Cáscio Cardoso: Árbitro de vidro

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  • Da Redação

Publicado em 13 de março de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

Na última quinta-feira, em Vasco 1x1 Vitória, pela Copa do Brasil, o lateral-esquerdo Euller, do time baiano, foi expulso após uma falta que não existiu. Ao fazer movimento de perna em direção a Kevin, do time carioca, o defensor rubro-negro deu a brecha que a maioria dos atletas (em especial brasileiros, argentinos e uruguaios) sonham: “a consagração da simulação”. Kelvin se espatifou no chão como se fosse atingido por uma carreta. Foi aquele fuzuê. Elmo Alves Resende Cunha, sem pestanejar, sacou o cartão amarelo e, na sequência, o vermelho, deixando o Leão com 10 homens em campo.No dia anterior, lá na Catalunha, o árbitro alemão Deniz Aytekin deu um pênalti que não aconteceu, em Luís Suárez, do Barcelona, contribuindo para  que a equipe espanhola conseguisse a histórica virada em cima do PSG na UEFA Champions League. Isso na “enésima” vez em que o atacante uruguaio mergulhou na área e levantou olhando para o árbitro com “boca de me dê”.  Em 1962 (!), Nilton Santos (!!), da Seleção Brasileira, em uma Copa do Mundo, fez pênalti no espanhol Enrique Collar, mas ao dar dois passos pra frente, logo após o apito da infração, enganou o árbitro Sérgio Bustamante, induzindo-o a marcar falta fora da área. Detalhe: entre os muitos motivos mais nobres, Nilton Santos sempre foi festejado por essa “malandragem genial”. Até porque essa pimenta caiu nos olhos dos outros.Enfim, jogos e times prejudicados pela arbitragem não são novidade. O que precisa ser mais debatido é: por mais que existam árbitros que erram de propósito (alô, Edilson Pereira de Carvalho), outros que erram porque são ruins ou que erram apenas por estarem em uma jornada infeliz, é fato que todos já erraram por serem, insistentemente, induzidos a isso. A cultura da “maladragem”, do “levar vantagem a qualquer preço” está forte no futebol e transforma qualquer jogo profissional em um episódio de covardia, onde 22 atletas, dezenas de suplentes, auxiliares, técnicos e milhares de torcedores estão trabalhando contra um indivíduo: o árbitro. É um drama em “looping” eterno, pois em vez de se organizarem para melhorar o nível da arbitragem, combaterem as simulações e dissimulações (pragas arraigadas desde as categorias de base), em vez de serem mais honestos, clubes e profissionais se incomodam com esse tema apenas quando é o deles na que entra “na reta”. Se o árbitro errar vergonhosamente a favor, dizem que não viram, como fez Eduardo Baptista, técnico do Palmeiras, ao ser questionado sobre a expulsão de Gabriel, do Corinthians, evidentemente equivocada, no clássico paulista em fevereiro passado. Clubes são vítimas deles mesmos. Então, não dá pra ter pena de time grande prejudicado pela arbitragem (incluindo os nossos Bahia e Vitória). Não se importam em ajudar o trabalho do árbitro. Inclusive, em alguns casos, os erros que vão contra os próprios clubes, apesar da revolta e dos prejuízos causados, se tornam muletas para muitos deles justificarem seus fracassos. É mais confortável ter um culpado eterno em “stand by”.Por tudo isso, mesmo com a tecnologia se estabelecendo para contribuir com o trabalho da arbitragem, se a cultura da malandragem não for combatida logo, o “mundo do futebol” vai descobrir maneiras de ludibriar o juiz e seus auxiliares novamente. E o “chororô” geral vai continuar. Não adianta ter árbitro de vídeo enquanto todo mundo desejar árbitro de vidro, aquele que é forçado até quebrar.