Centrão critica Bolsonaro após saída de Teich e apoio é reavaliado

Lideranças da ala de congressistas estão preocupadas com queda de popularidade

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  • Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2020 às 15:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: José Cruz/Arquivo ABr

Lideranças do Centrão criticaram o presidente Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (15), após Nelson Teich anunciar o pedido de demissão do Ministério da Saúde. Os ''pitos" indicam que a ala de parlamentares ainda não fechou questão sobre a adesão ao governo Bolsonaro, que negocia apoios no Congresso.

Um dos primeiros a criticar foi o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), que divulgou uma nota criticando os "impulsos" de Bolsonaro na condução da crise do novo coronavírus, que levaram à saída de mais um ministro em menos de um mês.

Segundo o Estadão Conteúdo, representantes do grupo no Congresso já afirmam, nos bastidores, que será muito difícil apoiar Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto, partidos como o PL também intensificaram as negociações para ocupar pastas no Ministério da Saúde.

"Saiu quem não tinha entrado. Nesta sexta, 15, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo, mas, não sei se alguém percebeu, já não fazia diferença", disse o deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade.

Após afirmar que Teich era constantemente desautorizado por Bolsonaro, Paulinho partiu para o ataque ao chefe do Executivo. "Duvido que alguém consiga fazer o presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o isolamento social é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI. O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e com os impulsos de Jair Bolsonaro."

A avaliação é compartilhada por outros partidos que integram o Centrão. "Diante das imposições do presidente, só topará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com a medicina. O pedido de demissão do ministro demonstrou que ele tem", afirmou o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

Uma hora depois da demissão de Teich, a empresa AP Exata captou que a rejeição a Bolsonaro nas redes sociais chegou a 65% - um aumento de 11 pontos em relação ao período anterior a esse cenário. O presidente vem perdendo apoio nas mídias digitais desde o início do ano, mas enfrentou os piores momentos recentemente, com as saídas de Sérgio Moro, ex-titular da Justiça, e de Luiz Henrique Mandetta, que comandava o Ministério da Saúde antes de Teich.

Como informou o Estadão na quarta-feira, o PL de Valdemar Costa Neto deverá ocupar a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério que estava nas mãos de Teich. A mudança de posto na Secretaria, em meio ao pico da covid-19, ocorre após a demissão de Francisco de Assis Figueiredo, que havia sido indicado para o cargo pelo Progressistas, partido do deputado Arthur Lira (AL).

O PL chegou a negociar nomes para a Secretaria de Vigilância em Saúde, pasta estratégica para formular ações sobre o avanço da covid-19 no Brasil, como orientações de isolamento social. A Secretaria de Atenção Especializada, no entanto, é mais atrativa - porque autoriza o custeio (habilitação) de leitos de UTI em todo o País, além de certificar entidades que fazem serviços complementares ao SUS - e virou o novo alvo do partido.