Cenas de Carnaval: Timbalada

Tambores e alegria pintados de branco

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Luiz Hermano/25.02.1995 /Arquivo CORREIO
Denny no Carnaval 2016 por Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

Uma sequência de eventos não planejados acabou fazendo surgir um dos grupos  mais contagiantes do Carnaval soteropolitano. Não só um grupo: a Timbalada é um movimento. E que, durante mais de duas décadas, fez ferver as ruas por onde passava. Se hoje o grupo buscar um lugar ao Sol após mais uma tentativa de se reinventar, em 1990, a Timbalada nem esse nome tinha. Com intenção de tirar as crianças do Candeal da marginalidade e aperfeiçoar os músicas da banda Vem QuemTem, Carlinhos Brown passou a fazer ensaios ao ar livre. Conversa vai, conversa vem e o vencedor do Grammy Sérgio Mendes convidou aquela trupe para participar de um disco nos EUA.  Até ali, nada de pintura corporal. Com apenas 10% dos instrumentistas originais - eram 400, acreditem -  e oito vocalistas, o grupo costumava usar ternos brancos. Aí o mestre Pintado do Bongô esqueceu o seu antes de tocar na festa Soltando os Cachorros, no antigo Bahia Othon Palace Hotel. Pediu para pintarem ele de branco e surgiram os traços que fazem um timbaleiro - seja espectador, fã ou músico - ser reconhecido em qualquer lugar. A década de 90 foi da Timbalada, reconheçamos. Começou o Carnaval sem bloco e inventando o Arrastão. Em 95, na sua estreia com cordas, carrega uma multidão consigo. Vale lembrar que a banda aumentava sua percussão para desfilar.  E aí vieram vários de sucessos que faziam as ruas de Salvador tremerem: Mimar Você, Margarida Perfumada, Água Mineral, Meia Hora, A Latinha, Zorra... O próprio trio da Timbalada era uma atração, quase um carro alegórico. Tinha mulheres dançando pintadas nos cantos, uma iluminação quase psicodélica e laser sendo projetado nos prédios do circuito. De longe já dava pra ver - e ouvir - a banda chegando. Naquele tempo, era só dar um grito ‘Timbalada’, emulando um dos vocalistas, em qualquer praia baiana que alguém respondia: ‘Aê!’.  Os anos 2000 vieram, a banda teve um momento conturbado e ganhou nova força com Denny como único vocalista. O cantor partiu para carreira solo em meados de 2017 e a Timbalada ainda busca se encontrar com seus três cantores atuais: Buja Ferreira, Paula Sanffer e Rafa Chagas.  Em tempos em que fazer axé music já é cada vez mais complicado para quem já está nas ruas há bastante tempo, é um desafio e tanto para o trio.

*Cenas de Carnaval é um oferecimento do Bradesco, com patrocínio do Hapvida e apoio da Vinci Airports, Fieb, Salvador Shopping, Unijorge, Claro, Itaipava Arena Fonte Nova e Sebrae