Cenas da Cidade aos olhos de José Morea

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  • Cesar Romero

Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 05:04

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Obra do espanhol José Morea na Galeria Cañizares (foto/divulgação) Em cartaz na Galeria Cañizares da Escola de Belas Artes da UFBA, a exposição Uma longa Viagem do espanhol José Morea. A visitação fica até 22 de fevereiro. O tema é Salvador. A exposição do artista ocupa os três espaços da galeria. No primeiro e no segundo estão pinturas em papel, coladas às paredes. Tem grandes dimensões e se aproximam do grafite. Os materiais são “humildes”, a pintura não é preciosista, a sofisticação está longe. Paisagens, personagens urbanos, números, letras, frases, riscaduras, animais se adonam do espaço. Tintas diluídas, pinceladas apressadas e pingos de cor. Não segue uma linha definida, uma nova situação pode gerar uma outra imagem e não se importa se contradiz o quadro anterior. Não se deixa intimidar por técnicas apuradas.

Na terceira sala, pinturas em papéis A4 e estas são mais configuradas, surgem rostos em frontalidade de homens e mulheres, com insinuações de triângulos, corações, seios, chifres, palavras, com tintas mais encorpadas, figura centralizada. A cor em Morea é quase monocromática, pequenas variações de cores, acendem o espaço.

José Morea é natural da cidade de Chiva, na província espanhola de Valência, nascido no ano de 1951, iniciou-se em artes plásticas em 1975. Cinco anos depois viaja o mundo, montando atelier em diferentes países. Descobriu Salvador, quando o calor do verão baiano lhe ajudou a criar. Teve três endereços para conceber suas produções – bairros de São Cristóvão, Ribeira e Nazaré. Por ser tão itinerante, José Morea conhece bem a diversidade e complexidade de Salvador. Anda pela cidade com olhos atentos, buscando motivos para sua arte e entender as gentes.

O artista nasceu numa família de camponeses, povo simples e talvez essa liberdade criativa venha de sua origem, das vivências com a família no campo.

Nesta exposição José Morea, traz um olhar estrangeiro para filtrar a cultura baiana, o que faz com grande sabedoria. Seguindo uma tendência expressionista com personagens deformados, distorcidos, ele ainda agrega gestos desses personagens no produto final, quando dá por acabada a pintura.

Sua formação foi o autodidatismo, até receber uma bolsa para estudos em Madrid, em 1973, num momento de plena efervescência cultural nas artes, principalmente no cinema, com a abertura politica. Assim Morea se aculturou, começou a ver a Arte de maneira mais profunda e conhecer os movimentos artísticos.

José Morea, como poucos sabe usar as transfigurações, e buscou a alma do soteropolitano. Fugiu do olhar fácil, do pitoresco, do folcloroso, para imprimir sua marca na essência do povo da Bahia.