Casa onde morreu João Pedro tem 72 marcas de tiro nas paredes

'Polícia quer forjar uma situação, não tinha bandido', diz pai do adolescente de 14 anos

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  • Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2020 às 09:45

- Atualizado há um ano

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72 buracos de bala foram encontrados nas paredes da casa onde o menino João Pedro, de 14 anos, brincava com dois primos quando foi morto por uma ação policial. A contagem foi realizada por líderes comunitários do bairro de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. As informações são do jornal Extra.

Ontem, o pai do adolescente, o comerciante Neilton Matos, voltou a afirmar que a Polícia Civil forjou uma versão sobre a ação. Em entrevista virtual ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, ele negou que criminosos tenham invadido a residência, como sustentam os policiais que participaram da operação.

"A polícia quer forjar uma situação. Não tinha bandido. Entraram na casa e atiraram duas granadas. Além dos tiros. Só tinha adolescentes de família", afirmou.

Segundo a versão contada à Polícia Civil pelos agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que participaram da operação, traficantes teriam invadido a casa, atirado e jogado granadas contra os policiais, que revidaram. 

"Quem tirou o sonho do meu filho foi a polícia. João Pedro não estava na rua em confronto. Estava dentro de uma casa, de um lar. Ninguém tem o direito de entrar na casa de alguém e tirar a vida de um jovem de 14 anos", lamentou. 

"Creio na justiça, principalmente na de Deus. Se, aqui, a justiça não for feita, a de Deus será, mas esperamos que seja cumprida aqui. Meu filho tinha sonhos, já sabia o que queria. Queria ser advogado e ele tinha condições para isso. Um filho com notas boas, sem notas vermelhas, um menino 100%", comentou.

Amigos e parentes do adolescente também questionaram a apreensão dos celulares dos três jovens que estavam na casa, inclusive o de João Pedro. Rafaela Cassiano, amiga da vítima, cobrou, numa rede social, uma explicação sobre os aparelhos. 

“Quem vai investigar? Levaram o celular do João Pedro. Levaram os celulares dos meninos que estavam juntos. Para quê? Já iniciaram uma investigação entre eles ou então começaram ali mesmo a destruição de provas concretas de um assassinato?”, indagou.

O delegado Allan Duarte, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, que investiga o caso, já ouviu o depoimento de três policiais civis e de duas testemunhas. Segundo o delegado, os agentes descartaram qualquer envolvimento dos jovens que estavam dentro da residência com traficantes em fuga.