Cenas de Carnaval: o futuro

A nova geração e a sucessão da axé music

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 06:07

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Robson Mendes/16.2.2010/Arquivo Correio

A crise que se instaurou sobre a axé music, principalmente na década de 2010, chegou a um ponto que não pôde mais ser ignorada. E, obviamente, o Carnaval como ápice anual do ritmo musical/cultural sentiu esse baque, até porque foi o grande catalisador tanto da era de ouro da indústria como a principal demonstração de sua derrocada. E um dos grandes problemas da axé music foi a falta de sucessores dos grandes artistas, que comandaram e comandam o Carnaval há décadas. Depois de Claudia Leitte, no início da década de 2000, Saulo Fernandes se tornou a única referência do estilo. Entrou na Banda EVA em 2002, mas só decolou mesmo no final da década, a partir de uma mudança de perfil do grupo. Ainda hoje, não há ninguém que siga o caminho de Saulo, que, em carreira solo, ainda se afastou um pouco do axé, rumo ao pop, uma fonte bebida aqui e ali por Claudia e Ivete Sangalo.  Assim, a grande ‘novidade’ da axé music acaba sendo a carreira solo de cantores como Bell Marques e Durval Lélys, que não deixa de ser uma continuidade dos seus trabalhos no Chiclete com Banana e no Asa de Águia, respectivamente. Já o pagode contou com uma renovação maior, até porque o terreno era fértil, com poucos grupos estabilizados (apenas o Harmonia do Samba e o É O Tchan, nem sempre em alta). Aí apareceram Psirico, Parangolé (de onde Léo Santana voou para carreira solo) e, mais recentemente, Igor Kannário e La Fúria.  A indústria, por sua vez, buscou saída no fortalecimento dos camarotes como um espaço praticamente independente do Carnaval, cheios de shows de música sertaneja, enquanto os blocos, em sua maioria, veem no público LGBT+ a menina dos olhos atualmente, sobretudo aqueles puxados por mulheres. Enquanto isso, o povo vai ganhando espaço com os trios sem corda e alternativos, seja dando fôlego a velhos ídolos - como Luiz Caldas e Moraes Moreira - ou cultuando gente nova, como a Baiana System. 

*Cenas de Carnaval é um oferecimento do Bradesco, com patrocínio do Hapvida e apoio da Claro, Fieb, Salvador Shopping, Vinci Airports e Unijorge