Casório coletivo une 20 casais em Salvador: 'Sonho da vida inteira'

CSU de Valéria foi palco do 'sim'; cerimônia foi gratuita para pombinhos

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  • Tailane Muniz

Publicado em 31 de outubro de 2017 às 14:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Uma hora de atraso da noiva, nervosismo do noivo - que aguardava, ansioso, no altar -, marcha nupcial para a entrada e uma longa cerimônia celebrada por um padre. Pode até ser que a maioria dos casamentos ocorram dentro destas expectativas, mas, na manhã desta terça-feira (31), no Centro Social Urbano (CSU) de Valéria, em Salvador, a tradição foi vivenciada em grupo.

Sem pagar nada, 20 casais celebraram, oficialmente, o casamento. O evento, que reuniu dezenas de familiares e amigos dos noivos, foi promovido pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) para casais que não tinham condições de bancar os altos custos de uma cerimônia.

Não teve a tradicional marcha nupcial, mas os noivos foram embalados pelas músicas que marcaram suas respectivas histórias de amor, pontualmente, às 9h. Com direito a nervosismo, ansiedade e muito amor, a dona de casa Renata Oliveira, 39 anos, viveu o momento mais esperado de sua vida.  Renata Oliveira e Antônio Jorge estão juntos há mais de 25 anos (Foto: Marina Silva/CORREIO) Ao lado do parceiro, o técnico em refrigeração Antônio Jorge Santos, 42, há 25 anos, ela conta que apesar da convivência, sempre quis casar."É o sonho de uma vida inteira. Eu sempre quis casar com ele assim, vestida de noiva, com todo mundo aqui", disse, sem disfarçar a alegria.Pais de dois filhos, de 22 e 10 anos, que assistiram à cerimônia, eles foram um dos primeiros casais a dizer 'sim' um ao outro. Os noivos moram no bairro da Palestina e nunca conseguiram colocar os gastos do casamento frente aos demais compromissos financeiros da família. "Vontade, pelo menos de mim, nunca faltou", completou Renata.

Com riso tímido, Antônio Jorge confessou que nunca pensou em casar na igreja, mas, diante da oportunidade, aceitou realizar o sonho da esposa. "A gente vai vivendo e vai passando essa coisa de casamento. Eu nunca pensei, mas agora eu estou muito feliz, foi bom demais", acrescentou ele.

O fato de ter vivivo este momento ao lado de outras noivas e noivos, segundo o casal, só tornou o momento melhor. "A experiência foi incrível. A gente [noivas] conversou muito, enfim, uma emoção grande", lembra Renata.

Há cinco anos com o companheiro, a doméstica Ana Carla Santana, 30, finalmente disse 'sim' no altar. Ela e o pintor Adilton Bispo, 43, já dividem a mesma casa e, juntos, criam a filha de Ana, fruto de um relacionamento anterior, que tem cinco anos. Ana contou que os dois se conheceram há mais de dez anos, mas só começaram a se relacionar anos depois.

"Estamos muito felizes, porque há muito tempo a gente queria realizar esse sonho. E só agora isso foi possível", contou a doméstica. O marido, Adilton, afirmou que a vontade sempre foi a mesma. E a lua de mel é o próximo passo, segundo Ana. "A gente está planejando tudo, sim, só não pode ser agora", relatou, aos risos. O próximo plano do casal é ter uma filhinha.

O dia também foi de festa para a dona de casa Rosana Apolinária Oliveira, 26, e o caldeireiro Adonis Silva Santos, 30. Juntos há 13 anos, o casamento é significa apenas mais um laço para os recém casados. "Eu fiquei nervosa, parecia a primeira vez que disse sim para ele, mas na verdade já são muitos anos de convivência, um momento único", afirmou Rosana. "Nosso maior planejamanto é ser feliz", acrescentou Adonis. Rosana e Adonis estão juntos há 13 anos (Foto: Marina Silva/CORREIO) Economia Conforme o titular da SJDHDS, secretário Carlos Martins, a ideia do evento era fazer uma integração da comunidade e da família. "Eu quero parabenizar a todos os casais, desejar que sejam felizes e aproveitem esse momento tão importante na vida do ser humano", afirmou aos noivos, antes da celebração.

O coordenador do CSU de Valéria, Gabriel Ribeiro, explicou que 38 casais de baixa renda, dos bairros de Valéria e Palestina, que já conviviam na condição de companheiros, se inscreveram para a seleção no CSU. Durante o processo, inteiramente gratuito, bastava apresentar documentação: RG, Certidão de Nascimento, comprovante de residência e, no caso dos divorciados, Certidão de Casamento com averbação do divórcio. 

Caso fossem pagar pelo matrimônio, os casais teriam de desembolsar, apenas com documentação, um total de R$ 369,54. Estão inclusos aí a habilitação de casamento ou de conversão da união estável em casamento, incluindo-se preparo de papéis, lavratura do assento, certidão respectiva (não incluídas as despesas com publicação de editais), ao custo de R$ 173,82; assento de casamento, vista de certidão de habilitação de outro cartório (inclusa a certidão), por R$ 130,41; e, por fim, registro ou inscrição de casamento religioso com efeito civil ou de união estável (inclusa a certidão), custando R$ 65,31, de acordo com tabela do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

O casamento coletivo é uma parceria com o Cartório do Subdistrito de Valéria e a Coordenação de Administração dos Centros Sociais Urbanos da SJDHDS.