além de contribuição conceitual de parte da equipe do CORREIO, rendeu ao jornal o Prêmio ÑH2018, promovido pela SND (Society for News Design), e que escolheu os melhores trabalhos visuais para periódicos da Espanha, Portugal e América Latina.

O resultado foi divulgado site do ÑH2018, que é uma extensão 'latino-europeia' do Best of Newspaper Design, concurso da SND – premiação de design editorial mais importante do mundo –, cujo CORREIO já foi tricampeão, na edição de 2011, quando levou a melhor em três categorias.

[Ainda nesta quinta-feira, o CORREIO também levou outra importante premiação internacional: o Latam Digital Media Awards, um dos mais reconhecidos prêmios de mídia do mundo, organizado pela Associação Mundial de Jornais e Editores (WAN-Ifra), em Bogotá, na Colômbia. Saiba mais] 

Concepção Conforme a editora Mariana Rios, responsável pela seção Minha Bahia, a produção do especial foi um processo que envolveu toda a redação. "Nossa editora-chefe, Linda Bezerra, convocou a todos. Ela pediu que nós enviássemos ideias de pautas sobre a cidade. As ideias foram refinadas por nossos chefes de reportagem, Jorge Gauthier e Perla Ribeiro", explicou Mariana, que coordenou a cobertura do especial. O trabalho contou com 11 reportagens, além de um caderno com 11 páginas só de fotografias."Os repórteres executaram essas pautas, que sintetizavam Salvador. Na hora de decidir a capa, lembro que Divo Araújo [editor de fechamento] pediu que nós, da editoria [Minha Bahia], tocássemos a produção. Ele disse: 'essa capa é mais de vocês do que minha'. Iansã [Negrão, editora de arte] nos instigou a sugerir dez palavras que fossem simbólicas. No final, ela [Iansã] explicou que seis expressões foram suficientes", recordou a editora.Liberdade para criar A liberdade para pensar e inovar nas produções das capas, segundo a editora de arte Iansã Negrão, é um ponto positivo no resultado das peças. Ao recordar o processo de criação da capa premiada, Iansã pontuou que foi mais um momento que a editoria teve para "experimentar"."O mais importante é saber que o CORREIO tem o histórico de fazer capas tipo pôsteres, algo que o próprio formato berliner já possibilita. E a experiência com o aniversário de Salvador é sempre uma boa oportunidade. Temos sempre a liberdade de experimentar. Já usamos tintas, e até capas totalmente ilustradas", destacou Iansã.Para ela, o prêmio latino-europeu é um reconhecimento "justo". "A gente fica muito feliz de ganhar como capa. Vi a foto e cheguei aqui com essa ideia da capa dupla, sugeri e a galera [da editoria] comprou [a ideia], e foi isso. É um reconhecimento justo", completou. CORREIO levou medalha de ouro com capa Aniversário de Salvador, de 29 março de 2018 (clique para ver os premiados) A sub-editora de Arte, Morgana Miranda, que também participou da produção, disse que "a ideia de Iansã surgiu a partir da foto de Sora". E completou: "O aniversário de Salvador é sempre algo que a gente pensa em fazer uma coisa especial, diferente".

A produção do especial, comentou Sora Maia, já faz parte do calendário da fotografia e da arte do CORREIO há pelo menos cinco anos."Estou feliz com essa conquista, porque não planejei a foto. Foi feita bem cedinho, quando a luz é muito boa. Eu estava ali para fotografar árvores, mas quando vi, não pude perder a oportunidade. Nem imaginei que seria capa", relatou Sora, em referência ao material que produziu para o caderno especial do aniversário da cidade."[O especial] é algo que fazemos há umas cinco edições, do legado de Sérgio Costa [ex-diretor de redação, morto em 2016]. É um trabalho que fazemos em parceria com o pessoal da arte. Nessa capa específica, que é semi-dupla, porque tem uma coluninha, a [editoria de] Arte foi bem generosa, teve sensibilidade. Só vi a capa no dia seguinte e fiquei bem feliz. Sobre o prêmio, é muito banaca ter esse reconhecimento de pessoas de outros países".

Editor de fechamento do CORREIO, Divo Araújo afirmou que a capa é o resultado final de um trabalho integralmente executado em equipe. "Desde o pensamento das pautas, resportagens, seleção das fotos, o trabalho da equipe de Arte, até a concepção final, de Linda Bezerra e Roberto Gazzi [diretor de Jornalismo e Mídias Digitais]", declarou.

Tema O chefe de reportagem Jorge Gauthier também comemorou o resultado e falou sobre o processo de escolha da temática para o 29 de março. "Pensar em um tema especial para a edição especial do aniversário de Salvador é um grande desafio. Esse ano busquei referências diversas para conseguir ter a ideia que pudesse nortear o caderno. Foi um trabalho feito de forma conjunta com toda a equipe, que refletiu em uma das melhores que já produzimos. A capa foi a grande 'cereja' do bolo de aniversário que oferecemos para nossos leitores. Ela sintetizou todo o espírito e esforço da equipe", comentou.

O júri do ÑH2018 se reuniu em Buenos Aires, na Argentina, para escolher as melhores publicações – que recebem medalhas de ouro, prata e bronze. Também na categoria capa, em diferentes seções, outros dois veículos brasileiros receberam ouro. São eles: os jornais O Estado de São Paulo, com a capa "Por que parou" (semanários nacionais), e o Extra, com a capa "Marielle" (semanários populares). A lista completa de medalhas será anunciada no site do prêmio nessa sexta-feira (16).